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Inflação do aluguel dispara em meio à pandemia. O que está havendo?

Apesar de os preços de bens industriais estarem inflacionados, os preços ao consumidor não têm absorvido esse movimento; entenda por que isso acontece

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Dinheiro; moeda;  real (Bruno Domingos/Reuters)

Dinheiro; moeda; real (Bruno Domingos/Reuters)

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Ligia Tuon

Publicado em 25 de setembro de 2020, 17h53.

Última atualização em 29 de setembro de 2020, 13h58.

Enquanto a inflação oficial medida pelo IPCA acumula 2,44% em 12 meses — muito abaixo do centro da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional para este ano, de 4% —, o IGP-M passa dos 17% no período. Chamado de inflação do aluguel, o índice é usado como referência para reajustes de contratos.

Em seu relatório trimestral de inflação, o Banco Central admitiu nesta semana que há um descolamento entre os preços ao produtor e os preços ao consumidor, cuja diferença observada em agosto é a maior desde 2003. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que engloba variações de preços de produtos agropecuários e industriais, como commodities e insumos, representa 60% do IGP-M.

 

"Essa parte de commodities é muito volátil. Se o câmbio sobe, o valor vai junto", explica Julia Passabom, economista do Itaú. No acumulado do ano, o real já desvalorizou 38% em relação ao dólar.

As principais commodities industriais, como soja, trigo, minério de ferro, boi no pasto, frango na granja, café, laranja e outras estão indo para 50% de alta, segundo André Braz, coordenador de IPC do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre). "Em partes, essa alta se sustenta por uma demanda maior de países como a China. Há também aumento de preços em dólar que, somados à desvalorização cambial, gera esse efeito", diz.

O IGP-M também tem em sua composição 20% de Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e 10% de Índice Nacional de Custo da Construção (INCC).

Apesar de os preços de bens industriais estarem inflacionados, os preços ao consumidor não têm absorvido esse movimento. 

Parte dessa realidade é explicada pelo hiato do produto, segundo Passabom, ou seja, a indústria ainda não está usando toda sua capacidade instalada para produzir. Outra parte desse cenário tem a ver com o fato de os consumidores finais ainda não conseguirem arcar com esse aumento, de forma que os reajustes não são repassados pelos produtores.

"Vivemos um pouco essa queda de braço agora: o IGP muito forte, mas as pessoas ainda perdendo renda", diz Passabom. 

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