Economia

Desempenho das exportações em 2005 vai depender de diversificação

Para superar o resultado do ano passado, a única possibilidade;é diversificar a pauta de exportações.;A balança comercial brasileira fechou 2004 com um superávit de 33,7 bilhões de dólares, um resultado bastante difícil de emplacar ano após ano. Em 2004,

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h23.

A diversificação de produtos e de mercados determinará a continuidade do bom desempenho das exportações brasileiras em 2005. A avaliação é do ministro do Desenvolvimento e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, durante a divulgação nesta segunda-feira (3/1) dos resultados da balança comercial em 2004. "Teremos um período difícil, especialmente para a agricultura, que vem sofrendo aumentos de custos de 15% a 20%", afirma o ministro, que também destacou as dificuldades decorrentes da desvalorização do dólar e da queda das cotações de commodities agrícolas. Pesando os contras do novo cenário, a meta de exportações fixada pelo governo para este ano é de 108 bilhões de dólares, 12% acima do resultado de 2004, de 96,5 bilhões. A receita de vendas externas do país ano passado cresceu 32% em relação a 2003, um resultado excepcional quando comparado à média de crescimento mundial de 18,3%, segundo projeções do Fundo Monetário Internacional.

O país gastou 62,8 bilhões de dólares em importações, 30% mais do que em 2003. Com isso, o saldo da balança comercial fechou o ano em 33,7 bilhões de dólares, um resultado bastante difícil de emplacar ano após ano. "Houve alguns bônus em 2004 que não se repetirão em 2005", diz Furlan, exemplificando com o caso da soja. "O Brasil usufruiu preços extraordinários que agora voltam à normalidade da média dos últimos dez anos." Em sua opinião, o caminho para sustentar um bom desempenho está na diversificação, um movimento já verificado em 2004 com a entrada de 600 novos produtos na pauta exportadora. Ele também destacou as vendas de manufaturados, que aumentaram a participação relativa de 54,3% do total exportado em 2003 para 54,9% em 2004.

Para Simão Davi Silber, professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP), as exportações neste ano vão superar ligeiramente os 100 bilhões de dólares, mas o saldo não passa dos 20 bilhões. A razão para o ritmo mais modesto será a desaceleração do crescimento econômico, especialmente, da China e dos Estados Unidos. Por outro lado, afirma Silber, o preço do petróleo deverá se acomodar abaixo dos 40 dólares o barril, o que elimina um importante fator de instabilidade da economia mundial. Entre os itens importados que registraram maior crescimento em dezembro de 2004 sobre mesmo mês de 2003 está o grupo dos combustíveis e lubrificantes, com avanço de 140%.

Abertura

O total da corrente de comércio (soma de exportações e importações) em 2004 foi de 159,2 bilhões de dólares, equivalente a 26,6% do Produto Interno Bruto (PIB) e 31,2% maior do que em 2003. Segundo Furlan, a meta do governo é aumentar esse indicador para 30%. O ministro também destacou o crescimento das vendas para mercados não tradicionais ou com pequena participação na pauta. Para a Venezuela, por exemplo, as vendas avançaram 142% em 2004, atingindo 1,45 bilhão de dólares. Já para os Estados Unidos as exportações cresceram 20,4%, mais de 11 pontos percentuais abaixo do ritmo geral.

Segundo Tharcísio Souza Santos, professor de economia mundial e diretor do programa de MBA da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), uma das grandes novidades do desempenho exportador brasileiro é justamente essa redução da dependência do mercado americano. As vendas destinadas aos Estados Unidos responderam por 21,1% do total em 2004, ante 23,1% em 2003. Para Silber, da FEA, o dado mostra que o Brasil não está conseguindo avançar em mercados maduros e perde posição relativa no mercado americano diante da concorrência de China e Índia.

Souza, da FAAP, concorda com o ministro Furlan sobre a importância das mudanças na estrutura da pauta exportadora mas considera que a queda dos preços internacionais das commodities não é tão preocupante. "A redução de preços não é generalizada. É pesada no caso da soja, mas o café, por outro lado, está valorizando muito."

Dezembro

No mês passado, as exportações totalizaram 9,2 bilhões de dólares, 2% menos do que em novembro. As importações somaram 5,7 bilhões, gerando um saldo de 3,5 bilhões, o segundo maior do ano. Todos os resultados são recordes para o mês de dezembro. A corrente de comércio totalizou 14,9 bilhões de dólares, o maior valor mensal já apurado.

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