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ISA CTEEP apoia novo projeto de créditos de carbono para preservação de 40 mil hectares na Amazônia

Em expansão do seu Programa Conexão Jaguar, a companhia de transmissão de energia elétrica financia a iniciativa por meio de um aporte de R$ 1,2 milhão em um fundo da gestora de investimentos Perfin

A área no entorno do Rio Muru, no Acre, é alvo de desmatamento e abriga parte da biodiversidade do bioma (Gabriel Caram/Perfin/Divulgação)

A área no entorno do Rio Muru, no Acre, é alvo de desmatamento e abriga parte da biodiversidade do bioma (Gabriel Caram/Perfin/Divulgação)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 19 de setembro de 2024 às 11h17.

Última atualização em 19 de setembro de 2024 às 15h25.

A ISA CTEEP, companhia de transmissão de energia do Brasil, anunciou apoio a um novo projeto REDD+ para a preservação de 40 mil hectares da floresta amazônica às margens do Rio Muru, nos municípios de Feijó e Tarauacá, no Acre. A iniciativa visa à geração de créditos de carbono para a redução de emissões e faz parte da expansão do “Conexão Jaguar”, um programa de conservação da biodiversidade e desenvolvimento de comunidades locais na América Latina, com foco na recuperação e conexão do habitat da onça-pintada.

Com atuação desde 2019, o programa já alavancou ações na Colômbia, no Peru e, no Brasil, esteve à frente do primeiro projeto REDD+ certificado no Pantanal, realizado pelo Instituto Homem Pantaneiro. Ana Carolina David, gerente de comunicação e sustentabilidade da ISA CTEEP, contou à EXAME que o primeiro 'case' foi um sucesso e que a meta agora é avançar para que o programa alcance 20 iniciativas de conservação na região até 2030.

Em expansão no Brasil, desta vez o bioma escolhido foi a Amazônia, e a preservação da área é realizada por meio de um aporte de R$ 1,2 milhão em um fundo da gestora de investimentos brasileira Perfin. “Para escalar, precisamos de parceiros de integridade para fazer uma ampla diligência. Entramos com o apoio, como um capital semente. Existem muitos proprietários de terras que não sabem por onde começar, e nosso objetivo é fornecer apoio técnico e econômico para alavancar”, destacou Ana.

A área foi adquirida pela Perfin em 2022, e as iniciativas de preservação estão em andamento desde então, com foco em reduzir o desmatamento e proteger pelo menos sete espécies de plantas e 29 espécies de animais identificadas com algum grau de ameaça na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), incluindo mamíferos como a anta, o cachorro-de-orelhas-curtas, a pacarana e a própria onça-pintada. Para acompanhar a evolução, é utilizado monitoramento remoto por satélite. 

Alexandre Bossi, sócio da Perfin Infra Administração de Recursos, explicou à EXAME que o primeiro pilar em que atuam é a compra da área (parte regulatória e fundiária), o segundo é a fauna e flora (monitoramento e análise das espécies existentes e seu nível de ameaça de extinção), o terceiro é a estocagem de carbono (mantendo a floresta em pé), e o último é a comunidade (gerando impacto positivo para as pessoas que interagem e vivem no local).

Créditos de carbono

O próximo passo do fundo será gerar créditos de carbono e buscar o retorno para os investidores, explicou. Por enquanto, ainda não há compradores, pois a Perfin não tem conhecimento da quantidade exata dos créditos e está aguardando a certificação da Verra, prevista para o próximo trimestre deste ano. “Estimamos um retorno entre 15% e 25% ao ano em dólar desalavancado. O fundo tem duas áreas, que somam esses 40 mil hectares, e todo ano conseguimos certificar os créditos para gerar receita. Quando tivermos a certificação, acreditamos que será fácil vendê-los. As empresas querem fazer a lição de casa e vão querer estar vinculadas”, destacou Alexandre.

Neste mercado, cada crédito equivale a uma tonelada de carbono evitada, e a compra por outros players ajudaria na redução e neutralidade de suas emissões de gases de efeito estufa.

Além de considerar que a Amazônia é o segundo bioma com maior presença da onça-pintada, atrás apenas do Pantanal, a ISA CTEEP e a Perfin também consideraram a enorme pressão de desmatamento na região. Só em 2023, foram perdidos 1.245 hectares de floresta por dia, o que equivale a oito árvores por segundo, de acordo com o relatório anual do MapBiomas.

No ano passado, a ISA CTEEP visitou o local e fez uma análise da fauna e flora da floresta. “Precisamos considerar a preservação e os créditos de carbono como uma janela de oportunidade. A COP16 da biodiversidade será na América Latina (Colômbia), e a COP30 no Brasil. Ou seja, precisamos avançar nesse mercado, pois será peça-chave para garantir segurança jurídica, tanto para empresas quanto para investidores”, disse Ana.

Alexandre complementa que a regulamentação do mercado de carbono é urgente e o Brasil precisa ser exemplo para o mundo. “Se pegarmos o mapa global, a maior floresta em pé é a nossa. Se analisarmos estudos internacionais, o Brasil seria o grande vencedor da regulamentação. Somos crédito positivo, pois nossa matriz é predominantemente limpa. Mas, se nós, que temos todo o interesse em fazer isso, ainda não conseguimos, não será outro país que irá fazer”, disse. Ainda segundo ele, falta vontade política para avançarmos, ao mesmo tempo em que seria muito melhor ter a regulação e não depender somente do mercado voluntário.

“Acreditamos que, fazendo tudo certo, conseguimos escalar. O que queremos é trazer credibilidade para esse mercado que está começando a se consolidar. Desde 2007, nossa missão também envolve a conservação de florestas. Temos carbono estocado e a sociedade brasileira precisa acordar para o fato de termos soluções disponíveis”, acrescentou.

Com o retorno do fundo, a ISA CTEEP se compromete a continuar a reinvestir na área com iniciativas de restauração ou até subsidiar novos projetos de reflorestamento, preparação do solo e conservação. O Programa Conexão Jaguar também seleciona novos parceiros para garantir o apoio técnico e financeiro para a emissão de créditos de carbono.

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