Economia

BC estuda acabar com o rotativo do cartão de crédito, que hoje é de 454% ao ano

Campos Neto também afirmou no Senado que ideia é criar tarifa para desincentivar parcelamento longo sem juros

Roberto Campos Neto, do BC: autoridade monetária estuda propor ao Legislativo a extinção do rotativo do cartão de crédito (Pedro França/Agência Senado/Flickr)

Roberto Campos Neto, do BC: autoridade monetária estuda propor ao Legislativo a extinção do rotativo do cartão de crédito (Pedro França/Agência Senado/Flickr)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 10 de agosto de 2023 às 13h11.

Última atualização em 10 de agosto de 2023 às 13h15.

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira, 10, que a autoridade monetária estuda propor ao Legislativo a extinção do rotativo do cartão de crédito, que tem taxa de 454% ao ano. Segundo ele, o cliente que não pagar a fatura do cartão de crédito entraria automaticamente em um parcelamento, com juros ao redor de 9%. O tema deve ser incluído na Medida Provisória que criou o Desenrola.

“A solução está se encaminhando para que o cliente não vá para o rotativo. Que vá direto para o parcelamento. Extingue o rotativo e quem não paga o cartão vai direto para um parcelamento com taxa ao redor de 9%. E a gente cria algum tipo de tarifa para desincentivar esse tipo de parcelamento sem juros tão longo. Não é proibir o parcelamento sem juros. É simplesmente tentar que ele fique disciplinado para não afetar o consumo. Cartão de crédito responde por 40% do consumo no Brasil”, disse Campos Neto em audiência no Senado.

Parcelado sem juros

Campos Neto reconheceu que o cartão de crédito rotativo é um grande problema, diante das características do produto no Brasil, com a existência do parcelado sem juros.

“A gente tem o parcelado sem juros que ajuda o comércio, mas que tem aumentado muito o número de parcelas. O prazo médio é de 13 parcelas. É como se a pessoa fizesse um financiamento de longo prazo sem juros. A pessoa que toma a decisão de parcelar não é a mesma que paga pelo risco. Isso gera uma assimetria. A inadimplência no rotativo é de 52%. Não há nenhuma inadimplência parecida no mundo no cartão de crédito”, disse.

Segundo o presidente do BC, a outra alternativa seria limitar a taxa do cartão de crédito no Brasil, mas os bancos retirariam os cartões de circulação para as pessoas que tem maior risco de crédito.

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