Vale a pena ter um plano de saúde para pets?
Contratação pode evitar sustos no orçamento em caso de emergências, mas é preciso botar tudo na ponta do lápis para saber se economia é real
Modo escuro
(Nancy Guth/Pexels)
Publicado em 6 de fevereiro de 2023, 11h00.
Última atualização em 9 de fevereiro de 2023, 13h20.
Quando o servidor público Renato Oliveira foi buscar sua gata, que precisou passar a noite em uma clínica veterinária, veio o susto: em 24 horas apenas, a conta tinha ficado em quase R$ 2 mil. “A diária de internação incluiu exames e medicação, que somados deram esse valor. Me pegou de surpresa e extrapolou bastante o meu orçamento mensal”, conta.
Para evitar gastos não previstos como este, além de oferecer uma rotina de cuidados mais frequente a cães e gatos, é que vêm se multiplicando pelo país os planos de saúde para pets. Só no estado de São Paulo, o Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) tem 20 empresas registradas, 500% mais do que em 2012.
“Nos últimos anos, a estreita convivência entre o homem e os animais de companhia, o aumento da expectativa de vida dos pets e a especialização diagnóstica e terapêutica da medicina veterinária levaram os tutores a procurarem esse tipo de serviço”, comenta a coordenadora técnica do CRMV-SP, Anne Pierre Helzel.
À procura de um melhor planejamento financeiro
Com 149,6 milhões de pets no país, segundo o último censo do Instituto Pet Brasil (IPB), esse é um mercado que está crescendo. “Aumentou o número de pessoas com pet em casa e, consequentemente, a busca por um custo mais adequado dos cuidados com os animais, que estão mais longevos”, analisa o presidente do Conselho Consultivo do IPB, Nelo Marraccini.
A ideia é atrativa: oferecer uma rede de atendimento, porém, com maior controle financeiro ao seu tutor, que terá um custo mensal fixo. Mas será que essa alternativa sempre vale a pena, para o bolso e para o pet?
Segundo especialistas, depende. Não é só o valor da mensalidade que importa – outros fatores devem ser considerados nessa conta, caso a caso. Caberá ao dono do animal de estimação botar tudo na ponta do lápis e avaliar se o custo-benefício é vantajoso.
Quanto se gasta com a saúde de um animal de estimação?
Os gastos variam conforme a condição física, idade e rotina de cada pet. Mas, para se ter uma ideia das despesas básicas e previsíveis, apenas as vacinas obrigatórias (polivalente e antirrábica) representam um custo médio de R$ 270 por ano, segundo a veterinária Andressa Emiliano, proprietária do Emiliano Centro Veterinário, em São Paulo.
“Pets que frequentam creches, day care, hotel ou encontram outros animais em parques também devem receber as vacinas de gripe e giárdia”, acrescenta. Juntas, as duas custam cerca de R$ 330. Assim, só de vacina podem ser desembolsados até R$ 600 anuais. Considerando nesse período ao menos uma consulta de rotina com veterinário, são mais R$ 180, em média.
Entre os gastos não planejados, se o animal precisar de uma consulta de plantão ou emergência, por exemplo, o tutor paga aproximadamente R$ 250 (preço médio na cidade de São Paulo). Já no caso de uma cirurgia de alta complexidade, o abalo financeiro pode ser bem maior. “Alguns planejamentos podem ultrapassar os R$ 20 mil, principalmente se houver a necessidade de internação em UTI”, explica a veterinária.

Serviços veterinários movimentaram R$ 4,7 bilhões em 2021, de acordo com o IPB (Getty Images/Getty Images)
Como funciona um plano de saúde para pet?
O serviço é semelhante ao convênio médico para humanos: o cliente paga um valor fixo mensal e tem acesso a uma rede credenciada para atendimento, que geralmente conta com clínicas, hospitais e laboratórios.
De acordo com o CRMV, que regulamenta os planos de saúde animal no país, não há um rol mínimo de procedimentos obrigatórios, como no serviço para humanos. Por isso, existe bastante diferença entre os convênios oferecidos no mercado.
O plano de saúde pet tem carência?
Na maioria das opções, há a necessidade de cumprir períodos de carência para começar a usar os serviços, que variam conforme a empresa e o procedimento. A carência para consultas, por exemplo, geralmente é de 30 dias e para castração, 180.
Se o animal tiver uma doença preexistente e o plano aprovar a cobertura, a espera para realizar procedimentos relacionados a essa condição pode ser ainda maior, até um ano.
As seguradoras também costumam ter uma lista de doenças impeditivas, que bloqueiam automaticamente o ingresso do pet no plano.
Mesmo após cumprir a carência, é comum que os planos tenham um limite anual de utilização por animal, de acordo com o contratado, como número de consultas e exames, e um intervalo de tempo mínimo entre eles.
O que o convênio pet cobre?
Cada empresa personaliza os planos de saúde que oferece como preferir. “Existem diversas opções de cobertura hoje no mercado, desde as mais básicas até as mais completas”, explica Nelo Marraccini, do IPB.
Para exemplificar, entre os planos da Dog Life, a opção mais simples (Pet Start) cobre consultas generalistas, vacinas obrigatórias e exames laboratoriais. Já o pacote avançado (Pet Max) abrange também consultas em domicílio e com especialistas, outras vacinas, exames de imagem e cardíacos, diárias de internação, serviços de enfermagem, diferentes tipos de anestesia, limpeza de tártaro e cirurgias, inclusive castração e cesárea. O plano Pet Start sai por R$ 68 mensais e, na opção superior, Pet Max, a mensalidade vai para R$ 235.
Na Pet Health, o plano de entrada (Pet Slim) cobre consultas de rotina e emergência, vacinas anuais e exames laboratoriais. A opção premium (Pet Exclusive 2.0) oferece exclusão de carência para consultas (de rotina, domiciliar e urgência), vacinas obrigatórias e eletivas e alguns procedimentos veterinários, além de cobrir exames de alto custo, uso de medicamentos especiais, anestesias, internação e cirurgias, inclusive odontológicas. O Pet Slim, custa R$ 59,90 e o Pet Exclusive 2.0, R$ 149,90.
Algumas empresas disponibilizam ainda terapias complementares, como acupuntura e fisioterapia, e coberturas extras – seguro-desemprego caso o tutor perca sua fonte de renda, auxílio funerário e até orientação para dificuldades de comportamento, como ansiedade de separação, destruição de objetos ou xixi e cocô em lugares inadequados.
Quanto custa um plano de saúde animal?
Anne Pierre Helzel esclarece que existe uma grande variação dos valores no mercado. “Os preços dos planos são diferentes conforme a cobertura, os serviços e o clube de benefícios disponibilizados”, diz. Por isso, é possível encontrar mensalidades desde menos de R$ 40 até opções de mais de R$ 300 por mês.
O custo mensal pode variar ainda, em algumas seguradoras, em função da idade do pet (alguns convênios não aceitam animais idosos, inclusive) ou ter desconto se o contrato for para mais de um animal. Se o modelo de pagamento adotado for o de coparticipação, também impacta o preço. Essa opção tem a mensalidade mais barata, mas a cada procedimento realizado o cliente arca com parte dos custos.
Os planos da Petlove são exemplos de coparticipação, com mensalidade econômica: o plano de categoria intermediária (Tranquilo) é mais em conta que a maioria, R$ 49,90, e o completo (Ideal) sai por R$ 99,90. Em ambos, o consumidor paga, além da mensalidade, um valor baixo, tabelado, pelo procedimento que usar.
Contratar um plano de saúde para pet vale a pena financeiramente?
Já que preços, coberturas, condições do contrato e necessidades de cada animal diferem muito, os especialistas dizem que cada caso é um caso. “Para saber se vale a pena, o tutor deve dimensionar o melhor custo-benefício, segundo o perfil de seu amiguinho e o orçamento familiar”, orienta Anne.
Para isso, é preciso listar as demandas de saúde do pet (vacinas, consultas, tratamentos, exames) e o quanto isso representa de gastos ao final de um ano. Então, o consumidor deve pesquisar a opção ideal de plano, que atenda à mesma demanda, e somar 12 mensalidades para obter o total anual e comparar os valores: particular versus convênio.
O total do plano sai mais em conta do que pagar tudo particular? Ótimo começo. Mas tanto o CRMV-SP como a veterinária Andressa Emiliano alertam que outras questões devem entrar nessa soma:
- A rede credenciada é satisfatória e atende a sua região ou será preciso um longo deslocamento?
- Qual a idade do pet? Considere que animais idosos demandam mais cuidados de saúde.
- Quais são os períodos de carência? Calcule também os valores que terá que arcar no tempo em que ainda não pode usar o plano.
- Quais são as vacinas fornecidas e o limite de vezes que os serviços podem ser usados?
- Há reembolso para atendimento fora da cidade e quais os valores? Para quem viaja sempre com o pet é um fator importante.
- Tem coparticipação? Se sim, quanto é preciso acrescentar à soma, por ano, dos procedimentos de rotina pelo menos?
- Se o plano escolhido não cobre exames de alto custo, cirurgias, internação e outras situações imprevistas, a família teria orçamento para bancar esses gastos?
Equacionar todos esses pontos e custos é o caminho para descobrir se o convênio é vantajoso no seu caso. Se optar pelo plano, leia cuidadosamente no contrato os detalhes da cobertura (dentro e fora do seu município), as carências e se todas as ofertas feitas pelo vendedor constam no documento.
“Verifique também se o contrato traz uma política de ajuste de preços para evitar surpresas, especialmente em relação a gênero, raça, idade e enfermidades preexistentes”, salienta a coordenadora técnica do CRMV-SP. É possível consultar se a empresa está devidamente registrada no Conselho neste link.
4 outras formas de gastar menos com a saúde do seu pet
- Aproveitar as campanhas gratuitas de vacinação oferecidas pela prefeitura da sua cidade;
- Verificar se há hospitais veterinários públicos na sua região e quais as regras para atendimento;
- Informar-se sobre atendimento gratuito em universidades que contam com hospital veterinário. A USP, por exemplo, tem parceria com a prefeitura de São Paulo e atende, sem custo, cães e gatos de famílias de baixa renda;
- Fazer um fundo de reserva para o pet mensalmente, para cobrir eventuais gastos durante a vida dele. É uma opção que requer mais comprometimento, mas tem suas vantagens: você guarda dinheiro, só gasta quando for necessário e não compromete o orçamento se o seu animal de estimação precisar de cuidados imprevistos.
Últimas Notícias
Cinema pela metade do preço? Clientes do Banco PAN agora pagam menos no Kinoplex
Há uma semanaBrands
Uma palavra dos nossos parceiros
Acompanhe as últimas notícias e atualizações, aqui na Exame.
leia mais