Economia

Cautela do BC pode elevar taxa real de juros em 2005, diz economista

Para Fabio Giambiagi, do Ipea, queda mais forte de inflação e política monetária cautelosa do BC podem aumentar juros reais no próximo ano

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h14.

A taxa real de juros pode subir em 2005, devido à tentativa do Banco Central (BC) de acertar o centro da meta de inflação do próximo ano, estabelecida em 4,5%, com margem de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. A avaliação é do economista Fabio Giambiagi, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Segundo ele, a inflação tende a cair num ritmo mais forte no ano que vem por dois motivos. Em primeiro lugar, as commodities internacionais reduzirão sua pressão sobre os preços. Em segundo, os ajustes de alíquotas, como o da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), já terão sido absorvidos pela economia. A desaceleração dos preços, contudo, tende a não ser acompanhada por uma queda nos juros na mesma proporção, já que a cautela do BC para atingir a meta de inflação pode levar a instituição a reduções mais graduais, ampliando assim a taxa de juros real.

Por isso, mais importante do que alcançar o centro da meta, é conseguir uma trajetória descendente dos preços, conforme Giambiagi. "Para 2005, uma expectativa de inflação de 5,5% a 6% é razoável", afirma. Para 2004, o mercado trabalha com taxas em torno de 7%. "Mais do que discutirmos nossa taxa de juros, é importante avaliarmos que sistema de metas de inflação queremos", diz o economista do Ipea. "Não precisamos, necessariamente, perseguir o centro da meta."

Outros analistas também apontam que os juros reais podem subir no próximo ano, mas por outro motivo: o aumento das taxas nominais de juros. A corretora Global Invest, por exemplo, projeta uma Selic de 15%, em dezembro de 2004, com juros reais de 8,9%. Para 2005, a previsão sobe para 17% e 10%, respectivamente.

Para Giambiagi, esta é uma hipótese remota, porque o governo enfrentaria reações contrárias muito fortes. "Acho pouco provável um aumento de juros nominais em 2005", afirma. Giambiagi ressalta, porém, que a postura cautelosa do BC, promovendo cortes graduais na taxa de juros, está correta, já que não se recomenda uma redução brusca neste momento.

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