Luciana Costa: diretora do banco de fomento detalha áreas prioritárias em 2024 (Leandro Fonseca/Exame)
Publicado em 5 de fevereiro de 2024 às 17h55.
Última atualização em 27 de fevereiro de 2024 às 10h12.
A diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES, Luciana Costa, afirmou nesta segunda-feira, 5, que espera aumentar entre 25% e 30% ao ano o volume de financiamento de grandes projetos de infraestrutura nos próximos três anos.
"Precisamos de balanço para isso, mas temos uma base folgada, principalmente em um cenário de taxa de juros baixa", disse Costa, durante entrevista ao programa Macro em Pauta, da EXAME.
A executiva afirmou que em 2023 foram aprovados em sua diretoria cerca de R$ 57 bilhões em financiamento de grandes projetos, além de mobilização de R$ 132 bilhões de investimento. No total, foram desembolsados mais de R$ 30 bilhões no ano passado.
Ao detalhar quais seriam as prioridades do banco para 2024, ela citou projetos em saneamento para universalização de água e esgoto.
"Saneamento continua sendo o nosso carro chefe. Estamos em um dos únicos três países do mundo que são capazes de certificar uma aeronave comercial, mas que não consegue universalizar água e esgoto. São 100 milhões de pessoas sem acesso a esgoto e 30 milhões sem acesso a água potável. Não dá para seguir nesse cenário", disse.
Ao citar outra prioridade, a diretora detalhou o arco da restauração, que pretende restaurar 6 milhões de hectares ao longo do chamado arco do desmatamento, na Amazônia Legal. Costa explicou que o desafio será a captação de recursos, que chegam a US$ 10 bilhões.
"O banco acredita que, além de combater o desmatamento, precisamos restaurar. Começamos o arco do desmatamento e agora temos o arco da restauração. É uma das meninas dos olhos do banco. Precisamos de US$ 10 bilhões para restaurar 6 milhões hectares e estavam vendo como fazer", explicou. "O BNDES já colocou uma sementinha que foram os primeiros US$ 200 milhões e precisamos atrair capital de doação."
A mobilidade urbana também está entre as prioridades, segundo Costa. Nessa área, os investimentos em veículos elétricos, como o projeto recente do banco em São Paulo, no qual foram financiadas 1.300 ônibus eletrificados, são um caminho mais rápido para a descarbonização.
Segundo Costa, o país tem mais de 100.000 coletivos em sua frota — o que dimensiona o tamanho do desafio de eletrificar. "Mais de 40% da emissão de carbono nos grandes centros vem especificamente de transportes", disse Costa. "É uma vitória 'fácil' eletrificar nossa frota. É uma prioridade no PAC, do BNDES, do plano de transição ecológica e do plano de indústria."
Ela acrescenta que o Brasil já produz mais de 50% dos ônibus que circulam na América Latina. "A questão é começar a fazer as baterias [elétricas] aqui", afirma. "Esses ônibus que financiamos [no projeto em São Paulo] são produzidos no Brasil. O BNDES só financia ônibus produzido aqui. Essa reindustrialização é verde, olhando as diferentes rotas tecnológicas."