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60% dos microempreendedores recorrem a empréstimos pessoais para financiar empresa

Falta de educação financeira e dificuldade de acesso ao crédito explicam por que empreendedores vão em busca de verba como pessoa física em vez de jurídica

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 (SDI Productions/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 22 de fevereiro de 2023, 08h15.

No último ano, 61% do grupo formado por micro e pequenas empresas e microempreendedores individuais (MEI) que recorreram a empréstimos bancários e financiamentos solicitaram o crédito diretamente, utilizando a pessoa física do dono, e não a pessoa jurídica do negócio, segundo levantamento do Sebrae. 

O percentual é um recorde na série histórica da pesquisa Financiamento dos Pequenos Negócios no Brasil, que é realizada anualmente desde 2013 e em 2023 entrevistou 6.345 empresários de todas as unidades da federação. 

Em dez anos, é a primeira vez que o crédito concedido em nome de pessoa física é maior que o de pessoa jurídica.  

Porte da empresa tem influência

Para o presidente do Sebrae, Carlos Melles, o cenário identificado no estudo é consequência direta do considerável crescimento de MEI na economia, paralelamente à redução das fontes de financiamento. Dos negócios de pequeno porte abertos no último ano, 78% são MEI.

“Entre 2020 e 2022, foram criados no Brasil, segundo o Portal do Empreendedor, do Ministério da Economia, o total de 5,2 milhões de novos microempreendedores individuais, que representam o perfil do dono de pequeno negócio que mais recorre aos empréstimos pessoais para financiar a empresa”, afirma.

No ano passado, 73% dos MEI se valeram do crédito pessoal, enquanto que entre as empresas de pequeno porte (EPP) o índice foi de 50% e, nas microempresas (ME), de 46%.

Empreendedores com menor escolaridade foram os que mais recorreram a empréstimo para pessoa física em 2022 (Arte Sebrae/Reprodução)

Nível de escolaridade do empresário também conta

Melles ressalta que o cenário é afetado ainda pela questão escolaridade: “Quanto maior o nível de escolaridade, maiores são as chances de o empreendedor usar os caminhos convencionais para buscar crédito para a empresa”. 

O estudo apontou que, entre os donos de pequenos negócios com pós-graduação, 62% usaram a pessoa jurídica para recorrer aos bancos. Por outro lado, entre os empreendedores com nível fundamental, somente 33% foram pelo mesmo caminho. Os dois terços restantes conseguiram crédito por meio da pessoa física.

Quase ¾ dos MEI optaram pelo crédito pessoal em 2022 no lugar de usar o CNPJ da empresa (Arte Sebrae/Reprodução)

 

Dificuldade em obter crédito é a principal queixa 

No ponto de vista dos empreendedores, muito da realidade desenhada pela pesquisa se deve à dificuldade de acesso ao crédito. Entre 2020 e 2022, a proporção de empresários que relatam dificuldades em obter um novo crédito saltou de 63% para 84%, outro recorde da série. As barreiras mais citadas foram falta de garantias reais (20%), taxa de juros muito alta (17%) e falta de avalista/fiador (11%).

O presidente do Sebrae lembra, no entanto, que mesmo diante dessas dificuldades uma das primeiras orientações da entidade para qualquer pessoa que planeja abrir o próprio negócio é separar as contas pessoais das contas da empresa.  

“Confundir a gestão da empresa e da pessoa física é um dos maiores erros que os empresários podem cometer. Isso torna o controle do orçamento da empresa praticamente impossível e pode comprometer seriamente a saúde financeira do negócio”, diz. 

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