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“Vinho não é negócio. Vinho é estilo de vida”

Uma conversa com Antoine Leccia, CEO do grupo francês AdVini, que afirma que o lucro não é tão importante assim

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	Vinho tinto: investimento é alto e o lucro muito baixo
 (Joe Raedle/Getty Images)

Vinho tinto: investimento é alto e o lucro muito baixo (Joe Raedle/Getty Images)

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Rafael Kato

Publicado em 16 de outubro de 2012, 11h23.

São Paulo - Se você estiver procurando um negócio fácil, então montar uma vinícola não deve aparecer nos seus planos. O investimento é alto e, se nenhuma praga estragar suas uvas, o lucro será baixo. Para piorar, o seu vinho pode receber uma nota baixa de um crítico. O resultado? Garrafas encalhadas no estoque. O mundo dos vinhos não é para principiantes.

“Vinho não é negócio. Vinho é estilo de vida”, afirma Antoine Leccia, CEO do grupo francês AdVini. Pode parecer exagero, mas não é. O investimento para produzir uma boa garrafa é alto. A produção de um Chablis, vinho da região francesa de mesmo nome, custa um milhão de euros por hectare. O retorno é baixo: o lucro gira entre 1% e 2%.

Boa parte do dinheiro vai para a identificação de micro terroirs. Muitas vezes, dois lugares de um terreno podem apresentar diferenças numa distância de apenas 50 metros. O solo mais ou menos compactado ou com maior ou menor matéria orgânica representa diferenças significativas no resultado final. A mesma qualidade para uma safra só pode ser garantida com um alto investimento em pesquisa e tecnologia.

“Há um ditado que diz que nós vivemos pobres e morremos ricos. E é verdade. Se eu quisesse apenas ganhar dinheiro, colocaria esse um milhão no banco”, fala Leccia. Para ele, o baixo retorno explica o motivo para gigantes das bebidas como Pernod Ricard e Diageo nunca terem investido pesadamente nos vinhos. No caso da Pernod Ricard, a entrada no setor se deu pela aquisição dos champanhes Perrier-Jouët e Mumm. Mais do que lucro, essas duas marcas trouxeram prestígio para o conglomerado.

O vinho como estilo de vida é ainda mais especial para o grupo comandado por Leccia. A AdVini é resultado da fusão de vinícolas, como a JeanJean e a Laroche. As famílias continuam como acionistas e mantêm certa independência na produção, mas também precisam atender metas globais da empresa, além de corresponder com as expectativas dos acionistas — 37% do capital é negociado na bolsa. “Nosso acionista não é como os de fundo de investimento. Ele não espera sacar dividendos todos os anos. Ele sabe que o resultado virá no longo prazo”, diz o CEO.

Mas qual é o benefício de investir tanto e receber tão pouco? Solidez é a resposta. O mercado do vinho não tomou conhecimento da recessão americana ou da crise do euro. Na visão de Leccia, sempre haverá espaço para bons rótulos. Nem que, para isso, você tenha que educar o paladar de jovens ricos chineses.

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