Aposentadoria – Faça como o Capitão Nascimento
Uma das regras básicas do sucesso financeiro: "Esperar o melhor, mas se preparar para o pior" (5o e último artigo da série sobre "aposentadoria")
Da Redação
Publicado em 21 de maio de 2012 às 16h33.
Última atualização em 21 de dezembro de 2018 às 20h04.
Este é meu quinto artigo consecutivo com o título “aposentadoria”. Minha ideia é parar por aqui, ao menos por enquanto, e voltar a outros temas de finanças pessoais, economia e investimentos. Quero começar este último artigo agradecendo o interesse e a paciência dos meus leitores ao longo dessas últimas semanas. A partir do próximo artigo, voltaremos à “vida normal” (se é que se pode dizer isso) e a dar um tempo nas questões previdenciárias.
O assunto aposentadoria é um dos tópicos principais no universo das finanças pessoais. Aqui no Brasil, ainda nem tanto. Nossos maiores problemas parecem estar associados ao consumo e ao endividamento; afinal, estamos vivendo uma fartura de crédito sem precedentes e, nenhuma surpresa, muitas pessoas estão trocando os pés pelas mãos. Mas, fora do Brasil, a aposentadoria é um dos assuntos dominantes.
Muito se fala, por exemplo, da previdência pública, que é um modelo “falido” e outras coisas mais. Quando se fala em previdência e aposentadoria no Brasil, muitas vezes as pessoas o fazem opondo o modelo público ao modelo privado, argumentando (de forma correta) que a pessoa que pretende se aposentar com um padrão de vida mais elevado deve recorrer à previdência privada. Meu objetivo com esses artigos é levar essa discussão para um próximo nível. Deixar um pouco de lado essa dicotomia entre previdência pública e privada e questionar a aposentadoria em si. Afinal, se aposentar ou não se aposentar?
Recebi, nesse período, muitos emails e mensagens de leitores nas redes sociais. Houve uma quase unânime concordância com o fato de que se aposentar no futuro será algo bem mais difícil e desafiador do que hoje. Algumas das mensagens que recebi concordavam integralmente com os pontos que expus. Outras demonstravam concordância com os argumentos mas, ao mesmo tempo, deixavam transparecer uma grande decepção e um certo temor de que a aposentadoria não seria uma coisa viável (ao menos não nas bases que essas pessoas imaginavam). Outras pessoas escreveram dizendo que, independente do que o futuro possa nos reservar, não estariam dispostas a abrir mão da aposentadoria. Bem, este artigo é feito especialmente pensando nesses últimos.
Ok, então vamos nos aposentar, mas vamos fazer um plano de aposentadoria defensivo, conservador e com alguma probabilidade de sucesso caso o Brasil se torne realmente um país com uma realidade financeira compatível com aquela das atuais economias desenvolvidas. Vamos começar pelo seguinte: esqueça, de uma vez por todas, as taxas de juros e os retornos financeiros comumente encontrados aqui no Brasil. Faça de conta que eles nunca existiram e pesquise os retornos encontrados nas economias desenvolvidas (aquele site que começa com “G” está aí para isso). Escolha a economia desenvolvida de sua preferência como modelo ou, se preferir, faça uma média dos retornos de várias delas e crie seu próprio “índice”. Uma dica: qualquer coisa com retornos reais (descontada a inflação) acima de 1 ou 2% ao ano já é algo bastante otimista…
Talvez seja interessante usar a regra dos 4%, criada por Bill Bengen (saiba mais sobre essa metodologia clicando aqui ) e vamos ajustá-la para 3% ou 2%, segundo as recomendações do pesquisador de finanças Wade Pfau. Essa regra não é lá nenhuma maravilha, mas já nos proporciona uma abordagem mais realista do que a que estamos acostumados a praticar aqui.
Agora vamos dar o “toque final”… A regra dos 4% foi criada imaginando que a pessoa teria um período de aposentadoria de trinta anos, mas nosso amigo Bill Bengen, autor da regra, diz que anda sugerindo aos seus clientes que façam suas estimativas imaginando que viverão até os 105 anos (veja aqui ). Pode parecer algo otimista demais vivermos tanto assim (e talvez seja), mas não devemos subestimar os avanços da tecnologia e da medicina nos próximos anos. Talvez o número seja até conservador! Mas vejam que interessante: Mr. Bengen está sugerindo, então, que as pessoas se aposentem apenas aos 75 anos. Uhmmmm… Acho que o pessoal não vai gostar disso… Se for para se aposentar mais cedo, então é bom reduzir ainda mais o percentual ou acumular um patrimônio bem maior, pois a diferença entre um período de aposentadoria de trinta anos e outro de, por exemplo, quarenta, é bastante grande.
Pronto, já temos alguns parâmetros para fazermos um plano de aposentadoria mais realista, e agora? Agora é começar a executar. Não será fácil e provavelmente também não será agradável, mas se o objetivo é uma aposentadoria “à moda antiga”, é melhor seguir esse roteiro. Se você fizer tudo isso e o Brasil realmente virar uma economia de “primeiro mundo” nesse período, muito provavelmente você terá uma boa aposentadoria e o sacrifício terá valido a pena. Traçamos um cenário, o cenário virou realidade e você se preparou adequadamente. Parabéns!
Mas e se tudo der errado e o Brasil mudar de rumo, indo para o “quinto” mundo ao invés do primeiro? E se essa queda de juros for “pegadinha do malandro” e logo voltarmos a ter aquelas taxas de países “superbacanas” como Quênia, Venezuela e Paquistão? Bem, nesse caso, teremos taxas estratosféricas e, com o capital acumulado, você terá uma aposentadoria milionária… Será péssimo para o Brasil, mas ótimo para você.
Nesse caso, acontecerá como aconteceu com o ícone pop brasileiro e filósofo contemporâneo Capitão Roberto Nascimento, do BOPE, que em determinado momento do filme “Tropa de Elite 2” fala: “Pensaram que eu ia cair para baixo, mas eu caí para cima!”.
Quer se aposentar? Então faça seu planejamento considerando o pior cenário possível (do ponto de vista de um investidor), a menor taxa de juros possível e a maior expectativa de vida possível. Se tudo der errado (para o país) e o seu planejamento “furar”, você fará como o Capitão Nascimento: “cairá para cima”.
Este é meu quinto artigo consecutivo com o título “aposentadoria”. Minha ideia é parar por aqui, ao menos por enquanto, e voltar a outros temas de finanças pessoais, economia e investimentos. Quero começar este último artigo agradecendo o interesse e a paciência dos meus leitores ao longo dessas últimas semanas. A partir do próximo artigo, voltaremos à “vida normal” (se é que se pode dizer isso) e a dar um tempo nas questões previdenciárias.
O assunto aposentadoria é um dos tópicos principais no universo das finanças pessoais. Aqui no Brasil, ainda nem tanto. Nossos maiores problemas parecem estar associados ao consumo e ao endividamento; afinal, estamos vivendo uma fartura de crédito sem precedentes e, nenhuma surpresa, muitas pessoas estão trocando os pés pelas mãos. Mas, fora do Brasil, a aposentadoria é um dos assuntos dominantes.
Muito se fala, por exemplo, da previdência pública, que é um modelo “falido” e outras coisas mais. Quando se fala em previdência e aposentadoria no Brasil, muitas vezes as pessoas o fazem opondo o modelo público ao modelo privado, argumentando (de forma correta) que a pessoa que pretende se aposentar com um padrão de vida mais elevado deve recorrer à previdência privada. Meu objetivo com esses artigos é levar essa discussão para um próximo nível. Deixar um pouco de lado essa dicotomia entre previdência pública e privada e questionar a aposentadoria em si. Afinal, se aposentar ou não se aposentar?
Recebi, nesse período, muitos emails e mensagens de leitores nas redes sociais. Houve uma quase unânime concordância com o fato de que se aposentar no futuro será algo bem mais difícil e desafiador do que hoje. Algumas das mensagens que recebi concordavam integralmente com os pontos que expus. Outras demonstravam concordância com os argumentos mas, ao mesmo tempo, deixavam transparecer uma grande decepção e um certo temor de que a aposentadoria não seria uma coisa viável (ao menos não nas bases que essas pessoas imaginavam). Outras pessoas escreveram dizendo que, independente do que o futuro possa nos reservar, não estariam dispostas a abrir mão da aposentadoria. Bem, este artigo é feito especialmente pensando nesses últimos.
Ok, então vamos nos aposentar, mas vamos fazer um plano de aposentadoria defensivo, conservador e com alguma probabilidade de sucesso caso o Brasil se torne realmente um país com uma realidade financeira compatível com aquela das atuais economias desenvolvidas. Vamos começar pelo seguinte: esqueça, de uma vez por todas, as taxas de juros e os retornos financeiros comumente encontrados aqui no Brasil. Faça de conta que eles nunca existiram e pesquise os retornos encontrados nas economias desenvolvidas (aquele site que começa com “G” está aí para isso). Escolha a economia desenvolvida de sua preferência como modelo ou, se preferir, faça uma média dos retornos de várias delas e crie seu próprio “índice”. Uma dica: qualquer coisa com retornos reais (descontada a inflação) acima de 1 ou 2% ao ano já é algo bastante otimista…
Talvez seja interessante usar a regra dos 4%, criada por Bill Bengen (saiba mais sobre essa metodologia clicando aqui ) e vamos ajustá-la para 3% ou 2%, segundo as recomendações do pesquisador de finanças Wade Pfau. Essa regra não é lá nenhuma maravilha, mas já nos proporciona uma abordagem mais realista do que a que estamos acostumados a praticar aqui.
Agora vamos dar o “toque final”… A regra dos 4% foi criada imaginando que a pessoa teria um período de aposentadoria de trinta anos, mas nosso amigo Bill Bengen, autor da regra, diz que anda sugerindo aos seus clientes que façam suas estimativas imaginando que viverão até os 105 anos (veja aqui ). Pode parecer algo otimista demais vivermos tanto assim (e talvez seja), mas não devemos subestimar os avanços da tecnologia e da medicina nos próximos anos. Talvez o número seja até conservador! Mas vejam que interessante: Mr. Bengen está sugerindo, então, que as pessoas se aposentem apenas aos 75 anos. Uhmmmm… Acho que o pessoal não vai gostar disso… Se for para se aposentar mais cedo, então é bom reduzir ainda mais o percentual ou acumular um patrimônio bem maior, pois a diferença entre um período de aposentadoria de trinta anos e outro de, por exemplo, quarenta, é bastante grande.
Pronto, já temos alguns parâmetros para fazermos um plano de aposentadoria mais realista, e agora? Agora é começar a executar. Não será fácil e provavelmente também não será agradável, mas se o objetivo é uma aposentadoria “à moda antiga”, é melhor seguir esse roteiro. Se você fizer tudo isso e o Brasil realmente virar uma economia de “primeiro mundo” nesse período, muito provavelmente você terá uma boa aposentadoria e o sacrifício terá valido a pena. Traçamos um cenário, o cenário virou realidade e você se preparou adequadamente. Parabéns!
Mas e se tudo der errado e o Brasil mudar de rumo, indo para o “quinto” mundo ao invés do primeiro? E se essa queda de juros for “pegadinha do malandro” e logo voltarmos a ter aquelas taxas de países “superbacanas” como Quênia, Venezuela e Paquistão? Bem, nesse caso, teremos taxas estratosféricas e, com o capital acumulado, você terá uma aposentadoria milionária… Será péssimo para o Brasil, mas ótimo para você.
Nesse caso, acontecerá como aconteceu com o ícone pop brasileiro e filósofo contemporâneo Capitão Roberto Nascimento, do BOPE, que em determinado momento do filme “Tropa de Elite 2” fala: “Pensaram que eu ia cair para baixo, mas eu caí para cima!”.
Quer se aposentar? Então faça seu planejamento considerando o pior cenário possível (do ponto de vista de um investidor), a menor taxa de juros possível e a maior expectativa de vida possível. Se tudo der errado (para o país) e o seu planejamento “furar”, você fará como o Capitão Nascimento: “cairá para cima”.