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Coronavírus é encontrado no cérebro de pacientes, aponta estudo

Pesquisadores da Unicamp detectaram o vírus em cérebros de vítimas da doença, além de alterações morfológicas em pacientes vivos

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Agência Brasil

Publicado em 18 de outubro de 2020 às, 14h04.

Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) encontraram o novo coronavírus em cérebros de pacientes mortos pela doença, além de alterações morfológicas – que se referem à forma e à estrutura – no cérebro de pessoas com quadros moderados de covid-19. O resultado deve ajudar em tratamentos mais efetivos de pacientes de covid-19 que apresentam sintomas neurológicos, como anosmia, confusão mental, convulsões e zumbido no ouvido.

“O que identificamos agora é que o vírus é capaz de chegar ao sistema nervoso central, no cérebro. Não só detectamos o vírus no cérebro de pessoas que morreram com a covid-19 -- coletamos os cérebros delas post mortem -- mas nós fizemos também análises de imagem, escaneamos os cérebros de pacientes com covid-19 moderada e alterações significativas foram observadas”, disse o professor de bioquímica da Unicamp, Daniel Martins-de-Souza, coordenador da pesquisa.

O estudo foi divulgado na semana que passou em plataforma ainda sem revisão por pares.

Martins-de-Souza ressalta que até o momento não existem evidências disso na literatura, apesar de alguns pacientes apresentarem sintomas neurológicos.

“Esse é um estudo feito com centenas de pacientes moderados, não são nem pacientes graves, e que demonstra que as alterações morfológicas estão correlacionadas com a covid-19”, disse.

Segundo ele, as consequências nos pacientes ainda estão sendo observadas porque a covid-19 é uma doença nova. “Não deu tempo de vermos o que vai acontecer no longo prazo, mas fato é que pessoas já curadas ainda têm queixas de sintomas neurológicos mesmo depois de o vírus já ter saído do corpo”.

Os pesquisadores já haviam comprovado em testes in vitro que o novo coronavírus era capaz de infectar os neurônios. No entanto, em testes em humanos, eles identificaram a presença do vírus em uma outra célula do cérebro, chamada astrócito.

“É uma célula que auxilia os neurônios a se comunicarem. No laboratório, fizemos um experimento mostrando que os astrócitos infectados podem produzir substâncias que matam neurônios e essa pode ser a causa de alterações nas imagens do cérebro (de pessoas vivas infectadas)”, explicou.

Em busca de tratamentos

O pesquisador afirma que essas informações são a primeira pista para desenvolver tratamentos mais efetivos especialmente para pacientes que tiveram acometimentos neurológicos. “Nem todos vão ter (sintomas neurológicos). De 30% a 35%, em média, são os que têm esses sintomas. É bom saber que os sintomas podem sim ser derivados de infecção no cérebro.”

Martins-de-Souza explicou que o que se acreditava até agora é que os sintomas neurológicos eram causados apenas por uma infecção sistêmica. “Pensava-se até aqui que os sintomas neurológicos seriam uma consequência de inflamação em outros lugares – como o pulmão – e que afetava secundariamente o cérebro. Mas aqui vemos que isso (sintomas neurológicos) pode acontecer também porque o vírus chega sim ao cérebro”, disse.

Os pesquisadores vão continuar as investigações para entender melhor o papel dos vírus dentro dos astrócitos, as consequências no longo prazo e uma questão que Martins-de-Souza considera essencial: como é que o vírus chega ao cérebro.

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