Economia

Mesmo com queda no PIB, especialistas e empresários traçam cenário otimista para o futuro

A queda no Produto Interno Bruto (PIB), a soma das riquezas do país, já vinha sendo anunciada há semanas. Da mesmas forma, o reaquecimento da economia, ainda não registrado nas pesquisas oficiais mais recentes, vem sendo propalado pelo mercado há alguns dias. "O resultado do PIB foi muito ruim", diz Alessandra Ribeiro, analista da Tendências […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h12.

A queda no Produto Interno Bruto (PIB), a soma das riquezas do país, já vinha sendo anunciada há semanas. Da mesmas forma, o reaquecimento da economia, ainda não registrado nas pesquisas oficiais mais recentes, vem sendo propalado pelo mercado há alguns dias. "O resultado do PIB foi muito ruim", diz Alessandra Ribeiro, analista da Tendências Consultoria Integrada. A Tendências foi uma das poucas instituições a projetar uma queda abrupta da atividade (leia texto ao lado). Enquanto grande parte do mercado esperava uma retração na casa do 0,5 ponto percentual, a consultoria trabalhava com queda de 1,4%, porque inclui em suas análises o resultado da construção civil. O setor, uma das locomotivas do emprego e da área de infra-estrutura, registrou retração de 11% no segundo trimestre.

No entanto, o cenário futuro sinaliza, se não uma virada, uma gradual recuperação. "Olhando para frente, o cenário é mais otimista , diz Alessandra. "Sinais não faltam." Estão na redução do depósito compulsório (parcela dos depósitos bancários retida pelo Banco Central) de 60% para 45%, no corte maior na taxa básica de juros em 2,5 pontos percentuais em agosto, no discurso do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e até mesmo na BC quanto a Ata do Copom (Comitê de Política Monetária). Nos resta saber agora, como será a trajetória dos juros , diz Alessandra. Na ata divulgada nesta quinta-feira (28/8), o BC sinaliza queda na taxa real de juros, hoje em 13%. A autoridade monetária não fala em números, mas o mercado já estima que no final de 2004 os juros reais estarão em 9%.

Crédito

Na mudança do cenário econômico, ainda em gestão, os analistas esperam que os setores mais afetados durante o aperto dos juros aqueles que dependem do crédito direto ao consumidor- serão os primeiros a reagir à queda na taxa de juros. A lista inclui os fabricantes de linha branca (fogões e geladeiras), eletroeletrônicos (televisores e aparelhos de som) e automóveis. "As compras de automóveis estavam represadas e com a redução do IPI (Imposto sobre Produto Industrializados), as vendas melhoraram nas últimas semanas", diz Paul Fleming, presidente da Volkswagen do Brasil. O mesmo deve ocorrer com a redução dos juros e os resultados deverão se refletir nas vendas dentro de um mês."

Ninguém pode ter dúvidas de que o Brasil voltará a crescer , diz José Antonio Pena, economista-chefe do BankBoston. As perguntas sem respostas são quando e quanto [esse crescimento acontecerá]. Na avaliação de Pena, o crescimento de 2003 já está comprometido, mas o Natal poderá ser melhor, na medida em que o varejo aproveite os cortes na Selic para ampliar o prazo do crediário. "O crédito é o gatilho para o crescimento, mas no longo prazo só os investimentos poderão sustentá-lo."

As Casas Bahia, a maior vendedora de móveis populares e eletroeletrônicos do Brasil, passou a dar respostas rápidas à redução da Selic. A rede anunciou a queda de um ponto percentual em suas taxas de juros mensais logo após a reunião do Copom. A taxa máxima caiu para 5,9% ao mês. A venda a prazo dos móveis, boa parte de fabricação própria, foi esticada em mais três meses. Mas o efeito dos juros baixos sobre o consumo retraído pode não ter o efeito esperado, como já ficou provado para as Casas Bahia.

Em julho, a rede realizou uma promoção diferente: um dia com juros pela metade, com taxa máxima de 3,45% ao mês. Com as prestações mais em conta, as vendas pularam 20% em único dia. O sucesso da campanha, no entanto, revelou a outra face da retração do consumo: a falta de produtos nos estoques das lojas e das fábricas, que vêm contornando a queda na demanda com cortes na produção. "As empresas fazem muito alarde sobre o custo do dinheiro", diz Michael Klein, diretor-executivo da Casas Bahia. "Mas o mais preocupante é o aumento do desemprego e a queda da renda, que comprimiram o consumo e a produção."

Efeito psicológico

O principal efeito do corte de 2,5 pontos percentuais na Selic, no entanto, não foi prático, mas psicológico. Nós sabemos que os resultados demoram a aparecer , diz Cássio Mantelmacher, diretor do grupo Schahin, que atua nas áreas imobiliária, de construção civil, telefonia, energia e também no setor financeiro. Mas ver o governo agindo em favor do crescimento econômico ajudou na recuperação dos ânimos.

Quem vive o dia-a-dia na linha de produção já sente o efeito das expectativas. Na Antilhas, líder no fornecimento de embalagens para empresas do varejo nas áreas de confecção, perfumaria e cosméticos, os clientes mostram esperança em dias melhores. As quedas da Selic e do compulsório ainda não colocaram mais dinheiro no caixa de ninguém , diz Maurício Groke, diretor comercial da Antilhas. Mas os pedidos estão aumentando por conta da expectativa de que os últimos meses do ano serão melhores."

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