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Leia íntegra do bate-papo com Tito Ryff, assessor de Garotinho

Leia a íntegra do bate-papo com o economista Tito Ryff, assessor econômico de Anthony Garotinho, candidato à Presidência da República pelo PSB. Ryff visitou a redação de EXAME no início da noite desta quarta-feira e respondeu às perguntas dos internautas. (18:02:03) Selecionador EXAME: Boa noite. A revista EXAME começa hoje uma rodada de bate-papos com […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h12.

Leia a íntegra do bate-papo com o economista Tito Ryff, assessor econômico de Anthony Garotinho, candidato à Presidência da República pelo PSB. Ryff visitou a redação de EXAME no início da noite desta quarta-feira e respondeu às perguntas dos internautas.

(18:02:03) Selecionador EXAME: Boa noite. A revista EXAME começa hoje uma rodada de bate-papos com os principais assessores econômicos dos candidatos à Presidência da República.

Veja também

(18:03:13) Selecionador EXAME: Nesta quarta-feira estamos recebendo o economista Tito Ryff, assessor econômico do candidato Anthony Garotinho, do PSB.

(18:04:28) Selecionador EXAME: Durante o mês de setembro também iremos entrevistar e bater papo com os internautas, os economistas Guido Mantega, assessor de Lula, Gesner de Oliveira, assessor de José Serra, e Mauro Benevides Filho, assessor de Ciro Gomes.

(18:05:33) Selecionador EXAME: Faltando praticamente um mês para o primeiro turno das eleições, o nosso objetivo é discutir com os homens de confiança dos presidenciáveis o que eles têm planejado para a economia do Brasil a partir do próximo ano.

(18:07:15) Selecionador EXAME: Boa noite, Tito Ryff, é um prazer recebê-lo aqui na EXAME

(18:09:16) Tito Ryff: Boa noite. É um prazer poder participar do bate-papo com os internautas e ter a oportunidade de explicar como Anthony Garotinho pretende lidar com a economia brasileira

(18:10:41) Selecionador EXAME: A última edição da revista EXAME publicou uma capa exatamente discutindo o Brasil que o novo presidente irá herdar de Fernando Henrique

(18:11:59) Selecionador EXAME: Se você é assinante UOL, leia a reportagem "O Tamanho do Problema", no portal EXAME. O endereço é exame.com.br

(18:15:17) Selecionador EXAME: O governo acaba de anunciar nesta tarde a revisão do superávit primário brasileiro para 3,88% do PIB. A meta, acertada com o FMI até 2005 é de 3,75%. Como o senhor avalia a revisão anunciada hoje?

(18:17:27) Tito Ryff: Cabe ao atual governo fixar a meta de superávit primário para esse ano. Quanto aos próximos anos, o ministro Pedro Malan e o presidente do Banco Central já tinham anunciado aos candidatos à Presidência que a meta de superávit primário seria fixada em 3,75%. Concordamos com a necessidade de manter um superávit primário elevado como condição para recuperar o crédito público e permitir ao país rolar a sua dívida interna a taxas de juros cada vez mais baixas e em prazos mais longos. Acreditamos, contudo, que esse superávit primário deve ser alcançado com a recuperação do crescimento econômico e a conseqüente elevação da arrecadação tributária e não com cortes de despesas sociais como o governo está fazendo este ano.

(18:19:01) MorenoAlto fala para Tito Ryff: Boa noite! Sr Tito gostaria de saber o que o senhor e o Garotinho vão fazer sobre a seguinte questão: o cidadão vai ao banco e paga 160% de juros ao ano no cheque especial e recebe 0.68% ao mês em sua poupança. É justo?

(18:21:14) Tito Ryff: O Brasil tem as taxas de juros reais mais altas do mundo. Não só na remuneração dos títulos públicos, mas também nos financiamentos às empresas e às pessoas físicas. É objetivo prioritário do governo Garotinho reduzir essas duas taxas de juros. No caso dos financiamentos a empresas e pessoas, trata-se de reduzir o spread dos bancos. Isto pode ser feito diminuindo a cunha fiscal, aumentando a transparência e a informação com relação às taxas efetivamente cobradas, aumentando a competitividade do sistema bancário, criando um cadastro positivo de devedores, facilitando os processos judiciais de cobrança de dívidas e, portanto, reduzindo os riscos do sistema financeiro, de forma a contribuir para a redução desse spread. Creio, no entanto, que as duas providências mais importantes são oferecer informação adequada aos consumidores e expandir o crédito, reduzindo o compulsório dos bancos e facilitando a constituição de cooperativas de crédito e a difusão do micro-crédito.

(18:23:36) Gato-Leblon-25 fala para Tito Ryff: O que será feito para atrair os investidores estrangeiros para o Brasil?

(18:25:25) Tito Ryff: Essa é uma das tarefas mais importantes que incumbirá ao próximo governo. Mas a atração de investimentos só será possível se a economia voltar a crescer. A China é hoje o país que mais atrai investimentos no mundo, porque cresce 7 por cento ao ano a cerca de 20 anos. Mas além de fazer com que a economia volte a crescer, é preciso ter uma política ativa de atração de investimentos com a promoção road shows no exterior, isto é, apresentações das vantagens comparativas da economia brasileira, e com incentivos para atração de empresas que invistam em setores produtivos com compromisso de exportar ou com potencial de substituir de forma competitiva as importações.

(18:26:30) marcelo fala para Tito Ryff: o governo do Rio deu uma boa base para o Garotinho governar o Brasil?

(18:27:02) Tito Ryff: Sim. A economia do Rio é a segunda maior do país e tem um tamanho equivalente ao da economia do Chile.

(18:27:36) diogo fala para Tito Ryff: queria saber se o Garotinho vai dar melhor tratamento às escolas técnicas federais de todo o Brasil?

(18:28:52) Tito Ryff: Essa é uma das prioridades do programa de Garotinho. O ensino técnico profissional voltado para atender as necessidades atuais da economia é uma das grandes carências do país. No Rio, essa foi uma área que teve prioridade do governo Garotinho. O número de alunos inscritos no curso da FAETEC triplicou durante sua gestão.

(18:29:27) fabio fala para Tito Ryff: como você vê um especulador financeiro como George Soros dizer que o Brasil é um país confiável para se investir? Seria motivado pela proximidade dele com o atual presidente do Banco Central?

(18:30:52) Tito Ryff: Quando modificarmos a política econômica, reduzindo a vulnerabilidade externa do país, fazendo a economia crescer e recuperando as finanças públicas, a opinião de mega especuladores como George Soros não terá efeito sobre o nosso mercado de capital nem merecerá o destaque que tem merecido na imprensa.

(18:31:03) luca fala para Tito Ryff: Como um governo do Garotinho agiria para diminuir o tamanho da dívida pública interna?

(18:33:03) Tito Ryff: A redução da dívida pública interna depende de duas variáveis importantes: a redução da taxa de juros e a manutenção de um superávit primário elevado. Mas insisto que é importante reduzir a taxa de juros, pois hoje o superávit primário não é suficiente sequer para pagar os juros anuais e a dívida continua a crescer. As duas coisas têm de ser feitas simultaneamente. Com a redução dos juros a economia voltará a crescer a arrecadação tributária também, facilitando a manutenção de um superávit primário elevado.

(18:33:43) Selecionador EXAME: Um eventual governo Garotinho cogitaria o calote da dívida pública?

(18:34:58) Tito Ryff: De jeito nenhum. O temor de um calote voltou à baila por conta do crescimento vertiginoso da dívida pública patrocinada pela política insensata de juros do atual governo. Com juros mais baixos, reforma tributária, reforma da previdência e manutenção de um superávit primário elevado, será muito mais fácil rolar a dívida pública com títulos de prazo mais longo e a juros médios mais baixos.

(18:35:31) Selecionador EXAME: E como fazer isso sem comprometer a estabilidade da moeda? Não teríamos inflação ainda mais alta?

(18:37:05) Tito Ryff: Não. A atual inflação decorre da desvalorização cambial, do sistema de correção de preços e tarifas de serviços públicos e de eventuais choques de oferta, como alta do preço do petróleo ou de preços agrícolas. Não tem nada a ver com excesso de demanda agregada. Por isso, as taxas de juros excessivamente altas pagas pelo governo na remuneração de seus títulos só produzem o efeito negativo de fazer crescer vertiginosamente a dívida pública.

(18:37:55) Paulo40/Cas - SP fala para Tito Ryff: Se o garotinho desistir agora e apoiar Lula, ele poderá ganhar ainda no 1º turno e livrar o Brasil de Serras e Ciros. Que tal?

(18:38:08) Tito Ryff: Que tal o inverso?

(18:38:45) mané fala para Tito Ryff: minha microempresa devia R$ 5.000 de impostos em 1996. Agora são 18.000. O que o governo Garotinho faria para ajudar a aliviar isso, já que como eu inúmeros (a maioria) não têm como pagar juros e multas aviltantes?

(18:40:47) Tito Ryff: Na reforma tributária que pretendemos implantar um dos objetivos principais é a redução da carga tributária que incide sobre micro e pequenas empresas, bem como a mudança do sistema de cobrança das contribuições sociais que hoje incide sobre a folha de salários e passaria a incidir sobre o faturamento das empresas ou seria absorvida pelo imposto sobre o valor adicionado, fazendo com que as micros e pequenas empresas tivessem menos carga tributária a pagar.

(18:41:39) Control fala para Tito Ryff: Segundo minha concepção, estou analisando que todos os candidatos estão focando suas campanhas para o grave problema do desemprego. Porém até agora nenhum dos quatro presidenciáveis mostrou uma campanha sólida. Como seria, de forma mais detalhada, a campanha do seu candidato, o Garotinho?

(18:43:34) Tito Ryff: Creio que Garotinho tem a melhor proposta para combater o desemprego. Não haverá emprego com taxas de juros reais de 14% ao ano, que é a média do governo FHC. Quando alguém promete criar oito milhões de empregos dando prioridade à agricultura, ao turismo, à saúde e à educação, mas não diz uma palavra sobre redução da taxa de juros, está fazendo uma promessa vazia. Nós vamos dar incentivos aos setores que mais empregam mão-de-obra, mas temos consciência de que é preciso gerar um ambiente macroeconômico favorável ao investimento e à geração de emprego e renda. Isso só será possível com a redução dos juros.

(18:44:56) Casquinha fala para Tito Ryff: Sr. Tito Ryff, gostaria de saber mais sobre a possibilidade de uma reforma tributária integral em um eventual governo Garotinho.

(18:47:23) Tito Ryff: Temos um conjunto de princípios que deverão nortear a reforma tributária do governo Garotinho: desoneração das exportações e do investimento produtivo, redução do número de tributos, simplificação da legislação e agilização dos processos judiciais de cobrança dos créditos tributários do governo. Pretendemos criar o IVA, Imposto sobre Valor Agregado, absorvendo o IPI, o ICMS e o ISS, com base em legislação federal e de cobrança e de fiscalização compartilhadas pela União e pelos Estados. Com isso, simplificamos a tributação e acabamos com a guerra fiscal entre Estados, que sangra suas arrecadações.

(18:48:41) Gato-Leblon-25 fala para Tito Ryff: O senhor defende o calote da divida externa?

(18:50:48) Tito Ryff: Não. O Brasil precisa de investimentos e de financiamento externo para se desenvolver. E, por isso, mas não só por isso, deve respeitar os compromissos assumidos internacionalmente. O que este governo fez de errado foi ter permitido que o déficit em transações correntes crescesse excessivamente, fazendo com que o país se tornasse demasiado vulnerável aos fenômenos da economia internacional. Se reduzirmos o déficit em transações correntes para um nível razoável, poderemos financiá-lo com investimentos diretos ou com crédito de instituições como BID e Banco Mundial sem maiores problemas para o país.

(18:52:05) Sandra Roque fala para Tito Ryff: Como o programa de governo do Garotinho vê as privatizações e, principalmente a questão da energia?

(18:53:48) Tito Ryff: Somos contrários à privatização do sistema de energia do país baseado na energia hidroelétrica. No entanto, acreditamos que se pode aceitar a participação de novos investimentos estrangeiros na geração de energia a partir de novas fontes energéticas, como energia termelétrica, eólica ou solar. Sobre as privatizações de maneira geral, o candidato Garotinho pretende reexaminar alguns dos critérios estabelecidos para a correção de preços e tarifas e a forma como algumas privatizações foram feitas. Mas não se pretende reestatizar empresas. Lamentamos, no entanto, que empresas como a CSN tenha se transformado numa empresa anglo-holandesa. Esperamos que o mesmo não aconteça com a Vale do Rio Doce e que, no futuro, o Brasil não tenha que exportar minério de ferro e minerais estratégicos a preços vis para atender aos interesses de uma empresa estrangeira que tenha se tornado acionista majoritário da Vale.

Ate Vc !!! grita com Tito Ryff: Gostaria de saber como o Garotinho irá aumentar o salário mínimo para R$ 280.

(18:59:02) Tito Ryff: O impacto maior é sobre a previdência. Pretendemos fazer com que a arrecadação da previdência cresça com a incorporação de uma parcela substancial dos 40 milhões de brasileiros que estão no mercado de trabalho e não recolhem contribuição previdenciária. Acreditamos também que a receita da previdência aumentará com a retomada do crescimento econômico. Quanto à previdência do setor público, vamos implantar um novo sistema misto que combine a fórmula de repartição atual com um sistema de capitalização. Mas isso apenas para os que ingressarem no serviço público a partir da entrada em vigor da nova lei, pois os direitos adquiridos pelos atuais servidores públicos têm de ser respeitados.

(19:00:30) Selecionador EXAME: A EXAME gostaria de agradecer a presença de todos vocês e também do economista Tito Ryff, assessor do candidato do PSB, Anthony Garotinho.

(19:00:38) Selecionador EXAME: Tito, foi um prazer tê-lo aqui ...

(19:01:07) Tito Ryff: Agradeço o convite da EXAME e do UOL e a participação de todos os internautas.

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