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Economista Daniel Couri fala sobre o cenário econômico dos próximos anos

Economista afirma que as previsões para os próximos dois anos não são as melhores

 (Marcello Casal jr/Agência Brasil)

(Marcello Casal jr/Agência Brasil)

À frente da Instituição Fiscal Independente do Senado Federal, a IFI, o economista Daniel Couri disse que as previsões para os próximos dois anos não são as melhores. Apesar do último relatório divulgado pela Instituição ter revisado a previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano de 1% para 1,4%, o economista explica que as projeções para 2023, no entanto, pioraram. Leia abaixo a entrevista na íntegra.

A Instituição Fiscal Independente é uma importante fonte de projeções para a economia brasileira. Como você define o trabalho da IFI?

Daniel Couri: A Instituição Fiscal Independente tem a missão de contribuir com a sustentabilidade das contas públicas com análises técnicas, apartidárias e independentes. É um trabalho diferente de outras consultorias que costumam atuar no Congresso, no Senado, na Câmara e no nível estadual, que também fazem análises técnicas, mas com foco em resultados pré-determinados.

A gente não pode recomendar políticas públicas e nem fazer juízo de mérito sobre as propostas, justamente para resguardar a nossa independência. A IFI faz análises prospectivas, com base em regras fiscais, resultado primário e excesso de gastos, além de estudos sobre gastos públicos e outros temas previstos na lei do Senado.

O governo brasileiro registrou um aumento expressivo na arrecadação de impostos nos primeiros meses deste ano, atingindo números históricos. Isso indica que as contas do governo podem estar melhorando?

DC: O aumento da arrecadação contribui positivamente para as contas públicas, mas é importante saber o que está por trás desse aumento. Há o efeito da inflação alta, que, apesar de ser ruim para a economia, em um primeiro momento ajuda a arrecadar mais. As empresas estão faturando mais com o aumento dos preços e, com isso, recolhendo mais tributos.

No segundo momento, no entanto, a gente espera que a inflação reduza e as despesas sejam atingidas. Porque, em geral, as despesas refletem mais a inflação do exercício anterior, então, quando a inflação começar a baixar, a gente vai ter a arrecadação reduzida e a despesa pressionada por conta da inflação que está alta agora.

O que a gente prevê é que a inflação ainda estará alta em 2023 e poderá se aproximar da meta lá para 2024.

O último relatório divulgado pela IFI prevê para 2022 um crescimento do PIB um pouco melhor que o anterior. É uma revisão significante?

DC: Ainda é um crescimento baixo. A gente melhorou o cenário para 2022, mas por outro lado piorou o cenário para 2023.

Em 2022 a gente ainda tem dados dos primeiros meses positivos, que contribuem para essa revisão, além da influência que os preços das commodities têm sobre o PIB e algumas medidas do governo como a liberação de parte do FGTS. Isso contribuiu para a revisão do número de 1% para 1,4% em 2022.

Por outro lado, em 2023 a gente revisou para baixo: estávamos com 1% e agora estamos com 0,8%. E o que está por trás disso é a política monetária contracionista. O Banco Central aumenta os juros e isso em algum momento vai ter impacto sobre as atividades.

Essa nova onda de covid pode afetar ainda mais a economia do Brasil?

DC: Até o momento, estamos vendo uma recuperação. Os setores mais afetados pela pandemia estão em retomada e estão tendo um crescimento maior, se aproximando do patamar anterior à pandemia. Mas ainda pode afetar, sim. A China, por exemplo, se isolando com a política ‘Covid zero’ deve afetar seu crescimento e de outros países. No caso do Brasil, precisamos esperar para ver se haverá novas medidas de isolamento.

Quais são as expectativas para a economia em geral nos próximos meses e em 2023? As eleições podem interferir?

DC: O cenário para os próximos dois anos não é animador. O que temos visto é uma previsão mundial para baixo. É difícil prever que vamos ter um crescimento grande nesse curto prazo.

As eleições também trazem muitas incertezas. Falando sobre contas públicas, os dois principais candidatos falam em mexer no teto de gastos, que é nossa principal regra fiscal. É difícil saber para que lado que estamos indo.

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