Exame Logo

Bancos brasileiros terão 2003 difícil, diz S

Agência de classificação de risco acredita que a carga da dívida brasileira seja administrável

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h21.

Os bancos que operam no Brasil ainda terão em 2003 grandes desafios. Segundo a agência de classificação de risco Standard & Poors, um ano mais difícil é decorrente ainda da volatilidade no mercado financeiro brasileiro.

"A adequação de capital e a liquidez deverão permanecer em níveis apropriados, porém vulneráveis ao valor de mercado dos títulos públicos, visto que estes são o principal instrumento financeiro utilizado para fins de liquidez", afirma a agência em relatório divulgado nesta segunda-feira (3/2).

Veja também

Para o analista da área de serviços financeiros da Standard & Poor s Daniel Araujo, "é provável que a rentabilidade dos bancos permaneça elevada, apesar de prejudicada pelo aumento do volume de provisionamento e pela pressão sobre a qualidade dos ativos". Araujo faz essa afirmação em relação aos títulos públicos que compõem seus ativos.

Os bancos brasileiros estão diretamente expostos ao risco soberano em função de os títulos públicos responderem por, em média, 30% da base de seus ativos, afirma a agência. Com a dívida do Brasil de longo prazo classificada na categoria BB em moeda local e B+ em moeda estrangeira ambas com perspectiva negativa a Standard & Poor s acredita que a carga da dívida brasileira seja administrável. Porém os riscos ficaram mais elevados pelo tamanho, composição e prazo da dívida. "A complicada interdependência entre as dinâmicas externa e fiscal e a relativamente ampla vulnerabilidade externa e fiscal requerem uma excelente administração econômica frente um ambiente desafiador tanto político quanto econômico, global e localmente, o qual oferece espaço limitado para manobras políticas, além de impedir qualquer afrouxamento político", diz a agência.

Um calote ou um cenário de reestruturação de dívida o que não é o cenário mais provável nos atuais níveis de rating não necessariamente implicam que os grandes bancos bem capitalizados fecharão suas portas. Eles provavelmente sobreviveriam, porém seus balanços patrimoniais seriam fortemente afetados pelos termos de qualquer operação de administração de dívida governamental.

A S&P acredita, porém, que há risco de fechamento para pequenas instituições. "Além disso, essa política dispensa aos grandes bancos privados um tratamento caso a caso. Sob o Proer (Programa de Reestruturação do Sistema Financeiro), por exemplo, isso envolveu a intervenção nesses bancos e sua posterior venda para bancos nacionais ou estrangeiros (por exemplo: Banco Bamerindus, Banco Nacional, Banco Econômico, etc.)", relembra a agência.

Se as pressões no mercado local sobre os títulos públicos se intensificarem, há a possibilidade de que haja um encurtamento dos prazos das dívidas emitidas localmente. Um cenário no qual quase todo o estoque de títulos do governo seja rolado diariamente não é algo sem precedentes para os bancos que operam no Brasil. Entretanto, mediante esse cenário seria improvável que os ratings dos bancos ou do governo soberano permanecessem nas atuais categorias.

A S&P acredita que o novo governo e sua nova equipe precisam ganhar a confiança do mercado por meio de ações e propostas políticas concretas. "A carga fiscal do Brasil (o que inclui dívida, taxas de juros e saldos) e o elevado índice de inflação exigem ação política tanto fiscal quanto monetária", afirma a agência em relatório. "Após o novo governo ter transmitido sinais sólidos sobre sua agenda política, o mercado espera por detalhes sobre a reforma tributária e a da previdência social, e sobre a autonomia do banco central."

A agência afirma que as principais variáveis que refletem a avaliação de mercado sobre o risco soberano são, entre outras, as taxas de juros locais e o prêmio de risco sobre os títulos brasileiros emitidos no mercado internacional, a moeda brasileira e, ainda, a disponibilidade de capital internacional, incluindo linhas de crédito. "O grande desafio para o governo envolve a necessidade de reduzir a inflação e de preparar o caminho para a queda das taxas de juros e para que haja uma certa apreciação nominal da moeda brasileira, o que contribuiria para melhorar as dinâmicas da dívida", diz o relatório.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame