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Remy Sharp
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Durante a gravidez, a placenta produz diversos hormônios que podem bloquear parcialmente a insulina, substância responsável pelo transporte do açúcar no sangue para dentro de suas células. Para reverter essa ação, o pâncreas passa a liberar mais insulina, fazendo com que a mulher tenha uma gravidez normal.

O diabetes gestacional acontece quando o pâncreas não consegue reverter esse quadro. Isto é, ele não produz insulina suficiente para que o corpo processe adequadamente o excedente de glicose que está na circulação.

Não é possível detectar a causa da doença

De acordo com o ginecologista e obstetra Gleden Prates, do Hospital e Maternidade Santa Brígida, de Curitiba, o diabetes gestacional não tem um mecanismo desencadeador, ou seja, não é possível apontar algo que seja responsável pela deficiência de insulina.

“Estima-se que a gestante que apresenta essa doença tem uma predisposição para o diabetes. Esta é uma patologia diferente da que apresenta diabete antes da gestação e que, em geral, já está em tratamento, às vezes, até usando insulina”, explica. Na maioria dos casos, o problema aparece depois do segundo trimestre e, uma vez diagnosticado, persiste até o fim da gestação.

Sintomas do diabetes na gravidez

Segundo Gleden Prates, os sintomas do diabetes gestacional são muito sutis e podem ser variados. O aumento de peso é o mais comum, mas também pode ocorrer aumento da frequência urinária e da sede. Entretanto, os efeitos tradicionais da doença se confundem com sensações bem familiares às futuras mamães, como fadiga, apetite elevado e aumento das escapadas ao banheiro para fazer xixi.

Grupos de risco

As mulheres obesas e com histórico familiar de diabetes estão mais sujeitas a essa doença, afirma Gleden Prates. Mas esse problema também pode se manifestar em quem não tem qualquer tipo de tendência. Mulheres obesas ou as que engordaram muito durante a gravidez devem ficar atentas. Também fazem parte desse grupo mulheres cujo primeiro bebê nasceu muito acima do peso.

Tratamentos para o diabetes gestacional

A maioria dos casos não precisa de medicação, é possível controlar apenas com modificações na dieta. “O tratamento do diabetes gestacional em geral se restringe a uma dieta em que retiramos doces e massas. Aumenta-se atividade física e raramente há necessidade de insulina”, esclarece Gleden Prates.

Se a mulher já era portadora de diabetes antes de engravidar, o tratamento é diferente, pois, nesse caso, a grávida provavelmente precisará da insulina. “A prescrição desta medicação deve ser feita preferencialmente pelo endocrinologista”, ressalta.

Como diagnosticar essa doença?

Para detectar o problema, é necessário realizar alguns exames de sangue. Segundo o ginecologista da Maternidade Santa Brígida, é mais comum que o diabetes gestacional seja detectado mais para o final da gestação, por volta do terceiro trimestre.

“O diagnóstico pode ser feito pela dosagem da glicemia em jejum ou por meio do chamado teste de sobrecarga, em que a mulher toma uma medicação rica em glicose [açúcar] e é feita uma dosagem de sangue 1 ou 2 horas após para ver como reage a glicemia [quantidade de açúcar no sangue]”, explica o ginecologista.

Após o exame, se o resultado apresentar glicemia elevada, existe grande possibilidade de a mulher ter um quadro de diabetes gestacional. “Quando fechamos o diagnóstico, esta gestante deve ser acompanhada por equipe especializada e endocrinologista”, alerta. Alguns médicos defendem que todas as gestantes devem fazer o exame, outros especialistas acreditam que ele deve ser restrito àquelas com propensão à doença.

Riscos do diabetes para o bebê

Se o diabete é anterior à gestação e estiver descompensado, pode até haver malformações cardíacas neste bebê, alerta Gleden Prates. Contudo, se o diabete é apenas da gestação, as principais complicações são a prematuridade e a macrossomia (bebê grande), o que pode dificultar um parto normal.

Diabetes após a gravidez

O diabetes gestacional desaparece após o parto. “Isso acontece porque o causador principal da doença é o hormônio lactogênio placentário, que é produzido pela placenta e essa é retirada depois do parto”, explica o ginecologista. Alguns trabalhos científicos mostram que pode haver relação entre o diabetes gestacional e a possibilidade de a mulher desenvolver diabete ao longo do tempo.

“Isso se deve ao fato de que esta mulher já possui uma discreta intolerância à insulina e, com o passar dos anos, pelas alterações do metabolismo próprio de toda pessoa, isso pode vir a se manifestar”, acrescenta Gleden Prates.

O fato de a mulher ter tido a doença durante a gravidez serve de alerta para que mantenha uma vida saudável, evite ganhar peso e pratique alguma atividade física. Afinal, o pâncreas, que é o responsável pela liberação da insulina, já avisou de que talvez não consiga lidar de forma satisfatória com o excesso de açúcar no corpo.

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