Ciência

Estudante do Paraná cria respirador emergencial de baixo custo

Custo médio do produto gira em torno de R$ 2,5 mil. Os adquiridos pelo Ministério da Saúde chegaram a custar a US$ 13 mil cada

Respirador: custo médio do produto final gira em torno de R$ 2,5 mil (PUCPR/Divulgação)

Respirador: custo médio do produto final gira em torno de R$ 2,5 mil (PUCPR/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de julho de 2020 às 16h00.

O universitário Robson Muniz, estudante do curso de engenharia civil da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), criou um respirador emergencial de baixo custo, construído à base de componentes exclusivamente nacionais.

O custo médio do produto final gira em torno de R$ 2,5 mil, valor menor que os ventiladores mecânicos de preços mais acessíveis. Os adquiridos pelo Ministério da Saúde em abril deste ano, por exemplo, chegaram a custar a US$ 13 mil cada (aproximadamente R$ 69,6 mil de acordo com a cotação atual).

Para desenvolver o respirador, Robson usou uma bolsa de ressuscitação manual conhecida como "bolsa Ambu", um motor de vidro elétrico de carro e peças mecânicas, projetadas de modo a permitir que o produto seja potente e simultaneamente leve. "Na parte eletrônica que controla o motor, o respirador usa uma placa (de prototipagem eletrônica de código aberto) chamada Arduíno, que tem hardware (parte física de um computador) incorporado", explicou à Agência Brasil. Esse hardware serve para controlar a velocidade com que a bolsa vai ser pressionada, assim como o volume de ar que o paciente receberá por minuto.

O estudante esclareceu que o projeto foi desenvolvido obedecendo os requisitos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e teve apoio de todo os professores do curso de engenharia da PUCPR. Robson vem trabalhando no produto desde maio deste ano e aguarda a certificação pela Anvisa ainda esta semana, para que possa buscar um investidor interessado em produzir o respirador.

Segundo ele, a ideia por trás do projeto é "fazer uma coisa bem acessível que possa servir em postos de saúde, hospitais, no atendimento a pessoas infectadas pela covid-19, desde a unidade de pronto-atendimento até a unidade de terapia intensiva". Os testes do aparelho foram realizados nos hospitais Universitário Cajuru (HUC) e o Marcelino Champagnat, ambos da PUCPR.

Montagem rápida

Pensando na demanda mundial por respiradores durante a pandemia do novo coronavírus, Robson quis desenvolver um aparelho artificial que pudesse ser produzido rapidamente. Cada motor desenvolvido por ele pode ser montado em menos de uma hora, por apenas uma pessoa. "Dá para montar centenas em um dia só", destacou, afirmando que o projeto pode ser reproduzido a nível nacional.

No entanto, o estudante observa que esse é um equipamento emergencial, liberado pela Anvisa para uso apenas durante a pandemia. "Depois, ele tem que ser recolhido. Ele é, justamente, para aliviar o sistema de saúde neste momento", esclareceu. O projeto fica ligado direto, no mínimo, durante 15 dias. "Ele não pode dar defeito porque o paciente fica sedado e respira por meio dele."

A máquina foi validada no Centro de Simulação da PUCPR, sob a supervisão da direção geral do Hospital Universitário Cajuru (HUC), em Curitiba. O diretor geral do HUC, Juliano Gasparetto, afirmou que, pelos testes executados, "o aparelho já teria condições de ser utilizado para atender os pacientes infectados pelo novo coronavírus e até em cirurgias".

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