Esporte

Confederação Brasileira de Kungfu Wushu (CBKW) investe em estruturação para promoção da modalidade

Entidade tem atuado na coordenação dos eventos e aposta em novos talentos para competições internacionais

Kungfu: com mais de 31 anos de existência, a entidade criada em 9 de maio de 1992 já é oficialmente reconhecida pelos principais órgãos do ramo esportivo (Anadolu Agency/Getty Images)

Kungfu: com mais de 31 anos de existência, a entidade criada em 9 de maio de 1992 já é oficialmente reconhecida pelos principais órgãos do ramo esportivo (Anadolu Agency/Getty Images)

Vinicius Lordello
Vinicius Lordello

Especialista em Gestão de Reputação e Crises no Esporte

Publicado em 14 de julho de 2023 às 18h23.

Última atualização em 14 de julho de 2023 às 19h12.

Surgido na China há mais de 4 mil anos, o Kungfu Wushu é uma arte marcial que incorpora diferentes tipos de socos, chutes, quedas e torções, podendo também ser praticado com armas que variam de bastões de madeira a lanças de metais.

Além do modelo tradicional, o desporto também apresenta uma série de outras modalidades específicas como o Taolu esportivo, que utiliza das filosofias do Wushu para realizar técnicas coreografadas, o Sanda, que proporciona um combate desarmado entre dois competidores, o Shuaijiao, estilo de luta focado em movimentos de projeção, e o Qigong-saúde, modalidade mais inclusiva que ministra exercícios de respiração.

Conquistando cada vez mais adeptos ao redor do globo, no Brasil, a grande responsabilidade de difundir esta arte milenar se encontra nas mãos da CBKW, a Confederação Brasileira de Kungfu Wushu.

Com mais de 31 anos de existência, a entidade criada em 9 de maio de 1992 já é oficialmente reconhecida pelos principais órgãos do ramo esportivo, como a Federação Internacional de Wushu (IWUF), a Federação Pan-americana de Wushu (PAWF), a Federação Internacional de Qigong-saúde (IHQF), a e também pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB).

Divulgando, coordenando e auxiliando na realização de eventos, campeonatos e demais atividades ligadas à modalidade em todo o país, a CBKW conta com representantes em 22 estados brasileiros e é atualmente presidida pelo ex-atleta e campeão internacional de Kungfu Wushu, Rafael Rodrigues Uliani, que assumiu a frente da Confederação em 2020.

Desafios da estruturação

Os desafios administrativos enfrentados no início da gestão, entretanto, foram ainda mais severos devido à propagação de um novo vírus altamente transmissível que culminou na transformação permanente de diversos âmbitos da sociedade, influenciando, também, na maneira de se praticar o esporte.

A diretoria da CBKW deu, ainda, um importante passo com a criação de um comitê técnico marcado por um sistema de decisão compartilhada e também com o lançamento do Ranking Nacional de Atletas de Wushu, ferramenta de comunicação que oferece um panorama geral sobre os competidores que pode ser usado como critério para os processos seletivos para a participação de eventos internacionais.

Estimulando a presença dos atletas nas tomadas de decisões técnicas da modalidade, o próprio ranking nacional traz objetividade e transparência para o processo de seleção dos atletas. Essas ações estimulam os praticantes a desejarem participações internacionais. Além disso, a CBKW nesse período instituiu o Conselho de Ética, o conselho administrativo, o Superior Tribunal de Justiça Desportivo e a Ouvidoria, todos órgãos independentes

Marcus Vinicius Fernandes Alves, secretário-geral da Confederação Brasileira de Kungfu Wushu, aponta que o objetivo foi “extirpar qualquer possibilidade do interesse pessoal de algum dirigente ser determinante em alguma decisão para a modalidade. Isso foi e ainda é um dos mantras do nosso dia a dia”.

Essas ações garantem a condução íntegra da modalidade, além de serem base para qualquer entidade. “Todas as entidades esportivas deveriam de debruçar primeiro na governança, processos e questões administrativas, pois elas são a base para a boa gestão do recurso e o encaminhamento justo profissional do crescimento da modalidade”, completa o gestor.

Com o cancelamento de todos os processos seletivos voltados para as competições nacionais e internacionais durante o ano de 2021, em função da pandemia, a CBKW optou por priorizar os projetos virtuais e a regulamentação das diretrizes administrativas condizentes à liga esportiva.

Sendo assim, além das duas edições do Encontro Online CBKW, que contou com palestras curtas seguidas de atividades práticas segmentadas nas especificidades de cada modalidade da arte marcial, a entidade intensificou os processos de adequação estatutária e investiu no aprimoramento de cursos de formação para árbitros brasileiros

Também a partir de 2021, houve a implementação de um sistema de pontuação totalmente eletrônico, permitindo a obtenção de informações em tempo real, fornecendo mais agilidade na finalização das notas e tornando o ambiente de disputa ainda mais transparente aos atletas. “A transmissão em tempo real permitiu que a competição pudesse ser acompanhada simultaneamente em todo o Brasil, favorecendo a divulgação do esporte perante autoridades, canais de mídia e público em geral”, ressaltou o presidente da CBKW, Rafael Uliani.

Ainda em 2022, o país foi escolhido para sediar a 13ª edição do Campeonato Pan-Americano de Wushu em Brasília (DF), principal competição da modalidade no continente que é realizada a cada dois anos sob a chancela da Federação Pan-Americana de Wushu (PAWF).

Recebendo mais de 400 participantes de 15 países distintos, o evento contou com o apoio da Secretaria de Esporte e Lazer do Distrito Federal (SELDF) e marcou a retomada dos eventos internacionais pertencentes à modalidade. O ano também foi marcado pelo 3° Campeonato Nordeste de Kungfu Wushu, pelo 6º Campeonato Brasileiro Universitário de Wushu e pelo carro-chefe da CBKW, o 32° Campeonato Brasileiro de Kungfu Wushu que, desta vez, foi celebrado na cidade de Goiânia e registrou a maior adesão já presenciada na competição nacional, contando com a participação de 570 atletas de 20 estados distintos.

“A criação do Ranking CBKW, assim como a reestruturação do processo seletivo realizada em 2020, apontou uma maior valorização do Campeonato Brasileiro pelos atletas, técnicos e público geral. Assim, além de contribuir para elevar o nível da competição nacional, estimulando novas promessas da modalidade e dando continuidade à valorização de um legado, a grande quantidade de atletas que têm integrado a seleção brasileira de Wushu nos últimos anos revela que caminhamos em direção a um próspero futuro no Brasil”, enfatiza o presidente Rafael Uliani.

Agora, em meados de 2023, todas as expectativas se voltam para a realização do 33° Campeonato Brasileiro de Kungfu Wushu, previsto para acontecer entre os dias 6 e 10 de setembro na cidade de Bombinhas (SC).

Proporcionando tantas possibilidades quanto oportunidades, o evento chega com a premissa de reiterar a responsabilidade de seus organizadores em promover e preservar um patrimônio milenar que tem muito a ensinar a todos os seus praticantes e adeptos.

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