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Mente de homem é ´transportada´ para corpo feminino
Voluntários que participaram da pesquisa chegaram a reagir instintivamente a eventos que ocorriam com a mulher em um ambiente virtual
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EXAME.com (EXAME.com)
Publicado em 13 de maio de 2010 às, 17h57.
São Paulo - Uma experiência realizada por pesquisadores da Universidade de Barcelona, na Espanha, fez com que homens tivessem a sensação de estar no corpo de uma mulher, por meio da imersão em um cenário criado por computador. Segundo os autores do estudo, publicado na quarta-feira (12) na revista eletrônica PLoS ONE, a sensação de troca de corpo foi tão intensa que os voluntários chegaram reagir, por reflexo, a eventos que ocorriam no mundo virtual. Os resultados da pesquisa abrem caminho para estudos sobre realidade virtual e podem ajudar a entender como, neurologicamente, identificamos nossa própria presença no mundo.
Estudos anteriores já haviam mostrado como o sentido que identifica os limites do nosso corpo pode ser enganado. Um experimento clássico comprovou que voluntários sentem "na pele" toques feitos em uma mão de borracha após serem sugestionados a pensar que o objeto trata-se de sua própria mão. Até agora, entretanto, não havia nenhum estudo referente ao corpo inteiro, ou seja, que simulasse a troca de corpo.
Para a experiência foram selecionados 24 homens, com média de idade próxima dos 30 anos e que não sabiam do que se tratava o procedimento. Eles usaram uma espécie de óculos com telas, para cada um dos olhos, que cobriam praticamente todo o campo de visão, e projetavam a imagem de uma sala virtual, onde havia uma mulher sentada. Para alguns participantes, as imagens mostravam a visão da própria mulher (em primeira pessoa), enquanto outros viam a personagem a uma distância de cerca de um metro (em terceira pessoa).
Em metade dos homens, a cada vez que uma segunda mulher tocava o ombro da personagem no mundo virtual, os cientistas tocavam o ombro do voluntário no mundo real, a fim de condicionar o cérebro a acreditar que estava realmente no corpo feminino. Nos outros voluntários, os toques reais e virtuais aconteciam de maneira dessincronizada. Depois de um tempo, os toques passaram a acontecer apenas no mundo virtual. A segunda mulher chegou a dar tapas no rosto da personagem, que chegava a balançar o corpo.
Com base em respostas dos homens a questionários e do monitoramento cardíaco durante o experimento, os pesquisadores descobriram que alguns voluntários chegaram a sentir os toques somente virtuais e até tiveram sensação de dor com os tapas criados por computador. E as sensações foi maiores nos voluntários que tiveram os toques nos ombros sincronizados entre mundo real e virtual e ainda mais intensas para os que tinham a visão em primeira pessoa.
Segundo os autores do estudo, as conclusões mostram como a realidade virtual "pode ser uma ferramenta poderosa no estudo da representação do corpo, já que permite manipulações experimentais, que de outra forma seriam inviáveis".