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Cientistas criam humano transgênico e provocam polêmica

Pesquisadores chineses descobriram uma maneira de modificar o genoma de embriões humanos para curar doenças letais

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	DNA: na técnica, uma enzima complexa cortaria e substituiria genes defeituosos por pedaços de DNA em bom estado
 (Tomasz Wyszołmirski/Thinkstock)

DNA: na técnica, uma enzima complexa cortaria e substituiria genes defeituosos por pedaços de DNA em bom estado (Tomasz Wyszołmirski/Thinkstock)

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Marina Demartini

Publicado em 24 de abril de 2015, 10h59.

São Paulo – Pela primeira vez na história da ciência, pesquisadores conseguiram modificar a estrutura genética de um embrião humano.

Cientistas da Universidade de Sun Yat-sen, na cidade chinesa de Guangzhou, descobriram uma maneira de alterar o genoma de células embrionárias humanas, a partir de uma técnica chamada de CRISPR/Cas9.

O CRISPR/Cas9 tem o poder de destruir o gene HBB relacionado à talassemia beta, uma disfunção que causa doenças sanguíneas fatais, como anemia severa.

A ideia dos cientistas é simples: uma enzima complexa (também chamada de “tesoura genética”) corta e substitui genes defeituosos por pedaços de DNA em bom estado. Assim, o embrião não teria o gene da talassemia beta e não desenvolveria as enfermidades.

Os cientistas afirmam que a técnica ainda não pode ser usada pelos médicos, pois está em fase de aperfeiçoamento.

Debate ético

A publicação dos resultados da experiência na revista Protein & Cell, do dia 18 de abril, iniciou um debate ético entre cientistas de todas as partes do mundo, que decidiram publicar um artigo sobre o tema na revista Nature, no dia 22 de abril.

Os defensores da modificação genética argumentam que o método poderia levar à eliminação de doenças como a Síndrome de Down e o mal de Parkinson, antes mesmo de uma pessoa nascer.

Já os críticos comentam que destruir uma doença antes de a vida se desenvolver pode trazer consequências genéticas inesperadas, que podem ser ainda piores que as atuais.

Há também os cientistas que acreditam que a técnica ultrapassa todas as barreiras éticas sobre o assunto. “Somos seres humanos, não ratos transgênicos”, escreveu Edward Lanphier, presidente da Aliança pela Medicina Regenerativa, em um artigo para a revista Nature.

Os cientistas chineses atenuaram os conflitos ao assegurarem que os embriões utilizados no experimento não estariam prontos para a implantação. Eles foram produzidos em clínicas de fertilização e não poderiam resultar em uma gestação.

Dos 86 embriões usados no estudo, 71 sobreviveram, mas apenas 28 tiveram seus genes alterados com sucesso.

“Se você quer usar essa técnica em embriões normais, precisa chegar perto de 100% de sucesso. Por isso, nós paramos”, relata o pesquisador-chefe da Universidade de Sun Yat-sen, Junjie Huang.

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