Acompanhe:

Sem desfiles de Carnaval, o Airbnb quer fazer a folia online

Experiências de carnaval virtuais aproximam as pessoas da festividade durante período em que a aglomeração nas ruas não é possível

Modo escuro

Pimpolhos da Grande Rio: com turismo físico interditado, Airbnb promove iniciativas para experimentar o carnaval virtualmente (Airbnb/Divulgação)

Pimpolhos da Grande Rio: com turismo físico interditado, Airbnb promove iniciativas para experimentar o carnaval virtualmente (Airbnb/Divulgação)

T
Thiago Lavado

Publicado em 10 de fevereiro de 2021, 15h18.

A Sapucaí, em 2021, estará em silêncio durante o carnaval. Com a festividade adiada por conta da pandemia de covid-19, a festa no Rio de Janeiro, a mais famosa no mundo, perde turistas, arrecadação e fica prejudicado o sustento de comunidades cariocas em que o carnaval acontece o ano todo: da preparação ao feriado.

A cidade do Rio estaria se preparando para receber gente do Brasil e do mundo durante os próximos dias, mas terá um carnaval diferente. O Airbnb está ajudando a mitigar os efeitos dessa diferença. A empresa, que oferta experiências que podem ser adquiridas por turistas desde 2017, transpôs para o digital uma série de roteiros e atividades que podem ser adquiridas na plataforma.

Os pacotes para curtir o carnaval no Airbnb estão em destaque na plataforma até o final de fevereiro e podem ser adquiridos a partir de R$ 15. Eles são oferecidos por parceiros da gigante, como a escola Acadêmicos da Grande Rio, e há opções desde aulas de samba até oficina de percussão.

Segundo Flavia Matos, diretora de políticas públicas para o Airbnb na América Latina, a iniciativa é parte do comprometimento da empresa com o turismo. “O carnaval é muito emblemático, há uma comunidade que vive disso, impacto econômico e emocional. Em novembro e outro, geralmente, essas pessoas já estavam cheias de trabalho nos barracões”, disse. Em 2019, antes da pandemia, o Airbnb gerou um impacto econômico de 10,5 bilhões de reais, considerando gastos de hóspedes e movimentação turística no Brasil. A empresa não compartilhou dados do ano passado. 

A executiva afirma que, diferente de outras experiências, o próprio Airbnb entrou em contato para trazer as experiências para a plataforma. “O objetivo principal é beneficiar as comunidades e trazer algum alento financeiro e elas possam levar alegria”, disse Matos.

De acordo com Camila Soares, presidente da Pimpolhos da Grande Rio, escola de samba mirim e organização não governamental que oferece programas de educação e formação para a comunidade de Duque de Caxias, a Pimpolhos oferece experiências de carnaval no Airbnb desde 2017. O foco sempre foi o turismo internacional, que foi a zero com a chegada da pandemia.

Desde dezembro de 2020, as experiências passaram a ser ofertadas na plataforma e o desafio atual é subir no ranking e figurar nas primeiras posições. A Pimpolhos tem investido em estratégias de divulgação, mas embora encontre demanda fora do país, em grandes empresas ou em grupos, ainda é muito difícil fazer com que os brasileiros consumam as experiências feitas aqui.

“A gente entende que é um produto que tem potencial, se acontecer de forma contínua. Tem capacidade de continuar com o carnaval experience, que surgiu como um negócio social”, diz Soares, que acredita que os tours virtuais são importantes para manutenção do projeto e que o modelo veio para ficar, ainda mais com as incertezas de quando o turismo físico poderá retornar.

A Pimpolhos adaptou toda a infraestrutura para acomodar o formato, desde guias até a transmissão dos vídeos, posição de câmera e luz, para gerar uma experiência mais genuína e de maior impacto. Até mesmo instrumentos e as cores do carnaval foram adaptadas, pensando no que há de comum na casa das pessoas, para que elas possam ter uma imersão maior.

O objetivo também agora é alcançar mais público nacional, que ainda tem pouca interação com o turismo virtual. “O carnaval não é só em fevereiro, para nós é o ano todo. A gente não para nunca”, afirma Soares, que reitera: “queremos falar português nos tours, não só inglês”.