Política fiscal de Macri torna dívida menos sustentável, diz Stiglitz
O Nobel de Economia criticou as políticas de austeridade que levam a um baixo crescimento e dificultam o pagamento da dívida com o FMI
Argentina: "As políticas em que o governo se engajou não eram propícias ao crescimento econômico", disse Stiglitz (Edgard Garrido/Reuters)
20 de agosto de 2019, 15h41
Buenos Aires - A Argentina poderá evitar uma reestruturação de dívidas se as autoridades reverterem as medidas de austeridade a tempo suficiente de estimular crescimento econômico para evitar uma crise de dívida, disse o economista Joseph Stiglitz, vencedor do Nobel, na segunda-feira.
A derrota esmagadora do presidente liberal Mauricio Macri nas eleições primárias de 11 de agosto contra seu rival peronista, Alberto Fernández, preocupou os investidores, que temem que o retorno da esquerda ao poder possa significar uma reestruturação da dívida na terceira maior economia da América Latina.
O peso perdeu quase um quarto de seu valor na semana passada e os preços dos títulos argentinos caíram, elevando os custos dos empréstimos. Com base nos preços de fechamento de sexta-feira, o custo de garantia contra a exposição à dívida soberana da Argentina indica 77% de probabilidade de um default soberano dentro dos próximos cinco anos.
No entanto, Stiglitz, ex-economista-chefe do Banco Mundial e crítico das medidas de austeridade durante a crise da dívida na zona do euro, disse que as apertadas políticas fiscais de Macri paralisaram a economia justamente quando o crescimento era necessário para garantir que a Argentina pudesse pagar suas dívidas.
"O problema é que as políticas em que o governo se engajou não eram propícias ao crescimento econômico", disse Stiglitz à Reuters por telefone. "Austeridade e orçamentos apertados levam a um baixo crescimento e isso torna a dívida menos sustentável."
A economia da Argentina deve encolher 1,5% este ano, segundo a última pesquisa de analistas do banco central. O crescimento previsto para 2020 é de 2,0%.
Um novo ministro da Fazenda, Hernan Lacunza, assumiu nesta terça-feira o desafio de tentar reverter a economia a tempo para a eleição presidencial de 27 de outubro.
Fernández, agora o favorito para a eleição, alertou em uma entrevista no domingo que uma reestruturação da dívida pode ser necessária. Ele disse que buscará renegociar um acordo de 57 bilhões de dólares com o Fundo Monetário Internacional.
Fernández disse não estar de acordo com as medidas de austeridade de Macri, que, embora direcionadas a reduzir o déficit fiscal, prejudicaram o crescimento, ao mesmo tempo em que comprometeram a popularidade do presidente
A próxima revisão do FMI sobre a economia da Argentina em 15 de setembro deve dizer se Fundo ainda acredita que a Argentina pode pagar seus empréstimos. Outro ponto crucial será o segundo trimestre de 2020, quando a Argentina deverá pagar 20 bilhões de dólares em dívidas, um aumento de 5,6 bilhões em relação ao primeiro trimestre.
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