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Brasil dispara em rankings de economias mais "infelizes"

Números do Brasil aparecem entre os piores do mundo em diferentes "índices de infelicidade" calculados para 2015 e 2016 pelo Cato Institute e pela Bloomberg

Torcedora assiste a goleada da Alemanha contra o Brasil durante a semifinal da Copa do Mundo, no Mineirão (Victor Moriyama/Getty Images)

João Pedro Caleiro

Publicado em 11 de fevereiro de 2016 às 17h57.

São Paulo - Inflação e desemprego : quando a economia vai mal, são estes os números que atingem em cheio a vida dos cidadãos.

Foi isso que levou o economista americano Arthur Okon, nos anos 60, a juntar as duas taxas para criar o "índice de infelicidade" (misery index, em inglês).

De acordo com um levantamento da Bloomberg com previsões para 63 países, o Brasil vai subir duas posições e ficar em 9º no ranking mundial dos países mais infelizes na economia em 2016.

A Venezuela lidera com uma taxa de 159,7 (soma da inflação de 152% com desemprego de 7,7%), seguido de longe pela Argentina com um número quatro vezes menor (39,9, também mais dominada pela inflação do que pelo desemprego).

Veja a tabela com os números:

Índice em 2016 (projeção)Ranking 2016Índice em 2015 (real)Ranking 2015
Venezuela159,71105,11
Argentina39,9222,15
África do Sul32330,23
Grécia27423,44
Ucrânia26,3557,82
Espanha21,2621,66
Sérvia20,97não estava
Turquia18,8817,98
Brasil16,8915,811
Cazaquistão16,71017,39

O Brasil fechou 2015 com inflação de 10,67%, a maior desde 2002, e a previsão do Boletim Focus para 2016 é de 7,26%.

Já o desemprego ficou na média em 6,8%, o maior desde 2009, e deve continuar subindo neste ano de acordo com especialistas.

Índice ampliado

Também nesta semana o instituto americano Cato divulgou os números referentes a 2015 a partir de uma versão ampliada do "índice de infelicidade" criada por Roberto Barro, um economista de Harvard.

Steve H. Hanke, da Johns Hopkins University, inclui não apenas inflação e desemprego mas também as taxas de empréstimos bancários e o crescimento real do PIB (positivo ou negativo).

Novamente, o Brasil se sai mal com a terceira posição mundial (67,8), atrás de Venezuela (214,9) e Ucrânia (82,7) e na frente de Argentina (60) e África do Sul (40).

Veja os 7 mais altos na lista:

1. Venezuela: 214,9

2. Ucrânia: 82,7

3. Brasil: 67,8

4. Argentina: 60

5. África do Sul: 40

6. Rússia: 37,4

7. Irã: 36,7

Estudos já mostraram uma correlação forte entre o índice de infelicidade original de Okon e a popularidade de presidentes. Um trabalho de Chor Foon Tang e Hooi Hooi Lean encontrou uma relação também com aumento da criminalidade.

Em 2001, Rafael Di Tella, Robert J. MacCulloch e Andrew J. Oswald se basearam em pesquisas de felicidade em 12 países europeus e os EUA para concluir que as pessoas se incomodam mais com o desemprego do que com a inflação.

São Paulo - A inflação no Brasil em 2015 ficou muito longe da meta do governo de 4,5%, com dois pontos percentuais de tolerância para cima ou para baixo. A taxa de 10,67% registrada pelo IBGE ficou acima de 2014 (6,41%) e não era tão alta desde 2002 (12,53%). "Em 2015, o consumidor passou a pagar mais caro por todos os grupos de produtos e serviços que compõem o custo de vida ", diz a nota do IBGE. Mas alguns itens foram especialmente problemáticos. Alguns deles têm preços administrados, como gasolina e energia elétrica, que vinham sido segurados pelo governo e tiveram reajustes liberados em 2015. Outros chamam a atenção pela importância no consumo das famílias. O grupo Alimentação e Bebidas responde por um terço da cesta do IPCA e inclui itens que estão com fortes altas, como o da cebola e do tomate.  Veja a seguir 10 itens que se destacaram em 2015 pela alta forte em relação a anos anteriores e/ou pelo impacto no índice final:
  • 2. Cebola

    2 /12(Wikimedia Commons)

  • Veja também

    Dados
    Variação em 201423,61%
    Variação em 201560,61%
    Impacto no IPCA0,07 p.p.
  • 3. Alho

    3 /12(Fernando Frazão / Veja Rio)

  • Dados
    Variação em 201410,68%
    Variação em 201553,66%
    Impacto no IPCA0,05 p.p.
  • 4. Tomate

    4 /12(Mario Tama/Getty Images)

    Dados
    Variação em 2014-3,07%
    Variação em 201547,45%
    Impacto no IPCA0,10 p.p.
  • 5. Energia elétrica

    5 /12(Luis Davilla/Cover/Getty Images)

    Dados
    Variação em 201417,06%
    Variação em 201551%
    Impacto no IPCA1,50 p.p.
  • 6. Gasolina

    6 /12(Jeff Pachoud/AFP)

    Dados
    Variação em 20142,89%
    Variação em 201520,1%
    Impacto no IPCA0,76 p.p.
  • 7. Jogos lotéricos

    7 /12(Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas)

    Dados
    Variação em 20149,05%
    Variação em 201547,50%
    Impacto no IPCA0,18 p.p.
  • 8. Plano de saúde

    8 /12(ktsimage/Thinkstock)

    Dados
    Variação em 20149,44%
    Variação em 201512,15%
    Impacto no IPCA0,40 p.p.
  • 9. Ônibus urbano

    9 /12(Elisa Rodrigues/SPTrans)

    Dados
    Variação em 20143,85%
    Variação em 201515,09%
    Impacto no IPCA0,37 p.p.
  • 10. Batata inglesa

    10 /12(Wikimedia Commons)

    Dados
    Variação em 20143,75%
    Variação em 201534,18%
    Impacto no IPCA0,08 p.p.
  • 11. Açúcar cristal

    11 /12(ThinkStock)

    Dados
    Variação em 2014-0,02%
    Variação em 201529,99%
    Impacto no IPCA0,09 p.p.
  • 12 /12(Albert Gea/Reuters)

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