Usar o cartão de crédito para pagar as contas pode ser uma armadilha?
Especialista explica que alternativa tem suas vantagens quando usada com disciplina, mas se torna arriscada se o consumidor não consegue se organizar
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A credit card sitting on a mousetrap. Very high resolution 3D rendered image. Fictional numbers, name and card design. (mevans/Getty Images)

Publicado em 12 de maio de 2023, 07h30.
Praticamente qualquer tipo de conta pode ser paga hoje com cartão de crédito – água, luz, plano de saúde, escola dos filhos – e muitos brasileiros estão usando essa alternativa no lugar do débito à vista para gerenciar os seus gastos. A opção é vantajosa quando bem utilizada, porém, também pode ser uma armadilha se adotada sem controle.
“É uma boa para quem é organizado, entende que tem uma fatura em aberto e administra bem seus recursos para não ficar inadimplente”, explica a professora Juliana Inhasz, coordenadora da graduação em Economia do Insper.
“Mas pode ser uma baita fria para quem não se planeja. Jogando uma conta no cartão de crédito, a pessoa está postergando por algum período esse pagamento, mas ele vai precisar acontecer de alguma forma”, alerta.
Quando pagar contas no cartão de crédito vale a pena
A especialista explica que, para aqueles realmente disciplinados com as finanças, uma forma de uso que vale a pena é concentrar as contas no cartão e aproveitar os benefícios de postergar o pagamento aplicando o dinheiro no período, até o vencimento da fatura.
Assim, ele rende e fica guardado para quitar a fatura depois. “Se pensarmos em uma soma de R$ 1.000 ou R$ 2.000, o rendimento faz diferença”, diz.
Para quem não é tão disciplinado assim, é uma solução inteligente usar o cartão para pagar um boleto quando há um pequeno e eventual descompasso financeiro. Por exemplo: você tem sempre controle das despesas, mas precisou ir ao dentista inesperadamente, gastou mais do que o esperado para o mês e naquele momento específico não tem dinheiro para pagar uma conta.
“Nesse caso, o cartão é uma saída simples para a situação, porque coloca o pagamento para a frente, quando você já vai ter o recurso, e evita pagar o boleto com juros. É vantajoso nesse aspecto”, comenta Juliana Inhasz.
Quando pode ser uma cilada usar o cartão para pagar contas
É exatamente nessa facilidade de acesso ao crédito do cartão que mora o perigo. Como a cada conta paga o saldo devedor vai aumentando, quando a fatura chegar no mês seguinte, será preciso ter guardado dinheiro para quitá-la.
Mas muita gente se perde com os gastos nesse meio tempo e depois não consegue pagar integralmente o cartão ou atrasa o pagamento. “O grande problema é esse: as pessoas vão passando no cartão como se não houvesse amanhã, e o amanhã chega com a fatura”.
Essa falta de gestão do dinheiro gasto acaba transformando o que poderia ter sido uma estratégia inteligente em uma armadilha. “Você precisa pagar no dia certinho e o valor total, porque os juros do cartão são altíssimos, um abuso. Senão, você troca uma dívida por outra muito maior”, salienta a professora do Insper.
Evite os juros altos do rotativo do cartão
É por esse comportamento, de uso sem planejamento, que o cartão de crédito é o principal fator de endividamento do brasileiro. Dados da pesquisa Perfil e Comportamento do Endividamento Brasileiro, da Serasa Experian com a Opinion Box, mostram que, entre os inadimplentes no país em 2022, 53% deviam no cartão.
O mesmo levantamento apontou que seis em cada dez endividados desconhecem os valores de tarifas e juros cobrados por atraso de pagamento. No caso dos juros rotativos do cartão de crédito, são um dos mais altos do mercado. Segundo o Banco Central, no período de 4 a 11 de abril, chegavam a exorbitantes 1.077% ao ano dependendo da instituição financeira.
Por isso, se houve um descontrole e não estiver seguro de que conseguirá pagar o total da fatura, Juliana sugere ir por um caminho menos arriscado – como o crédito consignado (para quem trabalha com carteira assinada), que tem juros bem menores – do que atrasar ou parcelar o cartão de crédito.
Resolvida a dívida, é hora de passar a gerenciar melhor o dinheiro. Imprevistos acontecem e estão fora do seu controle, claro, mas outras despesas são conhecidas (como aluguel, condomínio, telefone, convênio médico, escola) e, portanto, podem ser melhor programadas.
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