Economia

Grupos franceses receiam falhas de infra-estrutura no Brasil

Segundo Alexander Rabinowitz, presidente do Banco Calyon no Brasil, empresas francesas têm dúvidas sobre a efetividade dos marcos regulatórios de energia e das PPPs

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h22.

As empresas francesas confiam na economia brasileira, mas com ressalvas. Alexander Rabinowitz, presidente no Brasil do banco francês Calyon, detectou em recente visita à matriz que a perspectiva para a economia brasileira é positiva, "quando se olha um horizonte de dois anos". O elemento que dá prazo tão curto para o otimismo chama-se infra-estrutura. Em contrapartida, o que anima os investidores é a austeridade fiscal do governo, aprovada depois do teste da alternância de poder federal.

"Não há nada de dramático que possa acontecer em 2005 e 2006 no campo da infra-estrutura, mas as dúvidas são maiores sobre 2007 e 2008", afirma Rabinowitz. Para o executivo, seriam necessários alguns anos para eliminar os problemas portuários, de energia e de transportes no Brasil, mas "até agora pouco ou quase nada foi feito em relação às necessidades" do país.

As dúvidas sobre a efetividade das Parcerias Público-Privadas (PPPs) e do marco legal para o setor de energia elétrica, por exemplo, acabam refletindo no fluxo de investimentos diretos franceses para o Brasil, que de 825 milhões de dólares em 2003 recuaram para 486 milhões ano passado. O estoque de investimentos franceses no Brasil soma cerca de 12 bilhões de dólares. Para este ano, o Calyon projeta a entrada de 600 milhões de dólares de investimentos franceses no Brasil, um desempenho pouco influenciado pela aprovação das parcerias no Congresso. "As PPPs podem ajudar? Podem. Mas não resolvem sozinhas", diz Rabinowitz.

Por outro lado, a avaliação de que são boas as bases para a expansão sustentável da economia brasileira levou o próprio Banco Calyon -- resultado da fusão em maio de 2004 das áreas de mercado de capitais e de crédito estruturado do Crédit Agricole e do Crédit Lyonnais -- a dobrar nos últimos meses suas linhas de financiamento no Brasil, totalizando "bem mais de 1 bilhão de dólares", diz seu presidente. Além de dobrar a exposição, a instituição decidiu alongar consideravelmente seus prazos, para até sete anos. Os setores de maior atuação do Calyon são o petroquímico, de papel e celulose, siderúrgico e de aviação.

"Principalmente na França e na União Européia, a percepção de compromisso brasileiro com uma política fiscal austera é positiva. Na verdade, foram se desvanecendo as dúvidas quanto à capacidade desse governo de manter o que havia de bom do governo passado", afirma Rabinowitz. Depois de um superávit comercial em 2004 considerado espetacular, o executivo aponta para o saldo de janeiro deste ano, que apesar de um real forte ante o dólar, somou 2 bilhões de dólares.

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