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Lula precisa abrir espaço para aliados no governo, dizem especialistas

Negociações no Congresso Nacional durante novo mandato dependerão da retribuição que a administração dará à base de apoio

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h12.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai ter de trabalhar para reorganizar as forças políticas em seu próximo mandato. De acordo com especialistas, Lula entrará agora em um ciclo favorável, mas terá de saber organizar a composição do governo se quiser garantir o apoio de aliados e de partes da oposição.

O ponto crucial na formulação do segundo mandato, segundo cientistas políticos, será a composição do novo ministério, que definirá o nível de retribuição do Partido dos Trabalhadores (PT) àqueles que o apoiaram na campanha pesidencial. Nesse cenário, o principal objetivo a ser considerado pelos petistas será dar mais espaço ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) na distribuição de pastas, para que os membros do partido atuem a favor do governo no Congresso Nacional. "O passo decisivo será estabelecer quem serão os interlocutores principais do governo. Hoje eles estão no PMDB, um partido misturado, confuso, mas que vai assumir uma das maiores bancadas no Senado e na Câmara, e que elegeu um número significativo de governadores", diz Valeriano Mendes Ferreira Costa, professor de Ciência Política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "O apoio terá de se traduzir em mais nomes para ministérios, para que o partido se torne um parceiro integralmente, inclusive assumindo responsabilidades compartilhadas com o governo", diz.

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Segundo Costa, outros partidos da base também deverão ganhar mais espaço no governo, como o Partido Socialista Brasileiro (PSB). Mas o sinal mais importante, para o cientista política, será mostrar que o próprio PT perderá importância na condução do país.

A opinião é compartilhada por Rogério Schmitt, cientista político da Tendências Consultoria. "Temos um cenário moderadamente otimista, dificilmente vamos continuar com a paralisia política que vimos nos últimos dois anos no Congresso. Mas tudo vai depender da quantidade e da importância dos ministérios entregues ao PT e ao PMDB - quanto mais equilibrada essa relação, maior pode ser o otimismo em relação à capacidade política do governo", diz Schmitt.

Lula ainda não deu indicações claras de quem colocará em seu novo ministério, mas, em discurso feito após a confirmação de que estava reeleito, afirmou que procurará todos os partidos para garantir apoio a suas propostas: "Eu não tenho dúvida nenhuma de que poderemos contar com a compreensão dos partidos que fizeram oposição a nós, e quero conversar com todos, sem distinção". E cativar a oposição, segundo Costa, da Unicamp, e Schmitt, da Tendências, não será tão difícil assim.

"A oposição tem grandes chances de voltar ao poder na próxima eleição, e sabe que é mais interessante colaborar com o governo agora para ajudar na aprovação de reformas como a da previdência, como a trabalhista. São projetos importantes mas impopulares, e a oposição vai preferir deixar que o Lula as faça", diz Schmitt. Para Costa, até mesmo os recentes escândalos que envolveram o PT devem ter o efeito dissipado no próximo governo, deixando de ser uma arma da oposição. "Se Lula conseguir estabelecer uma agenda propositiva, ele escapará da cobrança de casos como o do dossiê contra os tucanos", diz o cientista político.

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