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Economia;mundial atenta ao tripé petróleo, China e déficit americano

Os principais fenômenos que terão impacto no cenário internacional em 2005 são oferta e demanda de petróleo, moeda, bancos e importações da China e déficits nos EUA. No Brasil haverá uma diminuição do ritmo de crescimento econômico e juros de 17%, esti

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h13.

Os maiores desafios da economia mundial no próximo ano são as cotações do petróleo, a desaceleração da economia chinesa e o déficit americano, tanto o comercial quanto o registrado em transações correntes. Para Vladimir Caramaschi, economista-chefe da Fator Corretora, o petróleo vai continuar dominando a agenda no curto prazo, mas o desequilíbrio americano em fundamentos econômicos é que compõe o maior risco no médio e longo prazos. "O déficit americano, a questão mais grave, não terá desfecho em 2005."

O economista repete o consenso de que as altas do petróleo se explicam pela demanda forte combinada à pouca capacidade de aumentar a produção - com o tempero de uma série de incidentes geopolíticos -, mas acredita que a tendência é que a cotação recue um pouco.

O Departamento de Energia dos Estados Unidos prevê uma cotação média de 43 dólares em 2005, fechando abaixo dos 40 dólares no último trimestre do ano que vem. Há atenuantes para a escalada dos preços do insumo, diz Caramaschi . O preço atual em termos reais é bem mais baixo do que os picos das crises do petróleo, embora assustem em termos nominais; a economia mundial depende muito menos do petróleo, em parte pelo avanço da participação do setor de serviços no Produto Interno Bruto (PIB) mundial; e, ao contrário dos anos 70 e início dos 90, a economia global vive uma fase de inflação muito baixa, o que é especialmente verdadeiro para o caso dos países desenvolvidos, Estados Unidos em particular. "A reação dos bancos centrais vai ser muito mais modesta, diante de altas persistentes do petróleo. É muito provável que o Fed [Federal Reserve, o banco central americano], acabe atrasando a elevação de juros."

Quanto à China, o economista afirma que o país já esbarra em gargalos de infra-estrutura, especialmente na área de energia, e detecta fortes pressões inflacionárias. "Isso deve frear seu crescimento, passando de 9% em 2004 para 6% em 2005." As ferramentas para a freada sem inflação seriam a adoção de controles administrativos, a valorização do yuan (a moeda chinesa) e o aumento das taxas de juros. "O problema é que isso pode precipitar um pouso forçado. E, como o crescimento chinês é baseado em investimentos, um componente volátil nas contas de qualquer país, pode haver uma violenta reversão." Os investimentos atingem na China a marca de 40% do Produto Interno Bruto (PIB).

Tudo isso pode agravar problemas no setor bancário chinês, "não muito transparente". Outro efeito indireto de uma apreciação cambial seria um "impacto invertido" sobre as cotações de commodities. "Se valorizar a moeda, ao contrário do que acontece normalmente, a economia chinesa vai reduzir a demanda por importados. Na China , a maior parte das importações é insumo para reexportação."

Déficit

Se o ritmo das vendas externas chinesas estancar, pela valorização da moeda, quem vai sofrer na outra ponta é a economia dos Estados Unidos, cujos déficits são financiados em grande medida pelos bancos centrais asiáticos. A abundância de dólares resultantes das exportações tem sido canalizada em "escala gigantesca" por países como a Índia e a China para a compra de títulos do tesouro americano. "Caso a roda pare de girar, como os Estados Unidos vão fazer para financiar o rombo em suas contas?" Uma das conseqüências seria uma desvalorização mais forte do dólar, "desacelerando mais do que o desejável a economia americana", e, por tabela, a economia global.

Para o Brasil, a Fator estima um crescimento da economia de 4,3% em 2004 e 3,5% em 2005. A corretora também projeta um crescimento de 7% das vendas externas e de 18% das compras do exterior, com a conseqüente redução do saldo comercial. "De qualquer modo, a corrente de comércio sobre o PIB deverá continuar crescendo, reduzindo a vulnerabilidade externa", diz Caramaschi.

Ao menos por enquanto, um dos assuntos predominantes da agenda pública brasileira será aperto monetário. A Fator estima que a Selic, taxa básica de juros da economia, vai encerrar 2004 a 17% e permanecer estável durante o primeiro trimestre de 2005, chegando a dezembro do ano que vem em 15% ao ano. "Creio que se for diferente disso, será pior", diz o economista. Por outro lado, novas medidas fiscais de longo prazo não devem estar presentes na pauta política de 2005, devido à pouca força do governo no Congresso e, principalmente, à relutância em tratar do elevado gasto público.

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