Exame Logo

Inflação de junho é a menor em dois anos, mas núcleos ainda são altos

Índice de Preços ao Consumidor Amplo, referência na meta de inflação do Banco Central, registrou ligeira deflação, -0,02%, no mês passado. Mas para economista do BES Investimentos, os núcleos de inflação permanecem muito alto

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h14.

Os preços em junho sofreram uma deflação, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) , referência no sistema de metas do governo. O indicador mostrou uma queda de 0,02%, o menor resultado desde junho de 2003 (quando foi de -0,15%). Na prática, os preços dos itens de consumo das famílias se mantiveram praticamente estáveis. Em maio, eles haviam registrado um aumento de 0,49%.

As boas influências para o resultado do mês passado vieram de alimentos e combustíveis. O álcool ficou 8,79% mais barato devido à redução das cotações do combustível no mercado financeiro e à concorrência entre postos. O álcool mais barato e a competição na rede de abastecimento também levaram a gasolina a cair 1,51%. No grupo Alimentação e Bebidas do levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve queda de 0,67% nos preços, graças especialmente ao aumento na oferta de várias lavouras.

Veja também

Dessa vez, os preços administrados não sofreram reajustes expressivos, e as tarifas de energia elétrica e ônibus urbanos permaneceram estáveis. No telefone fixo, o resultado médio foi uma alta de 0,73%.

Núcleo

Para Simone Pasianotto, do BES Investimentos, os núcleos da inflação (índice que subtrai as maiores variações de preço) ainda não permitem um corte da taxa básica de juros antes de setembro. O núcleo por exclusão de preços administrados e alimentos em domicílio foi de 0,36% em junho, no cálculo da economista. "O peso dos alimentos é muito alto na metodologia de apuração do índice", diz Simone. "Só poderíamos falar em impacto real na trajetória da inflação com núcleos abaixo dos 0,10%." Na avaliação de Simone, não é possível que os núcleos dissipem esse patamar ainda alto em apenas um mês, o que adia o início do afrouxamento da política monetária.

Em boletim de análise, a equipe de economistas da SulAmérica Investimentos afirma que a fraca demanda doméstica está minando a alta dos preços. Além do fim do impacto das pressões temporárias (alimentos, tarifas e remédios), também se intensifica o efeito da valorização do real ante o dólar, que depois de afetar os preços no atacado já pode ser detectado pelos consumidores. Mas, para a SulAmérica, o Comitê de Política Monetária deve manter a Selic no atual patamar (19,75% ao ano) "pelos próximos meses" para dissipar fatores inerciais e consolidar expectativas inflacionárias favoráveis.

No semestre, o IPCA registra alta de 3,16% -- o que representa uma melhora em relação ao dado acumulado até abril, que era de 3,48%. Nos 12 meses fechados em junho, o índice de preços acumula 7,27%, o que também está abaixo do acumulado em 12 meses até abril (8,05%). A meta oficialrevisadade inflação para este ano é de 5,1%.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), -- que pesquisa as famílias com renda de 1 a 8 salários mínimos -- teve variação de -0,11% em junho, ante 0,70% de maio.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame