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Nem aprovação de reformas fará a Moody;s elevar nota do Brasil

São Paulo, 10 de abril (Portal EXAME) Nem a queda do risco Brasil, nem a valorização do real diante do dólar e nem mesmo uma possível aprovação das reformas previdenciária e tributária serão suficientes para a agência de classificação de risco Moody s elevar a nota do Brasil. Eis o que afirmou nesta quinta-feira (10/4) […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h14.

São Paulo, 10 de abril (Portal EXAME) Nem a queda do risco Brasil, nem a valorização do real diante do dólar e nem mesmo uma possível aprovação das reformas previdenciária e tributária serão suficientes para a agência de classificação de risco Moody s elevar a nota do Brasil.

Eis o que afirmou nesta quinta-feira (10/4) Vincent Truglia, diretor da Moody s responsável pela Unidade de Risco Soberano, durante conferência para profissionais do mercado financeiro em São Paulo: Não basta o governo conseguir promover importantes mudanças. É preciso mostrar que as economias geradas pelas reformas não serão destinadas a outros gastos. E, mais que isso, é preciso que o mercado passe a ter uma confiança mais forte no país, concedendo empréstimos, por exemplo, que não sejam vinculados ao overnight e à inflação .

Atualmente, o rating que o país possui, B2, é considerado de grau especulativo. Em agosto do ano passado, a Moodys rebaixou as notas e bônus do Brasil em moeda estrangeira de B1 para B2. Na época, justificou o rebaixamento dizendo que, independentemente de quem vencesse as eleições presidenciais, o novo governo enfrentaria desafios para cumprir as metas estabelecidas pelo FMI.

De acordo com Truglia, o rating do Brasil só não é pior porque o país é bem administrado . Se olhássemos só os números, com certeza a nota seria mais baixa , afirmou. Entre esses números, ele cita a proporção da dívida em moeda estrangeira em relação às exportações que, apesar de cair ano a ano, ainda é mais que o triplo da do México (285% acima).

A necessidade de aumentar as exportações foi amplamente citada por Truglia. Na sua análise, dificilmente um grande investidor estrangeiro focado em exportações escolheria o Brasil para instalar uma nova unidade. Ele disse que, nos países da Ásia, as condições de infra-estrutura são melhores, o nível da mão de obra é mais elevado, o risco político é baixo e a volatilidade é menor do que no Brasil.

"Não vejo motivos para grandes exportadores virem para cá , afirmou Truglia. Ele disse ainda que os investimentos estrangeiros mais recentes no Brasil são da época das privatizações, mas que essas concessões não geraram divisas em moeda estrangeira ao país.

Diante dessa realidade, de acordo com Truglia, o Brasil tem de ampliar sua poupança interna. O jeito mais rápido seria diminuir as despesas do setor público. Outra possibilidade seria ajudar as empresas, por meio de políticas públicas, a ser mais lucrativas , afirmou.

De acordo com Truglia, o desempenho do início do governo Lula, saudado até mesmo pelo mercado financeiro, não é uma surpresa para a Moodys. Fazemos análise de risco para governos locais no Brasil e temos a experiência de acompanhar algumas administrações petistas. A nossa impressão é que esses governos têm uma administração muito boa , afirmou o diretor da Moodys.

Ele também disse que o mercado tende a exagerar no pessimismo, como ocorreu com relação ao risco Brasil no ano passado. Na avaliação de Truglia, a taxa do risco Brasil ainda pode cair um pouco mais. Num cálculo feito ontem, quando a taxa fechou em 966 pontos-base, o risco dos papéis brasileiros estava mais alto do que a média do spread cobrado pelo mercado pelos papéis privados que têm a mesma nota dos papéis brasileiros: B2.

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