Exame Logo

Empresários projetam cenário de baixo crescimento no curto prazo

Os empresários paulistas perderam o otimismo dos primeiros dias: as expectativas em relação ao governo de Lula caíram. Foi o que mostrou uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgada hoje pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). Em dezembro, 69% dos empresários e executivos paulistas ligados à indústria esperavam uma boa administração de […]

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h14.

Os empresários paulistas perderam o otimismo dos primeiros dias: as expectativas em relação ao governo de Lula caíram. Foi o que mostrou uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgada hoje pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). Em dezembro, 69% dos empresários e executivos paulistas ligados à indústria esperavam uma boa administração de Lula, contra 59% registrados em março. "Houve queda, mas ainda consideramos o número positivo", diz Horacio Lafer Piva, presidente da Fiesp. Há descrença em relação ao crescimento da economia no curto prazo: 66% não esperam avanços expressivos antes de dois anos. Um bom número, 49%, não acredita que a reforma tributária será aprovada na íntegra - muito pelo contrário. E quase ninguém espera que ela trará redução de impostos.

A pesquisa reúne opiniões de 401 empresários ouvidos entre 18 e 26 de março. Nas palavras de Piva, a pesquisa reflete um realismo por parte dos empresários com relação aos constrangimentos e limitações inerentes ao Brasil. Sem esperanças de vida tranqüila no curto prazo, as aspirações do setor industrial se voltam para realização de metas mais longas. Os empresários querem negociar com o governo para que ele implante uma política industrial para o país.

Veja também

Neste caso, diz Piva, pesa a favor da equipe do presidente Luis Inácio Lula da Silva a capacidade de dialogar com a sociedade demonstrada até agora. Nos últimos anos, defendeu-se uma política de competitividade, e se tratou o termo industrial como uma palavra maldita , diz. Isso foi pura retórica e vamos defender a realização de um projeto para o setor. O plano para o crescimento da indústria ainda não foi concluído, mas entre suas premissas está a defesa de medidas capazes de gerar empregos e elevar a competitividade das exportações. O projeto não será amplo. Vai eleger setores prioritários. Entre os que devem ganhar atenção estão a química, a petroquímica e os eletroeletrônicos.

A Fiesp também pretende ampliar as discussões sobre o financiamento à produção e estuda a implantação de cooperativas de crédito. A falta de recursos foi um dos itens ressaltados na pesquisa: 47% das empresas raramente ou nunca recorrem ao financiamento bancário, sendo que a grande maioria, 90%, considera o custo das operações muito alto seja pela taxa de juros básica da economia, seja pelos spreads bancários elevados.

Reformas

O realismo do setor, no entanto, não significa que pouca pressão sobre o governo e o Congresso principalmente no que se refere a reforma tributária. Vamos brigar em Brasília para aproximar o projeto à proposta do setor. Segundo a pesquisa da FGV, 49% dos entrevistados consideraram muito baixas a chances de aprovação total da reforma tributária. O setor elege como prioridades a redução da alíquota da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) e a unificação das legislações do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Piva tem posição definida em relação a cobrança do ICMS: defende a cobrança no destino, como forma de aliviar a guerra fiscal. Mas não há como implantá-la sem criar mecanismos que possam compensar perdas de alguns estados , diz. A cobrança no destino, por exemplo, reduziria em 17% a arrecadação de São Paulo. Para os empresários, no entanto, dificilmente haverá alívio tributário. Seria irresponsável propor redução de arrecadação neste momento em que o Estado não pode abrir mão de um centavo , diz o presidente da Fiesp.

A reforma da previdência é vista com mais tranqüilidade, apurou a FGV. Entre os entrevistados, 41% consideram altas as chances de aprovação parcial da reforma previdenciária. Entre as grandes empresas, essa expectativa sobre para 59%. Com relação às propostas em análise, 43% preferem que a contribuição previdenciária das empresas, que atualmente incide sobre a folha, seja substituída pela cobrança de um tributo sobre o lucro.

Cenário

Para o segundo trimestre do ano, a pesquisa sinaliza um cenário de dificuldades no mercado interno e queda de braço entre fabricantes e fornecedores para segurar as margens de lucro, já comprometidas. Apesar de 48% dos entrevistados trabalharem com expectativa de crescimento nas exportações, a maioria das empresas (46% do total) projeta um faturamento estável para o período e 52% se preparam para contabilizar uma redução nos lucro.

Há, também, pressão nos custos de produção no radar dos empresários: 64% esperam alta muito forte nos custos de produção nos próximos três meses. Para lidar com o problema, a maioria dos empresários pretende negociar preços com os fornecedores. Em setembro do ano passado, a redução da margem era a principal maneira de enfrentar os custos em alta. As empresas parecem ter chegado no limite do corte de margem de lucro , diz Clarice Messer, diretora titular do Departamento de Pesquisa e Estudos Econômicos da Fiesp.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame