A feira de negócios para crianças que já engajou quase 60 mil jovens
Surgida em Austin, no Texas, a Acton Children’s Business Fair já chegou a 376 cidades de 16 países — e pode ser replicada, com o apoio dos fundadores, em qualquer parte do mundo
Modo escuro
Mikaila Ulmer, CEO da Me & The Bees Lemonade: hoje à venda na rede Whole Foods, a marca nasceu numa feira de negócios para crianças, em 2007 (Microsoft/Divulgação)
Publicado em 8 de agosto de 2022, 10h00.
Última atualização em 8 de agosto de 2022, 10h17.
Quando tinha quatros anos de idade, a americana Mikaila Ulmer foi picada por duas abelhas em um curto espaço de tempo e, em seguida, pelo empreendedorismo. “Em vez de ficar brava com as abelhas, por que você não faz uma pesquisa sobre elas?", a texana ouviu de seus pais quando estes notaram o ódio que ela havia adquirido por aqueles insetos. A menina seguiu o conselho, caiu de amores pelas abelhas e passou a vender limonada com mel para a vizinhança.
A iniciativa deu origem à marca “Me & The Bees Lemonade”, que, em 2015, amealhou US$ 60 mil na versão americana do programa Shark Tank. Então com dez anos de idade, Mikaila ouviu a seguinte provocação de um dos “tubarões”: “Se você realmente acreditasse nisso, você teria largado a escola e faria isso em tempo integral”.
Veja o que a texana, hoje uma adolescente de 17 anos, respondeu: “Fui CEO da minha empresa por metade da minha vida. Quantos CEOs podem dizer a mesma coisa?”.
Hoje à venda na rede Whole Foods, a “Me & The Bees Lemonade” nasceu numa feira de negócios para crianças surgida em Austin, no Texas, em 2007. É a Acton Children’s Business Fair, fundada por um casal de empreendedores: Jeff e Laura Sandefer, ela autora de “Coragem para crescer: como a Acton Academy vira o aprendizado de cabeça para baixo”.
É incrível o que os jovens podem fazer”, Jeff declarou em uma entrevista. “Essa garota começou aos quatro anos e meio, em nossa feira, e aos 12 anos tem um negócio que vale US$ 12 milhões.”

Acton Children’s Business Fair: criada em Austin, no Texas, pelo casal Jeff e Laura Sandefer para despertar a veia empreendedora em crianças e jovens (-/Divulgação)
Empreendedorismo para crianças
A dupla resolveu tirar a feira do papel, com a ajuda de amigos, para tentar despertar a veia empreendedora dos três filhos. Com o passar dos anos, o evento explodiu. Já teve mais de 1.200 edições em 376 cidades de 16 países — da Jamaica à Romênia.
O Brasil não faz parte da lista, mas os fundadores incentivam qualquer pessoa que queira replicar a feira na própria vizinhança. “Se você é capaz de montar uma barraca de limonada, você pode organizar uma feira”, é um dos lemas dos organizadores.
Tudo somado, a Acton Children’s Business Fair já engajou quase 60 mil crianças e jovens empreendedores. E o sucesso da feira levou Jeff e Laura Sandefer a montarem uma escola, em 2010, a Acton Academy, hoje com mais de 200 unidades nos Estados Unidos. “As crianças podem fazer muito mais do que você pode imaginar”, declarou Jeff, na mesma entrevista. “Acho que uma das minhas maiores surpresas foi descobrir que ensinar e aprender não são a mesma coisa. Você pode aprender muito sem ter um professor. E não há nada de errado em ter um professor. Mas ele pode te ensinar muito e você não aprender nada.”
Ensinando crianças a criarem um negócio
Daí o sucesso da Acton Children’s Business Fair, que encoraja a criançada a aprender na prática como se cria um negócio. Os participantes, em geral na faixa dos 6 aos 14 anos, precisam desenvolver uma estratégia de negócios, comercializar seus produtos por conta própria, aprimorar os argumentos de venda e definir os preços cobrados (é de imaginar que os pais dão uma força nos bastidores).
Podem voltar para casa com lucro no bolso e também prêmios em dinheiro, destinados a quem apresenta o melhor potencial de negócios, dispõe do melhor argumento de vendas e de uma estratégia de marketing original.
Em 2018, uma garota chamada Isabella, na época com 8 anos, participou de uma edição da feira — em outra região dos Estados Unidos — disposta a conquistar o mercado de meninos. Suas bandanas feitas à mão eram um sucesso entre as meninas, mas eles não davam a menor bola para esses acessórios. Daí a nova aposta dela: chaveiros descolados. “Pensei no que os meninos poderiam gostar”, justificou ela para o “The Washington Post”. “Eu sei que os garotos gostam de chaveiros.”
Na mesma edição da feira, Semaiah Luma, então com 10 anos, comercializou roupas africanas coloridas, com direito a turbantes, para bonecas Barbie. “Você geralmente só vê roupas cor-de-rosa ou roupas casuais simples”, afirmou, para o mesmo jornal, a jovem empreendedora, que na época cursava a quarta série. “Você realmente não vê roupas africanas.” Crianças com tamanho senso de oportunidade são igualmente raras.
Últimas Notícias
Branded contents
Conteúdos de marca produzidos pelo time de EXAME Solutions
O paradigma da "nova economia” versus a “velha economia"
Acompanhe as últimas notícias e atualizações, aqui na Exame.
leia mais