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Quem é o brasileiro no Conselho Consultivo de resíduos da ONU e quais as expectativas para o País

Carlos Silva Filho está entre os 13 membros do Conselho da ONU. Em entrevista à EXAME, executivo explica como novidade espera melhorar a gestão de resíduos sólidos no Brasil e no mundo

Carlos Silva Filho, presidente da Abrelpe e ISWA, integra conselho da ONU (//Reprodução)

Carlos Silva Filho, presidente da Abrelpe e ISWA, integra conselho da ONU (//Reprodução)

Marina Filippe
Marina Filippe

Repórter de ESG

Publicado em 24 de abril de 2023 às 07h05.

A Organização das Nações Unidas (ONU) pretende dar mais foco ao desafio da gestão de resíduos a partir da criação de um Conselho Consultivo recém-anunciado. Para o Brasil, a boa notícia é a participação de Carlos Silva Filho, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) e presidente da International Solid Waste Association (ISWA) entre os 13 membros convidados pelo secretário-geral da ONU, Antonio Guterres. 

"A criação do Conselho Consultivo é um ótimo sinal para a pauta da gestão de resíduos. E, como brasileiro, vejo vantagens para o País, pois a experiência do Brasil é a regra do mundo, que é ainda deficiente no tema e precisa avançar. Pretendo levar nossas boas práticas e aprender com outros países lições para implementarmos aqui", disse Carlos Silva Filho em entrevista à EXAME.

O Conselho Consultivo é fruto da Resolução aprovada pela Assembleia Geral em dezembro de 2022, que instituiu o Dia Internacional de Zero Resíduos, com o objetivo de incentivar a prevenção e minimização do desperdício, assegurar a gestão adequada dos resíduos e promover uma mudança social em direção a um sistema de economia circular. O executivo é o primeiro brasileiro a compor um grupo da ONU com foco nas discussões de uma agenda prioritária para a gestão adequada de resíduos sólidos e economia circular.

“O Conselho terá um papel importante a desempenhar no apoio às iniciativas de conscientização e promovam ações para estimular a redução dos desperdícios e viabilizem modelos adequados e sustentáveis para a gestão dos resíduos, de forma a avançar rumo à Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, comenta.

Segundo ele, a primeira reunião do Conselho é prevista para setembro. "Em 22 de dezembro do ano passado, a Turquia apresentou uma proposta de resolução para promover ações de desperdício zero, considerando o processo de produção e consumo, a implementação da economia circular e a redução da geração de resíduos no mundo. A resolução foi aprovada por 102 países e, em março, o Conselho Consultivo foi criado. Ter uma reunião esperada para setembro é um bom sinal do interesse da ONU no tema, pois é um prazo relativamente rápido devido a complexidade da organização", afirma Carlos.

Gestão de resíduos sólidos

O executivo afirma ainda que bons exemplos já estão sendo observados. "A representante da Turquia apresentou projetos como de redução de desperdício de alimentos após feiras livres, assim como da criação de um sistema para o melhor aproveitamento de resíduos têxteis. Para se ter ideia, no Brasil temos 82 milhões de toneladas de resíduos descartados pela população ao ano, sendo 5% deles têxteis. Isto é, temos a oportunidade de destinar milhões de toneladas de roupas para quem mais precisa".

Para o plano de ação, há a expectativa da apresentação, ainda este ano, de um Atlas Global dos Resíduos Sólidos. O documento terá o  cálculo do impacto da gestão no clima, saúde, biodiversidade e mais. "A partir do documento teremos um guia com recomendações das práticas necessárias para mobilizar os países e promover mudanças a partir do peso de uma coalização formada pela ONU", finaliza Carlos.

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