Economia

Copom ignora apelos do governo e eleva Selic para 15% ao ano, maior taxa desde julho de 2006

Segundo o comunicado dos diretores do Banco Central, essa elevação de juros encerra o ciclo de alta. Taxa deve cair somente no próximo ano

Membros do Copom: diretores do Banco Central sinalizaram nova alta de juros (Raphael Ribeiro/ Banco Central/Divulgação)

Membros do Copom: diretores do Banco Central sinalizaram nova alta de juros (Raphael Ribeiro/ Banco Central/Divulgação)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 18 de junho de 2025 às 18h33.

Última atualização em 18 de junho de 2025 às 18h56.

O Comitê de Política Monetária (Copom) ignorou os apelos do governo petista e elevou nesta quarta-feira, 18, os juros em 0,25 ponto percentual, para 15% ao ano. Essa é a maior taxa desde julho de 2006. Os diretores do Banco Central (BC) também sinalizaram que o ciclo de alta acabou e que os juros só devem cair no próximo ano. O mercado estava dividido com uma parte apostando na elevação e outra que acreditava na manutenção da Selic em 14,75%.

O painel de probabilidades da B3 apontava nesta quarta que 65% das apostas em opções do Copom eram na alta da Selic de 0,25 ponto percentual da Selic. Somente 32% apostavam em manutenção da taxa.

"Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta", informou o BC, no comunicado. 

Juros só devem cair no próximo ano

Além de ignorar os apelos do governo pelo fim do ciclo de alta de juros, o Copom sinalizou no comunicado que a taxa ficará mais alta por mais tempo. Na prática, a indicação é de que os juros só cairão no próximo ano.

E parte dessa responsabilidade, segundo o comunicado do BC, é do governo que não consegue equilibrar as contas públicas.

"O Comitê segue acompanhando com atenção como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado", informou o BC. 

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