Economia

BCE aumenta taxas de forma moderada, mas não descarta novos aumentos para combater inflação

Em entrevista coletiva após a última reunião do BCE deste ano, a presidente da instituição, Christine Lagarde, multiplicou as fórmulas para transmitir uma mensagem de firmeza

Christine Lagarde, presidente do BCE, participa de evento em Frankfurt (Thomas Lohnes/Pool/Reuters)

Christine Lagarde, presidente do BCE, participa de evento em Frankfurt (Thomas Lohnes/Pool/Reuters)

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AFP

Publicado em 15 de dezembro de 2022 às 16h38.

O Banco Central Europeu (BCE) elevou as taxas de juros em 0,50 ponto percentual nesta quinta-feira (15), optando por um aperto monetário mais moderado, mas não descarta novos aumentos para combater a inflação "excessivamente alta".

Em entrevista coletiva após a última reunião do BCE deste ano, a presidente da instituição, Christine Lagarde, multiplicou as fórmulas para transmitir uma mensagem de firmeza.

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"Ainda temos um longo caminho a percorrer", "devemos ir mais longe", afirmou.

O BCE iniciou um período sem precedentes de aperto monetário em julho, elevando as taxas de juros em um total de dois pontos percentuais para conter a escalada de preços alimentada pelos custos de energia e dos alimentos, após a guerra da Rússia na Ucrânia.

O aumento das taxas é a principal ferramenta dos bancos centrais para frear a alta de preços, porque encarece o crédito para consumo e investimento.

Com este aumento, as principais taxas de juros do BCE situam-se agora em um intervalo entre 2% e 2,75%.

A taxa dos depósitos bancários, a mais observada da instituição emissora, encerrará o ano em 2%, o maior patamar desde 2008. Meses atrás, estava em território negativo.

Esse aperto monetário em um contexto de desaceleração econômica é uma opção delicada, mas os guardiães do euro acreditam que deixar os preços continuarem subindo seria pior.

Assim como o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano), na quarta-feira (14), e o Banco da Inglaterra (BoE), nesta quinta, o banco europeu decidiu desacelerar o ritmo dos aumentos, em uma virada monetária mais moderada.

A instituição emissora do euro, sediada em Frankfurt, permanecerá firme perante a inflação. O BCE decidiu reduzir o balanço de ativos, conforme prometido por sua presidente, Christine Lagarde, na reunião de outubro.

O aumento dos preços permanecerá acima da meta do BCE de 2%, de acordo com as previsões publicadas nesta quinta-feira.

A inflação subirá para 6,3% no próximo ano, acima dos 5,5% previstos anteriormente, antes de cair para 3,4%, em 2024, e 2,3%, em 2025.

A instituição não prevê recessão na zona do euro no próximo ano, mas reduziu sua projeção de crescimento para 0,5%, em 2023. A previsão anterior era de 0,9%. Para 2024, o BCE prevê um crescimento de 1,9%.

As novas previsões de inflação e de crescimento não agradaram às principais bolsas europeias, que fecharam nesta quinta-feira com fortes perdas: 3,28%, em Frankfurt; 3,09%, em Paris; 3,45%, em Milão; e 1,70%, em Madri.

- "Tom belicoso" -

Devido às suas últimas projeções, o BCE não descarta aumentar as taxas novamente, já que "a inflação permanece excessivamente alta e deve permanecer acima de seu objetivo por muito tempo", disse o Conselho de Governo em um comunicado.

É "uma decisão com um tom bastante belicoso", analisou Jens-Oliver Niklasch, do banco LBBW. "A alta dos juros já era esperada. Mas o fato de poder continuar subindo no mesmo ritmo provavelmente vai surpreender algumas pessoas", acrescentou.

A aceleração da inflação caiu um pouco desde novembro, com 10% nesse mês contra 10,6% em outubro. A desaceleração é parcialmente explicada por uma moderação na alta dos preços da energia.

Combater a inflação também significa desviar a abundante liquidez das contas bancárias. Para fazer isso, o BCE endureceu as condições de seus antigos megaempréstimos baratos aos bancos (chamados TLTROs, em sua sigla em inglês) em outubro.

Esta política está dando frutos, já que os bancos declararam estarem dispostos a reembolsar, antecipadamente, quase 750 bilhões de empréstimos, de um montante em dívida de 2,1 trilhões.

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