Implante no cérebro traduz pensamentos de pessoa com paralisia em palavras
Estudo foi publicado pela revista Nature e mostra que nova ferramenta, chamada Brain Gate, cumpre função com 94% de precisão
(Frank Willett/Divulgação)
13 de novembro de 2021, 12h57
Conseguir fazer com que pessoas com paralisia consigam se comunicar de forma fácil e rápida é um desafio. Mas, aparentemente, está mais perto de ser cumprido. Isso porque um homem tetraplégico devido a uma lesão na espinha conseguiu transformar os próprios pensamentos em palavras com o auxílio de uma nova ferramenta tecnológica.
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A descoberta foi publicada na revista Nature, mostra que o dispositivo foi capaz de "traduzir" a caligrafia imaginada pelo participante de 65 anos de idade (chamado apenas de T5 no estudo) em palavras no computador. A ferramenta é resultado de uma longa pesquisa chamada BrainGate e consiste em uma interface que se comunica com o cérebro e o computador e usa inteligência artificial para interpretar sinais de atividade neural gerados durante a escrita.
Durante os testes, era possível atingir velocidade de 90 caracteres por minuto (aproximadamente 18 palavras), similar à velocidade que usuários de smartphone da idade do voluntário sem comorbidades atingiam, de 23 palavras por minuto.
O voluntário, neste caso, não conseguia escrever há muitos anos -- uma vez que a condição de paralisia estava presente desde 2007 -- mas ao se concentrar como se estivesse escrevendo à mão, com caneta e papel, a máquina conseguiu interpretar os sinais e transformá-los em palavras, com 94% de precisão.
Isso acontecia graças a eletrodos implantados no córtex motor registravam os sinais de atividade cerebral, que eram posteriormente interpretados por algoritmos em um computador -- tentando "entender" a partir da trajetória imaginária, qual letra o voluntário estaria tentando escrever.
O resultado é inédito dentro da pesquisa, que até então tinha foco principal em interfaces de apontar e clicar em um cursor de computador controlado pela mente. Isso porque os pesquisadores não sabiam o quão fortes são as representações da caligrafia no cérebro e que elas podem ser facilmente interpretadas por uma interface cérebro-computador (BCI, em inglês).
De acordo com o depoimento dos pesquisadores à revista Nature, o resultado é tão positivo porque as letras do alfabeto são muito diferentes entre si na caligrafia, o que torna mais fácil para a inteligência artificial entender rapidamente cada uma delas.
Mesmo com os resultados animadores, os pesquisadores reforçaram que as descobertas são uma "prova de conceito", uma vez que ainda é necessário conduzir mais estudos para provar a viabilidade clínica do dispositivo. Nesse sentido, os próximos passos incluem: treinar mais pessoas para usar a interface, expandir a quantidade de símbolos e letras que a ferramenta consegue entender, regular a sensibilidade do aparelho e adicionar mais ferramentas sofisticadas de edição para os usuários.
Caso seja aprovado, o dispositivo deve disputar mercado com soluções como a TelepatiX -- que permite que usuários vocalizem frases com o mínimo de movimentos possíveis e traduz piscadas de olho em usabilidade.
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