Economia

Do Maracanã a Brasília: simbolismo em campo pela Previdência

Governo calcula 330 votos a favor da reforma na Câmara. Novos vazamentos de Sergio Moro e vaias na final da Copa América podem ter alguma influência?

Bolsonaro no Maracanã: 33% dos brasileiros consideram que o presidente faz um trabalho ótimo ou bom (Carolina Antunes/PR/Reprodução)

Bolsonaro no Maracanã: 33% dos brasileiros consideram que o presidente faz um trabalho ótimo ou bom (Carolina Antunes/PR/Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2019 às 06h45.

Última atualização em 8 de julho de 2019 às 11h17.

A semana mais importante para a tramitação da reforma da Previdência começa com uma nova leva de perguntas a serem respondidas. A primeira é de ordem prática. Qual a capacidade dos diferentes grupos de influência, a começar pelos policiais, de desidratar o projeto que deve ser votado pelo plenário da Câmara ainda antes do recesso parlamentar, na sexta-feira (18) da próxima semana.

Na última semana, a pressão de policiais que tentavam reduzir sua idade de aposentadoria de 55 para 53 anos fez o presidente Jair Bolsonaro entrar na articulação e acabou atrasando o projeto em um dia na comissão especial da Câmara. A articulação de governadores pela inclusão dos estados no projeto, derrotada na comissão, tende a voltar no plenário nos próximos dias.

Apesar da tão propalada falta de capacidade de articulação do governo com o Congresso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirma começar a semana com 330 votos a favor da reforma — seria 22 votos a mais do que o necessário para aprovar o projeto com dois terços dos deputados. O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni diz que o governo segue avaliando os pontos demandados pelos policiais, mas garante que a votação começa já terça.

A segunda tem mais a ver com o poderio simbólico do governo. Nos últimos três dias dois eventos importantes podem nublar a percepção popular sobre a equipe de Bolsonaro. Primeiro, na sexta-feira, a revista Veja e o site The Intercept revelaram que o atual ministro da Justiça, Sergio Moro, chegou a olhar com antecedência denúncias da procuradoria, numa troca de mensagens que pode reduzir seu capital político.

Na mesma sexta-feira Bolsonaro afirmou que o julgamento da correção de Moro viria do povo. Pois bem. No domingo, o presidente foi ao Maracanã ladeado de Moro e do ministro da Economia, Paulo Guedes. Foi celebrado pelos jogadores, mas ouviu uma sonora vaia ao entrar no gramado para participar da cerimônia de premiação.

Segundo Ancelmo Góis, do jornal O Globo, Paulo Guedes ficou furioso com a reação popular; Guedes ligou para dizer ao colunista que a irritação foi com outros problemas da organização. Moro celebrou o título no Twitter e celebrou um evento “sem incidentes de violência”.

Segundo pesquisa Datafolha divulgada neste domingo, 58% dos brasileiros consideram inadequada a conduta de Moro nas mensagens trocadas com os procuradores de Lava-Jato. Outra pesquisa do instituto, divulgada hoje, mostra que 33% dos brasileiros consideram que o presidente faz um trabalho ótimo ou bom, na menor taxa de aprovação a esta altura do governo desde Fernando Collor.

Nas próximas horas, o governo colocará toda sua reputação na mesa para manter a economia prevista de 1 trilhão de reais com a reforma em dez anos.

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