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Educação financeira: mesada digital para as crianças vale a pena?

Entenda quando começar a dar dinheiro para aos pequenos, o melhor valor, e os cuidados com plataformas que oferecem esse tipo de serviço

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 (PM Images/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 20 de maio de 2022, 09h00.

Última atualização em 5 de agosto de 2022, 10h59.

A educação financeira deve ser um objetivo das famílias e, nesse sentido, dar mesada pode ser uma intervenção muito potente, acredita a educadora parental e pedagoga Larissa Machado.

Segundo ela, quando bem conduzida, a mesada pode ensinar muitas coisas valiosas para as crianças e adolescentes: como lidar com as frustrações, saber esperar, guardar dinheiro, e eleger prioridades.

“Aprender que não se tem tudo que deseja ao seu tempo e a sua hora e que certas coisas precisam ser conquistadas por si são lições importantes para vida”, afirma.

O que é mesada educativa

Para que o uso da mesada seja positivo, é importante que ela faça parte de um conjunto de combinados que gerem aprendizado para as crianças e jovens, como por exemplo:

  • Combinar o valor e a periodicidade da mesada
    Quanto menor a criança, mais indicado é que o período seja curto (semanal), em função da noção temporal ainda em desenvolvimento, explica Larissa.
    À medida que a criança vai crescendo, essa periodicidade pode ir aumentando para quinzenal, até chegar a ser mensal. 
  • Alinhar o que vai ser comprado com o dinheiro
    A quantia dada não deve ser para comprar lanche na escola, por exemplo, pois a criança pode deixar de se alimentar para juntar mais dinheiro.
    Também não deve ser destinada a coisas que são “obrigação” dos pais, como roupas básicas e materiais escolares, ensina a educadora parental.
    Ele pede cuidado ainda para que a mesada não seja associada a obrigações das crianças, como fazer o dever de casa, arrumar a cama, ou ajudar em outras tarefas domésticas.“Isso deve fazer parte das suas responsabilidades e ela não deve receber por isso”, diz.
    A mesada deve estar associada a pequenos supérfluos ou desejos das crianças e adolescentes como, por exemplo, figurinhas, um brinquedo ou jogo fora das datas que se ganha presente dentro de cada família.
    Para os adolescentes, pode ser usada para pagar aquela conta de celular que ultrapassou o valor combinado, um tênis de uma marca específica que deseja, ou ir a uma festa a mais no mês.

Obviamente, esses acordos, diz Larissa, devem sempre partir dos valores de cada família e da sua condição sócio econômica, pois o que pode ser considerado supérfluo para uma família pode não ser para outra. 

O que vai ser comprado também deve fazer parte de acordos. Os adolescentes, por exemplo, não podem fazer uso desse valor para comprar coisas que não sejam aprovadas pelos pais (álcool, cigarro, certos jogos).

“O fundamental é que esses acordos sejam construídos em conjunto e frutos de muito diálogo, transparência e verdade dos dois lados”, diz. “A mesada pode ensinar muito, mas também deve estar claro que é dada certa liberdade para o uso da quantia, portanto deve estar diretamente ligada à responsabilidade."

Caso os pais percebam um “mau uso”, é importante novas conversas e discussões a respeito dos combinados feitos. “A orientação deve ser constante e para isso são fundamentais a presença, o diálogo e o respeito.”

Qual a idade certa para dar mesada?

A idade para começar a introduzir a mesada, se essa for uma intenção da família, deve ser por volta dos 5 ou 6 anos, quando a criança, de maneira geral, já consegue fazer pequenos cálculos matemáticos e já tem uma noção de adição e subtração, explica Larissa. 

Cintia Naiara de Souza Melo, consultora pedagógica e especialista em educação do Gênio das Finanças, diz que a mesada é uma excelente ferramenta para inserir a educação financeira na vida das crianças, principalmente a partir dos 5 anos de idade.

“Por meio dela podemos desenvolver habilidades acerca do planejamento e administração, trabalhar conceitos como valor versus preço e apresentar estratégias de consumo consciente”, afirma. 

Entretanto, é importante que a família se atente ao valor adequado a cada faixa etária e ao diálogo acerca do entendimento de que, uma vez que essa criança já recebe a mesada e já tem suas necessidades básicas atendidas, não irá receber mais dinheiro sempre que pedir, pois dessa forma o efeito seria contrário, tornando-a consumista, alerta Cintia.

Como calcular o valor da mesada

Cintia menciona que os estudos atuais apontam que o ideal, de acordo com a realidade financeira da família, é adequar um valor entre 1 e 5 reais por ano de vida da criança. Assim, uma criança de 10 anos receberia entre 10 e 50 reais por mês.

“Isso pode mudar de criança para criança, portanto é importante que a família esteja atenta a essa habilidade”, alerta Cintia. “Se a criança ainda não dá conta de fazer esses pequenos cálculos, é indicado que os pais estimulem experiências de compra e venda com o apoio.

Um exemplo é dar um valor para a criança comprar picolé na praia e receber o troco ou comprar pão na padaria, com a supervisão direta até começar a ter essas noções para gerenciar sua pequena semanada.

Mesadas digitais são uma boa opção?

Fintechs e bancos digitais estão lançando o que se chama no mercado de “mesada digital”. As ferramentas disponíveis incluem aplicativos de mesada virtual, cartões de débito e crédito pré-pagos e costumam ser totalmente digitais.

A criança ou adolescente pode controlar sua própria conta corrente ou cartão, consumir em lojas virtuais e até realizar investimentos. 

Para Cintia, é importante inserir as crianças nesse contexto das finanças digitais, mas com cautela. “Como tudo que é novo, ainda que existam órgãos e legislações que regulamentem as instituições financeiras e tentem garantir a segurança do consumidor, a vulnerabilidades dos sistemas ainda é grande, o que pode possibilitar fraudes de identidade, invasão de sistemas, entre outros, além de promessas em investimentos com retorno rápido e alto”, diz.

“Nesse sentido, é importante sempre estar atento às medidas de segurança de dados, além de estudar e pesquisar referências das instituições e serviços antes de confiar seus dados e dinheiro nelas.”

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