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Por que a expansão da economia alemã não beneficia as mulheres

Apesar da política alemã estar cheia de líderes mulheres fortes, o papel das mulheres no mundo corporativo alemão é limitado

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Mulheres do Christian Democratic Union (CDU) na Alemanha (Hannibal Hanschke/Reuters)

Mulheres do Christian Democratic Union (CDU) na Alemanha (Hannibal Hanschke/Reuters)

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Carolynn Look e Elisabeth Behrmann, da Bloomberg

Publicado em 4 de junho de 2018 às, 15h56.

A Alemanha prosperou nos últimos 12 anos sob o governo da chanceler Angela Merkel, com um nível de desemprego na mínima histórica e um crescimento econômico robusto.

Mas esse sucesso não se traduziu em salários melhores para as mulheres do país, onde não parece provável que uma das piores disparidades salariais de gênero da Europa melhore tão cedo.

Apesar de ter uma mulher como líder do governo, uma nova lei que visa dar visibilidade ao assunto não tem força suficiente para impulsionar a posição das mulheres no setor corporativo. A chamada Lei de Transparência Salarial, que entrou em vigor em janeiro, coloca nos funcionários o ônus de tomar a iniciativa e solicitar informações sobre disparidades salariais e dá muita margem de manobra às empresas.

“A lei praticamente não terá nenhum impacto em promover a igualdade salarial”, disse Hans-Georg Kluge, advogado especialista em casos antidiscriminação. “Não representará nenhum benefício para as mulheres dispostas a levar seus casos à Justiça.”

É uma medida que está muito longe de outras iniciativas, nas quais a responsabilidade recai sobre os empregadores. No Reino Unido, as empresas são obrigadas a publicar todos os anos suas diferenças salariais por gênero e os primeiros relatórios deste ano provocaram indignação pública e também a demissão de uma editora sênior da BBC em protesto. O governo francês planeja leis que exigiriam um rastreamento das diferenças salariais.

Papel limitado

Apesar do status de Merkel como uma das mulheres mais poderosas do mundo e do fato de a política alemã estar cheia de líderes mulheres fortes, o papel das mulheres no mundo corporativo alemão é limitado.

Embora o movimento #MeToo tenha chamado muito a atenção sobre o assédio e a agressão sexual, a diferença salarial está de muitas maneiras enraizada na cultura alemã, e o termo “Frauenberufe” (empregos de mulheres) é usado para se referir a profissões com salários mais baixos como serviço social, cabeleireiro e enfermagem.

Mesmo nos campos dominados por mulheres, como o de assistentes de saúde, os homens podem chegar a ganhar até 40 por cento a mais. O salário mais baixo, assim como o maior número de empregos de meio período para as mulheres, significa que elas ganham cerca de 50 por cento a menos durante a vida ativa do que os colegas homens, segundo um estudo de 2017 do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica em Berlim.

Essas discrepâncias, assim como a falta de creches e as pressões sociais, contribuem para diminuir o número de mulheres na força de trabalho -- 78 por cento dos homens alemães em idade ativa tinham emprego em 2016, em comparação com 70 por cento das mulheres, de acordo com o escritório de estatísticas do país.

Essa é uma oportunidade perdida para uma economia que luta contra uma escassez de mão de obra que mina o crescimento. O Ministério do Trabalho disse em um relatório do ano passado que vê “um grande potencial” em aumentar o volume de horas que as mulheres trabalham, mas que para que isso aconteça, as condições gerais deveriam melhorar.

Globalmente, a eliminação da diferença salarial e a promoção da participação igualitária na força de trabalho podem enriquecer a economia mundial em cerca de US$ 160 trilhões, segundo um estudo do Banco Mundial publicado na semana passada. Isso é aproximadamente o dobro do valor do PIB global.

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