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Crise do mensalão acirrará disputa presidencial neste ano

Disputa para definir qual tucano enfrentará Lula dependerá da posição do governador mineiro, Aécio Neves

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h22.

Nem mesmo a enxurrada de denúncias de corrupção que marcou o ano de 2005 irá impedir que Luiz Inácio Lula da Silva dispute pela quinta vez consecutiva a presidência da República. Enquanto a tentativa de reeleição de Lula é dada como certa entre os especialistas, por outro lado, permanece a dúvida quanto a seu principal oponente nas eleições deste ano. A definição do adversário de Lula passará pelo governador mineiro Aécio Neves. Como os analistas prevêem uma polarização da disputa presidencial entre o PT e o PSDB, o apoio de Aécio selará a candidatura tucana.

A reeleição do presidente, que até antes do escândalo do mensalão era dada como certa, hoje é discutível, dando maior ânimo à oposição. "Essa é, sem dúvida, uma das principais conseqüências da crise do mensalão, ou seja, o acirramento da disputa pelo Palácio do Planalto em 2006", lembra o cientista político Rogério Schmitt, da consultoria Tendências.

A previsão da Tendências é de que, mais uma vez, a disputa fique polarizada entre PT e PSDB. Outros partidos poderão ajudar na coligação, mas nenhum deles, na opinião de Schmitt, tem uma figura forte em condições de entrar, para valer, na disputa presidencial. "O PFL já descartou Cesar Maia, e Garotinho dificilmente terá o apoio necessário dentro do PMDB", afirma o cientista político. A hipótese de um candidato de estilo "aventureiro", de nome pouco conhecido, também foi descartada pela consultoria. "O fato de a eleição para presidente ser casada com a do Legislativo acaba fortalecendo os partidos mais tradicionais", explica Schmitt. Quanto às coligações, estas só serão costuradas quando o assunto da verticalização que ainda pode ser derrubada estiver definido.

A grande interrogação no cenário político de 2006 fica por conta de quem será o candidato tucano às eleições. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, já se declarou pré-candidato; já Serra (prefeito da capital) dá todos os sinais de que está na disputa, mas nada oficial. Na opinião do analista, a resposta para essa incógnita pode estar em Minas Gerais. "O apoio do governador Aécio Neves irá definir o candidato do PSDB: se Serra ou Alckmin", diz Schmitt.

Ano perdido

Politicamente, o ano de 2005 foi nulo, segundo Schmitt. O emaranhado de denúncias no qual se envolveu o PT impediu que o governo desse continuidade às reformas que vinham sendo, ou implementadas, ou discutidas. Com um Congresso paralisado pelas CPIs, praticamente nada de relevante foi votado. Agora, esse trabalho ficará só para o próximo governo, em 2007.

Ainda assim, Lula está no páreo. A queda do PIB no terceiro trimestre de 2005 fez esfriar um pouco as expectativas do presidente, mas, até eleição de outubro, outros três resultados de PIB deverão ser divulgados. Além disso, lembra Schmitt, "faltaria uma alternativa dentro do partido".

"A eleição de Severino Cavalcanti para a presidência da Câmara foi o primeiro sinal de que algo muito errado estava acontecendo com as instituições políticas", diz o cientista político. "O desenrolar da crise caiu de presente no colo do PSDB, que voltou a se animar com a presidência".

"Lula é um líder carismático, o que ajudaria numa disputa com Serra ou mesmo com Alckmin. Concorrer à presidência, mesmo correndo o risco de perder, combina mais com a biografia do presidente do que simplesmente desistir", diz o cientista político da Tendências.

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