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Governo federal precisa ficar alerta, diz economista

Para Dalton Gardimam, estabilidade macroeconômica já não é suficiente

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h13.

O governo federal precisa ficar alerta. O ambiente institucional para investimentos no país começa a dar sinais de deterioração e precisa de uma solução rápida. A análise de Dalton Gardimam, economista-chefe do Banco Calyon, baseia-se nos resultados de várias pesquisas que nos últimos meses mostraram uma "deterioração importante da competitividade do país e no potencial de atração de investimentos".

O economista cita o ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial, pelo qual o Brasil caiu da 54ª para a 57ª posição e o relatório Fazendo Negócios em 2005, do Banco Mundial (Bird) que listou graves problemas do país, como a rigidez dos contratos de trabalho, os entraves para abrir e fechar negócios e a falta de proteção dos investidores.

Outro levantamento citado por Gardimam é o relatório sobre desenvolvimento, também do Bird, que ouviu 30 mil empresas em 53 países. Na pesquisa, o Brasil é o país com o maior percentual de respostas (84,5%) indicando o sistema tributário como entrave para os negócios. Além disso 40% das empresas ouvidas afirmaram que não acreditam que o Judiciário irá proteger o seu direito à propriedade, caso seja necessário.

Gardimam também aponta os resultados da pesquisa da empresa de consultoria A.T. Kearney, que elabora todos os anos um índice de atratividade de investimento direto entrevistando executivos de grandes corporações multinacionais. O resultado de 2004 foi um tombo do Brasil, da 9ª para a 17ª posição, por conta de "problemas no ambiente regulatório".

O economista-chefe do Caylon ressalva que a deterioração do Brasil em rankings internacionais não pode ser creditada exclusivamente à nova administração federal. Mas, algumas ações do governo Lula, diz Gardimam, pioraram significativamente as expectativas em relação ao país, como por exemplo: atuação "nacionalista" do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); interferência no funcionamento dos planos de saúde; tabelamento de preços dos remédios; possibilidade de estatização de companhias aéreas; tentativa de fixar o reajuste das tarifas de telefonia em desacordo com os contratos vigentes; sugestão de aumento das alíquotas superiores do imposto de renda; propagação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) com a conivência do governo; imbróglio da permissão para plantio de soja transgênica; paralisia dos investimentos no setor de saneamento por falta de regras de concessão; falta de formalização da independência do Banco Central e, finalmente, o grande número de projetos sob avaliação de impacto ambiental, impedindo a continuidade de projetos que somam 16 bilhões de dólares, de acordo com o próprio governo federal. Pelo menos, diz Gardimam, há um elemento positivo no estilo decisório da atual administração. O governo federal voltou atrás em muitas de suas intenções iniciais quando a ressonância das idéias propostas foi excesssivamente negativa.

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