Ciência

Para reduzir poluição, cientistas criam material vivo parecido com cimento

Pesquisadores dos EUA desenvolvem "cimento vivo", capaz de se reproduzir e diminuir a poluição gerada por processos de construção

 (College of Engineering and Applied Science at Colorado University Boulder/Reprodução)

(College of Engineering and Applied Science at Colorado University Boulder/Reprodução)

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Maria Eduarda Cury

Publicado em 19 de janeiro de 2020 às 09h00.

Última atualização em 19 de janeiro de 2020 às 10h00.

São Paulo - Pesquisadores da Universidade do Colorado em Boulder, nos Estados Unidos, desenvolveram um material vivo similar ao cimento, que é capaz de suportar grandes cargas e se reproduzir. Publicada na revista Matter, a pesquisa científica envolveu materiais como areia, hidrogel e cianobactérias que, combinados, criam o material vivo.

O estudo, liderado pelo diretor do Laboratório de Materiais Vivos da Universidade, Wil Srubar, desenvolveu este novo material com a intenção de reduzir a poluição gerada pelo uso de concreto em construções - a produção do concreto é responsável por 6% das emissões de carbono na atmosfera. O hidrogel, quando combinado com as cianobactérias, faz com que o material se reproduza da mesma maneira que as conchas - em um processo de proliferação e mineração.

O material que resulta da combinação é quase tão resistente quanto o cimento composto de calcário e argila e, enquanto o hidrogel ajuda a manter a umidade, as cianobactérias do gênero Synechococcus é responsável pela fotossíntese, que gera biominerais para a formação da estrutura. Em comentário, Srubar afirmou que a reprodução das bactérias é mais eficaz do que a impressão 3D: "Sabemos que as bactérias se proliferam em taxa exponencial. Isso é diferente de, como dizemos, imprimir em 3D um bloco ou moldar um tijolo. Se pudermos cultivar nossos materiais biologicamente, podemos fabricar em escala exponencial", disse o líder do estudo.

Além de uma reprodução com maior facilidade, fator que auxilia os processos de construção, a redução de poluentes também é uma característica positiva do novo projeto, caso a tecnologia passe a ser utilizada. No entanto, para que a estrutura realize sua função corretamente e as cianobactérias permaneçam vivas, é necessário que as condições de umidade sejam bastante controladas.

A intenção de Srubar e sua equipe é desenvolver microorganismos que resistam ao processo de secagem do material vivo, para que seja útil em todas os climas - e até fora do planeta Terra. Visto que o transporte de materiais de construção para fora do planeta é uma das partes mais caras do processo, a equipe de Srubar acredita que, com o material que se reproduz, isso se tornará mais viável.

No futuro, o cientista acredita que será possível enviar uma pequena amostra do material para os clientes, para que eles mesmos produzam seu "cimento". A pesquisa indica, segundo Srubar, um futuro onde será possível desenvolver materiais que interagem diretamente com o ambiente: Estamos apenas arranhando a superfície e criando as fundações de uma nova disciplina. O céu é o limite", completou.

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