Estagflação: o que é e como impacta a economia?
Entenda o que é e quais são suas consequências para a economia brasileira
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Inflação alta e níveis alarmantes de desemprego podem levar a economia a um estado perigoso (ajt/Getty Images)

Publicado em 8 de maio de 2023, 07h30.
Muitos economistas apontam a estagflação como o maior risco de longo prazo que nossa economia poderia enfrentar. Crescimento lento, aumento de preços (causado pela alta inflação) e alto desemprego formam uma combinação negativa que pode prejudicar as economias dos países, muitos ainda se recuperando dos impactos da pandemia de Covid-19.
Mas, o que é estagflação?
A estagflação é uma condição econômica na qual o crescimento econômico torna-se estagnado, com desemprego e inflação altos ocorrendo simultaneamente. Em outras palavras, é uma combinação de estagnação e inflação.
Em resumo, é um fenômeno econômico complexo, já que desafia a teoria econômica convencional de que a inflação deveria cair durante uma recessão.
Como resultado, durante esse período, o desemprego e a inflação podem ser altos, e as moedas se depreciam, enquanto a economia não tem crescimento relevante para a geração de empregos.
Além disso, muitas das ferramentas econômicas comuns acabam não surtindo efeito, tornando difícil para os governos implementarem políticas eficazes para lidar com o problema.
Efeito looping
Com um crescimento econômico lento e um aumento nas taxas de desemprego, os preços aumentam, mas o poder de compra não acompanha a tendência inflacionária.
Em um cenário típico, uma economia lenta diminuiria a necessidade de bens e serviços, levando a uma queda nos preços. No entanto, a mistura única de características da estagflação funciona em conjunto.
Desse modo, à medida que os preços aumentam, os desempregados e aqueles com orçamentos limitados enfrentam uma pressão financeira significativa, as pessoas são obrigadas a economizar com mais frequência.
Isso leva a menores gastos do consumidor, que pode levar a menores receitas para as empresas, o que leva a um efeito looping na economia, difícil de encerrar.
O que causa a estagflação?
Uma variedade de fatores pode contribuir para a estagflação:
- Aumento dos preços no fornecimento de energia ou alimentos: choques de oferta, como menor produção de recursos essenciais como o petróleo;
- Interrupções na cadeia de suprimentos: Aumentos nos preços de insumos ou mudanças climáticas levando, por exemplo, a diminuição da produção agrícola;
- Demanda agregada em excesso: A demanda é maior que a capacidade de produção da economia, faz com que os preços subam;
- Crises como recessões ou depressões também podem ser uma causa da estagflação. Quando ocorre uma recessão, a produção e o emprego caem, mas se a persistência for alta, pode levar a uma situação de estagflação.
Como combater a estagflação?
Muitas vezes essa é considerada um dos problemas econômicos mais difíceis de lidar, já que as medidas de combate que podem ser tomadas, como o aumento das taxas de juros, podem exacerbar a desaceleração da economia e as perdas de empregos.
Por outro lado, medidas que podem ser tomadas para estimular a economia e reduzir o desemprego, como baixar os juros ou aumentar os gastos do governo, também podem piorar a situação.
Contudo, na década de 1970, o mesmo homem que descobriu o problema, Robert A. Mundell, também encontrou uma possível solução para a estagflação.
A abordagem de Mundell era simples: taxas de impostos mais baixas para empresas e indivíduos para aumentar seu poder de compra imediato,ao mesmo tempo em que limitava a disponibilidade de empréstimos.
Essas duas políticas simultâneas criam uma maior demanda por dinheiro disponível, tornando-o mais valioso em tempos de escassez de oferta e simultaneamente quebrando a inflação.
Contudo, vale destacar que não existe uma solução única para combater a estagflação, pois a política mais adequada dependerá das características específicas da economia em questão.
Estagflação e recessão são a mesma coisa?
Um dos aspectos mais marcantes desse fenômeno é o crescimento baixo ou estagnado da produção econômica, enquanto em uma recessão, a produção econômica cai.
Além disso, normalmente, as recessões levam a uma inflação baixa e a preços ainda mais baixos de bens e serviços, enquanto a estagflação é acompanhada por uma inflação alta.
Vale notar, por exemplo, que pode ocorrer recessão sem estagflação, quando há queda significativa da atividade econômica sem queda acentuada, ou pode haver estagflação sem recessão total quando a economia continua crescendo, mas a um ritmo muito lento.
Contudo, tirar a economia desse estado pode exigir que as forças econômicas empurrem a economia para a recessão para, finalmente, conter os gastos e controlar a inflação.
De acordo com alguns economistas, a justificativa é que os mercados se recuperam mais rapidamente das perdas de empregos do que dos preços ao consumidor persistentemente altos.
Estagflação no Brasil
O Brasil já teve estagflação no passado. O país enfrentou esse problema na década de 1970, quando passou por um período de baixo crescimento econômico, alto desemprego e alta recessão.
Durante este período, conhecido como a "década perdida", a economia brasileira teve dificuldades para crescer, mantendo a estabilidade macroeconômica. Além disso, mais recentemente, o Brasil também desencadeou uma crise econômica, gerando uma preocupação para uma estagnação acompanhada de inflação alta.
Durante a recessão de 2014-2016, a economia encolheu, o desemprego aumentou acentuadamente e a moeda desvalorizou, levando o país a uma situação econômica e política difícil.
No entanto, a atual situação macroeconômica do Brasil não é a mesma da estagflação dos anos 1970 ou da crise aguda de 2014-2016. O desemprego ainda preocupa, mas há um quadro de recuperação econômica.
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