Cientistas planejam criar mini cérebro que custa R$ 1
Entenda como funciona o processo que permite recriar o mais importante órgão do sistema nervoso - em versão "mini" e baratinha
Por Ana Luísa Fernandes
Publicado em: 06/10/2015 às 08h25
2015-10-06
2015-10-06
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Cérebro: com um pequeno pedaço de tecido vivo de um roedor, por exemplo, é possível produzir milhares de mini cérebros
(Reprodução/)
São Paulo – Fazer um mini cérebro pode ser uma alternativa simples e barata para testar novos remédios e estudar células tronco. Mais do que isso, pode ser uma novidade decisiva para diminuir o uso de animais em testes de laboratório.
A ideia surgiu na Universidade de Brown, nos Estados Unidos. O cérebro em miniatura produz sinais elétricos e forma as suas próprias sinapses (conexões neurais), mas não possui funções cognitivas. Ou seja: ele não pensa. Para questões puramente médicas, isso é mais que suficiente.
Com um pequeno pedaço de tecido vivo de um roedor, por exemplo, é possível produzir milhares de mini cérebros, cada um com um terço de milímetro de diâmetro.
A receita é simples: isolar as células necessárias, e depois centrifugá-las para que fiquem concentradas.
Em moldes esféricos, essa amostra semea culturas de células, e, depois de duas ou três semanas, o tecido cerebral e as conexões neurais já estão formadas. Voilá, você tem um cerebrozinho que custou menos de 1 real para ser feito.
Os pesquisadores sabem que esse não é sistema mais sofisticado existente para testes médicos, mas o baixo custo e a facilidade são os diferenciais do projeto.
Nenhum cientista precisa de equipamentos caros e refinados para fazer o seu próprio mini cérebro. É o faça você mesmo da ciência.
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1. Caixola
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1/13 (Artem Chernyshevych / SXC)
São Paulo - O que é o cérebro? O que ele faz? Qual é sua aparência e quando ele começa a surgir? A ciência já tem respostas para essa e outras perguntas. Sobre o tema, EXAME.com conversou com Luís Otávio Sales Ferreira Caboclo, médico ligado à Academia Brasileira de Neurologia. Veja o que ele revelou sobre o órgão.
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2. O que faz o cérebro?
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2/13 (Matt Cardy/Getty Images)
Pensar, falar, lembrar: tudo isso depende do cérebro. Ele controla todos os nossos atos, voluntários ou não. De acordo com Caboclo, o órgão é responsável por processar as informações recebidas por meio de nossos sentidos e controlar o funcionamento das outras partes do corpo - como pulmões e coração.
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3. Como é o cérebro?
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3/13 (Sxc.hu)
Segundo Caboclo, parece uma noz. É cheio de giros e sulcos em sua superfície. "A consistência é relativamente macia", diz o médico. Segundo ele, o cérebro de uma pessoa de 70 quilos pesa aproximadamente 1,5 quilo.
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4. O cérebro já nasce pronto?
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4/13 (Reprodução/Youtube)
Não. Segundo Caboclo, a formação das sinapses (conexões entre os neurônios) continua por toda infância e começo da adolescência. E há partes que demoram a ficar prontas. "Em algumas regiões do cérebro (como nos hipocampos, que desempenham funções importantes de memória), ocorre nascimento de novos neurônios mesmo em adultos", afirma o médico.
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5. Tamanho é documento?
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5/13 (Photopin)
Quando o assunto é cérebro, essa regra não vale. Segundo Caboclo, não há nada que prove que o tamanho do cérebro de alguém é diretamente proporcional à sua capacidade de raciocínio ou qualquer outro atributo.
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6. Do que é feito o cérebro?
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6/13 (Photopin)
Grande parte do seu cérebro é composta de neurônios. De acordo com Caboclo, essas células são responsáveis pelas funções mais importantes do sistema nervoso. Mas há outros tipos de célula no cérebro que participam de processos metabólicos e de nutrição – além de serem responsáveis por manter a estrutura do órgão.
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7. O número de neurônios influencia?
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7/13 (Getty Images)
Esqueça aquela história de Tico e Teco. Até porque, segundo Caboclo, pessoas que nascem com cérebros normais têm o mesmo número de neurônios. Além disso, o médico explica que não parece haver qualquer relação entre o número de neurônios e o funcionamento do cérebro. Entretanto, ele lembra que algumas doenças provocam a morte dessas células - o que resulta na perda de funções específicas dependendo da área afetada e do grau de perda.
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8. Dá para queimar os neurônios?
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8/13 (Andres Stapff/Reuters)
Sim. Caboclo afirma que a perda de neurônios (ou morte neuronal) pode ter várias causas. "Dentre elas, o uso abusivo de álcool ou de outras drogas", alerta o médico.
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9. Como treinar seu cérebro?
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9/13 (Getty Images)
"Qualquer atividade, quando repetida muitas vezes, tem o potencial de tornar o cérebro mais eficiente no desempenho dessa atividade específica", afirma Caboclo. Ele cita o exemplo de um estudo com violinistas que constatou aumento na área do cérebro deles responsável pela motricidade dos dedos da mão esquerda, que é a mais exigida para tocar o instrumento em músicos destros.
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10. Só usamos 10% mesmo?
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10/13 (Samuel Aguar/Wikimedia Comons)
Raul Seixas estava errado: não usamos só 10% de nossa cabeça animal. "Na verdade, não é possível determinar de forma apropriada qual a porcentagem da capacidade do cérebro que está sendo usada num determinado momento. Mesmo porque não é sequer possível determinar qual seria a capacidade 100%", explica ele. Mito!
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11. Que tipos de doença afetam o cérebro?
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11/13 (Miranda Knox / SXC)
Vários. Segundo Caboclo, problemas genéticos, degenerativos, vasculares, inflamatórios, infecciosos, tumorais, traumáticos, metabólicos e nutricionais podem afetar o cérebro. Além deles, há ainda as doenças causadas por drogas ou toxinas. E o tratamento para cada uma delas depende diretamente do tipo e da causa.
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12. O que é a morte cerebral?
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12/13 (Stock.XCHNG)
Você já deve ter ouvido falar nela, então é bom saber o que é. Segundo Caboclo, a morte cerebral (ou morte encefálica, que é o termo mais correto) "consiste na perda de todas as funções do encéfalo, ou seja, do cérebro propriamente dito". Basicamente, a pessoa perde a capacidade de se relacionar com o mundo à sua volta. Bem tenso.
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13. Existe transplante de cérebro?
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13/13 (Divulgação / Santa Casa/EXAME.com)
"Não existe e nunca existirá!", afirma Caboclo. Ele explica que um transplante desse tipo é impossível em função da complexidade das conexões nervosas. E mesmo que fosse possível, transplantar seu cérebro para outra pessoa seria como colocar você em outro corpo. Topa?
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