Produtores brasileiros de carne buscam mercados alternativos ao asiático
O Brasil não vai medir esforços para entrar no exigente mercado asiático de carne bovina, mas enquanto os acordos sanitários necessários estão sendo negociados, os produtores brasileiros buscam alternativas de compradores que foram prejudicados, direta ou indiretamente, pela retirada do produto americano. A Ásia é o principal mercado comprador dos EUA, que no final do […]
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EXAME.com (EXAME.com)
Publicado em 9 de outubro de 2008 às, 11h04.
O Brasil não vai medir esforços para entrar no exigente mercado asiático de carne bovina, mas enquanto os acordos sanitários necessários estão sendo negociados, os produtores brasileiros buscam alternativas de compradores que foram prejudicados, direta ou indiretamente, pela retirada do produto americano.
A Ásia é o principal mercado comprador dos EUA, que no final do ano passado diagnosticou a doença da vaca louca em seu rebanho. Com a suspensão da compra da carne americana, os asiáticos - que consomem cortes sofisticados e são muito exigentes quanto ao controle sanitário - estão à procura de novas ofertas. O Brasil, que bateu seu recorde de vendas externas de carne no ano passado, mas que não participa do seleto mercado oriental, não quer deixar passar a oportunidade. "Exportar para a Ásia é um sonho", afirma Antenor Nogueira, presidente do Fórum Nacional de Pecuária de Corte da CNA, que estima que só os principais países da região Japão, Coréia e Tailândia comprem 2,5 milhões de toneladas de carne por ano.
O sonho, no entanto, ainda pode estar longe de virar realidade. Para entrar neste mercado, o Brasil precisa de um certificado sanitário que satisfaça o rigoroso controle dos compradores. A carne brasileira não-processada já possui esse certificado para vender aos países europeus, mas ainda não conseguiu o aval dos EUA, cujas regras são seguidas pelo mercado asiático. Há dois anos, os americanos enviam missões ao Brasil para inspecionar o rebanho nacional, mas o relatório final ainda não tem data para sair. Segundo o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, uma delegação americana fará mais uma visita ao Brasil em fevereiro para analisar os frigoríficos. "O certificado dos EUA não sai antes do final de 2004", diz Nogueira, da CNA.
Enquanto isso, o Brasil deve tentar aproximações diretas com os asiáticos, como afirmou o ministro nesta sexta-feira (9/1). E mesmo o atalho parece longo. No dia 25/1, parte para o Japão uma missão com negociadores, que tem como objetivo garantir aos japoneses que o país, que ainda não está 100% livre da febre aftosa, é capaz de controlar a doença. Segundo o Ministério da Agricultura, cerca de 85% do rebanho nacional está livre da febre. Rodrigues calcula que as negociações da missão brasileira com os japoneses devem durar cerca de cinco meses.
Existem, no entanto, outras alternativas levadas em conta pelos produtores nacionais, que apontam outros importadores dos EUA, como os Países Árabes, com os quais o Brasil já possui acordo sanitário. Na opinião do diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes Industrializadas (Abiec), Antônio Camardelli, o setor precisa estar atento às brechas e lembra que, quando o Uruguai credenciou-se como exportador aos EUA no ano passado, o Brasil ganhou espaço na Argélia, exportando 6 mil toneladas em 90 dias. Outro exemplo de oportunidade é o Egito. "Hoje só vendemos carne in
Natura para lá. Com a saída da carne americana, podemos tentar exportar miúdos", disse Camardelli.