Ciência

Cientistas dizem que cloroquina pode tratar a covid-19, mas pedem calma

Novos estudos indicam que a hidroxicloroquina ainda não deve ser totalmente descartada, mas testes estão paralisados

Cloroquina; remédios; coronavírus (Brasil2/Getty Images)

Cloroquina; remédios; coronavírus (Brasil2/Getty Images)

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Maria Eduarda Cury

Publicado em 14 de junho de 2020 às 10h17.

Última atualização em 14 de junho de 2020 às 13h03.

Depois de muita confusão sobre os benefícios e malefícios da hidroxicloroquina, os cientistas estão, finalmente, conseguindo formar um quadro científico que explica como o medicamento afeta indivíduos infectados pelo novo coronavírus.

Entre os estudos mais recentes, é possível citar três grandes. Em dois deles, pessoas que foram expostas ao vírus e corriam risco de infecção foram analisadas, enquanto no terceiro os pacientes estavam já infectados e em situações graves. Eric Topol, diretor do Instituto de Ciência Translacional Scripps, comentou que a obsessão pela hidroxicloroquina fez com que as evidências científicas fossem ignoradas por muito tempo.

Desde que cientistas perceberam a possibilidade de utilizar a droga contra o novo coronavírus, foram feitos dezenas de ensaios em tubos - e muitos diziam coisas contrárias. Mas no dia 5 de junho, pesquisadores do Reino Unido anunciaram para a imprensa um novo estudo, com 1.542 pacientes que estavam hospitalizados.

Dentre eles, 25,7% deles morreram 28 dias após terem sido tratados com hidroxicloroquina. "Esses dados descartam de forma convincente qualquer benefício significativo da mortalidade", disseram os pesquisadores no comunicado. Outras pesquisas que mostraram que a cloroquina não foi realmente eficaz no tratamento também contribuem para o descarte da droga como um método eficaz.

Além disso, um estudo da Universidade de Minnesota, nos EUA, demonstrou que 12% das 821 pessoas que tomaram o medicamento - sem estarem previamente doentes - acabaram desenvolvendo sintomas do novo coronavírus. Ensaios como esses, e outros menores, contribuem significativamente para o entendimento da atuação do medicamento.

Mas muitos pesquisadores acreditam que mais estudos relacionados com testes de profilaxia ainda são necessários. A estratégia de pré-exposição é mais focada em prevenir com que indivíduos sejam contaminados com a doença, do que tratá-la. "Você tem uma chance muito maior de prevenir algo com uma droga fraca do que de curar uma infecção totalmente estabelecida. Nunca trataríamos ninguém com isso, é muito fraco. Mas é uma profilática muito boa", disseram os pesquisadores da Universidade de Oxford.

Mas a comunidade científica acredita que os testes não poderão continuar - pelo menos não tão cedo. Devido a um artigo publicado - e depois removido - pela revista The Lancet, que dizia que o número de mortes causadas pelo coronavírus aumentou consideravelmente pelo uso da hidroxicloroquina, muitos cientistas foram instruídos a interromperem seus testes.

Embora a revista científica tenha se retratado, ainda existem fatores que podem atrasar o avanço. A pressa para encontrar tratamentos eficazes contra o vírus é um desses fatores - pesquisadores acreditam que essa situação deve ser tratada com calma para não causar nenhum pânico irracional.

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