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Gates elege país como modelo global em finanças digitais — e não é a China

Semelhante ao Pix, sistema de pagamentos digitais indiano foi elogiado pelo fundador da Microsoft, que tenta levar a ideia para outros países

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 (Bloomberg / Colaborador/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 8 de dezembro de 2020, 14h24.

Última atualização em 8 de dezembro de 2020, 15h03.

O pioneiro de tecnologia Bill Gates elogiou as políticas da Índia para inovação financeira e inclusão e disse que sua fundação filantrópica trabalha com outros países para lançar tecnologias de código aberto inspiradas no modelo do país.

A Índia desenvolveu plataformas ambiciosas para identificação universal e pagamentos digitais, incluindo o maior banco de dados biométrico do mundo e um sistema para enviar rupias entre qualquer banco ou aplicativo de smartphone. Gates disse que essas políticas reduziram significativamente o custo e o atrito de distribuir auxílio aos pobres, especialmente durante a pandemia.

Se alguém for estudar um país agora, diferente da China, diria que deveria olhar para a Índia. A inovação em torno desse sistema é fenomenal.

Bill Gates no Singapore Fintech Festival

Os pagamentos digitais decolaram na Índia depois que o governo incentivou a desmonetização em 2016, invalidando a maioria das cédulas bancárias de alto valor do país, uma medida para combater a corrupção e reduzir o uso de dinheiro em espécie. A interface de pagamentos unificados, ou UPI, foi beneficiada pelo uso crescente de smartphones e pelas tarifas de dados sem fio, que estão entre as mais baixas do mundo.

A Índia exige que as empresas usem sua plataforma UPI para que os pagamentos possam ser enviados facilmente entre todos os serviços, incluindo os do Facebook, Amazon.com, Walmart, Paytm e qualquer nova empresa. Tarifas zero para usuários também são uma exigência.

“A Índia é um grande exemplo”, disse o copresidente da Fundação Bill e Melinda Gates, durante a conferência virtual. Sua organização agora ajuda alguns países que não têm padrões estabelecidos para implantar sistemas semelhantes baseados em tecnologias de código aberto, acrescentou.

O sistema biométrico da Índia — chamado Aadhaar ou “fundação” em hindi — levantou questionamentos sobre privacidade, porque também pode ser usado para a vigilância de cidadãos pelo governo. O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, era contra o sistema antes de assumir o poder, mas desde então o adotou. Países como Rússia, Marrocos e Bangladesh manifestaram interesse na abordagem.

Gates se mostrou otimista sobre a rapidez com que vacinas contra a covid-19 estão sendo desenvolvidas de uma forma geral. Ele espera que haja cerca de seis tratamentos disponíveis no primeiro trimestre do próximo ano, o que vê como uma conquista significativa.

“As coisas digitais em geral — aprendizado remoto, telemedicina, finanças digitais — avançaram muito”, disse. “Portanto, embora a pandemia tenha sido terrível, impulsionou algumas dessas inovações, incluindo a rapidez com que fabricamos vacinas.”

Mas Gates alertou que combater o coronavírus deve ser feito de forma equitativa, pois os países ricos não devem decidir quem tem acesso às vacinas. É por isso que sua fundação trabalha com fabricantes globais, incluindo o Serum Institute na Índia, para garantir que haja quantidades suficientes de dosagem a preços razoáveis.

Ele disse que espera que as vacinas eliminem o coronavírus em 2022, embora tenha alertado contra a complacência. “Não podemos esquecer que virá outra pandemia, por isso precisamos investir e estar prontos”, afirmou.