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Remy Sharp
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A balança comercial brasileira registrou superávit recorde no acumulado de janeiro a julho deste ano, turbinado pelas exportações de commodities agropecuárias e petróleo bruto. Porém o segundo semestre será menos favorável, diante do agravamento da crise na Argentina e da desaceleração já esperada na China, apontou o relatório do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) divulgado nesta terça-feira, 22, pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

"Os possíveis impactos negativos com as turbulências na Argentina poderão impactar as exportações já esse ano. No caso da China, já era esperada a desaceleração das exportações para o segundo semestre", ressaltou o Icomex.

De janeiro a julho de 2023, o Brasil registrou superávit de US$ 53,6 bilhões, o maior para esse período do ano dentro da série histórica iniciada em 1998. O volume exportado pelo Brasil avançou 9,0% em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto o volume importado recuou 1,2%. Em termos de valor, as exportações aumentaram 0,1%, e as importações recuaram em 8,8%. Houve influência da queda de preços, que recuaram 7,7% de janeiro a julho nas exportações, e caíram 8,8% nas importações.

"Até o final do ano não se espera grandes variações nos preços, com uma possível tendência de alta no petróleo", estimou a FGV.

No acumulado de janeiro a julho de 2023, a China lidera o ranking de participação nas exportações brasileiras, com uma fatia de 30,3%, seguida pelos Estados Unidos (10,5%) e Argentina (5,7%).

"O quadro da economia chinesa preocupa com o viés de baixa nas projeções de crescimento do país, influenciada com a redução dos investimentos em construção, queda nas exportações e deflação, o que sinaliza a fraca demanda doméstica. Ressalta-se, porém, que as estimativas de um crescimento do PIB ao redor de 5% já era a estimativa oficial do governo chinês. Há um relativo consenso entre as análises sobre os possíveis impactos sobre as exportações brasileiras. As exportações da agropecuária seguiriam o comportamento sazonal esperado, com desaceleração do crescimento no segundo semestre", explicou a FGV.

"A segunda fonte de preocupação é a Argentina. Destaca-se o aumento das exportações para o país, mesmo com a recessão da economia. Até julho, as exportações de automóveis e peças continuavam crescendo e responderam por 19% das exportações brasileiras para a Argentina. A seca no país introduziu um novo produto na pauta: a soja em grão, com participação de 16% no acumulado até julho. No ano de 2022, as exportações de soja foram de US$ 181 milhões e em 2023, até julho, de US$ 1,7 bilhões."

O Icomex menciona que já estava prevista uma desaceleração das vendas do setor automotivo e a retomada gradual da regularização do plantio de soja, mas as "turbulências associadas ao período eleitoral, porém, levaram a uma piora do cenário econômico com medidas de proteção cambial".

"Não se espera que a contribuição da Argentina para o aumento do volume exportado se sustente nos próximos meses. Quanto às especulações sobre uma possível vitória do candidato que programa a dolarização da economia argentina, esse não seria o principal problema, pois a maior parte do comércio é realizada em dólares e/ou são transações intrafirmas. O maior impacto poderá advir da promessa de saída da Argentina do Mercosul, com perda do acesso preferencial de mercado, além de criar um cenário de instabilidade e incertezas quanto aos possíveis acordos negociados com outros países, como o acordo Mercosul-União Europeia", previu a FGV.

Quanto às remessas de produtos brasileiros para os Estados Unidos, a expectativa de redução da demanda provocada pelo aumento da taxa de juros resultaria num cenário também menos favorável para as exportações do Brasil.

"Em suma, até o final do ano se espera um menor ritmo de crescimento nas exportações", resumiu a FGV.

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