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Mudança climática na América do Sul afeta alimentação global

Como as mudanças climáticas vão afetar a economia? Principalmente, reintroduzindo a incerteza, advertiu o diretor-geral da FAO

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	Solo ressecado: repetidas secas já são sinal de que mudanças climáticas não são coisa do futuro
 (Nacho Doce/Reuters)

Solo ressecado: repetidas secas já são sinal de que mudanças climáticas não são coisa do futuro (Nacho Doce/Reuters)

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AFP/Arquivos

Publicado em 7 de maio de 2014 às, 21h22.

As secas e o aumento da temperatura provocados pelas mudanças climáticas na América do Sul, considerada o celeiro do mundo, afetarão a segurança alimentar do mundo todo, alertou a FAO nesta quarta-feira.

"Não é um tema do futuro, mas do presente, e os impactos são muito maiores do que pensávamos", disse a jornalistas estrangeiros José Graziano da Silva, diretor-geral da FAO, que abre nesta quarta-feira sua 33ª reunião regional em Santiago.

As repetidas secas, como a que castiga atualmente o sul do Brasil, já são um sinal de que as mudanças climáticas não são coisa do futuro.

"A América do Sul se tornou o celeiro do mundo. O impacto na América do Sul afeta a segurança alimentar do planeta. E já estamos vendo isso", destacou o diretor da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação.

Como as mudanças climáticas vão afetar a economia? Principalmente, reintroduzindo a incerteza, advertiu.

"Tinha-se a ideia de que o mundo tinha se transformado em um grande supermercado, que a gente podia comprar o que quisesse, quando quisesse (...) Tínhamos alcançado uma situação de pleno abastecimento. Agora, as mudanças climáticas reintroduzem o tema de que não sabemos o que vai acontecer", resumiu Graziano.

A incerteza afetará todo o comércio, determinará a volatilidade dos preços internacionais das "commodities" e a quase obrigação dos países em assegurar o abastecimento interno, com políticas que já tinham sido abandonadas como ter estoques de emergência, explicou.

Transgênicos como solução?

Até agora, o mundo está se alimentando sem transgênicos, alimentos geneticamente modificados para resistir a secas ou potencializar seu crescimento ou aparência.

São uma novidade, e à exceção do milho e da soja, não são relevantes, segundo Graziano, que insistiu em separar a polêmica política dos avanços científicos que podem ajudar a combater as mudanças climáticas.

"Transgênicos não são apenas sementes da Monsanto (multinacional de sementes transgênicas). Essa confusão acaba com o assunto, o transforma em um tema político, o do monopólio das sementes, que é outra coisa", insistiu, taxativo.

Os transgênicos não atingem apenas a agricultura: há alguns exemplos de aplicação da tecnologia da transgenia em mosquitos, que ajuda a combater a dengue, ou em plantas de tabaco que geram insulina para os humanos.

Para Graziano, o importante é continuar pesquisando e guardar todos os avanços que possam servir no futuro.

"É como a energia atômica, está aí, guardada. Tem seus riscos e é preciso ter todo o sistema de proteção para isto. A FAO investe muito no tema da biossegurança com transgênicos e em dar ao consumidor o direito de escolha: que fique claro na rotulagem se o produto tem ou não transgênicos", explicou.

Para conseguir que os 47 milhões de latino-americanos (7,9% da população) que passam fome atualmente consigam superá-la, o diretor da FAO não abre mão de nada.

"Não descarto nenhuma arma contra a fome. É uma luta sem trégua e sem quartel. Podemos erradicar a fome, temos que utilizar todos os esforços, e se os transgênicos são uma possibilidade no futuro, não temos que descartá-los agora", afirmou.

No entanto, na região do planeta que mais alimentos produz, a fome hoje não é um problema de produção, mas de acesso, devido à baixa renda e à falta de recursos como terra ou água, concluiu.

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