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Levará tempo para o consumidor ver valor em um óculos tecnológico, diz CEO do grupo Safilo

Angelo Trocchia, CEO do grupo Safilo, falou com exclusividade à Casual EXAME sobre o futuro do acessório

Angelo Trocchia: CEO do grupo Safilo. (Divulgação/Divulgação)

Angelo Trocchia: CEO do grupo Safilo. (Divulgação/Divulgação)

Gilson Garrett Jr.
Gilson Garrett Jr.

Repórter de Lifestyle

Publicado em 28 de setembro de 2023 às 15h22.

Última atualização em 29 de setembro de 2023 às 11h26.

O grupo italiano Safilo é um dos maiores conglomerados ópticos globais, fundado em 1878. No segundo trimestre de 2023, a empresa reportou um faturamento médio de 263 milhões de euros, aproximadamente R$ 1,4 bilhão, enquanto no primeiro semestre do mesmo ano, acumulou 550 milhões de euros, equivalente a cerca de R$ 3 bilhões. Apesar de não revelar números locais, o Brasil tem fatia importante nesse valor, revela Angelo Trocchia, CEO do grupo.

Além de marcas próprias, como Carrera e Polaroid, a empresa tem parcerias de licenciamento com algumas mais memoráveis casas de óculos do mundo, Tommy Hilfiger, Boss, Carolina Herrera, Levi's e Havaianas. Trocchia está no comando do grupo, desde 2018, após passar mais de 27 anos na Unilever Itália. Em uma rara entrevista, exclusiva, à Casual EXAME, ele falou sobre o consumidor brasileiro, o futuro dos óculos e armações, e como a integração da tecnologia deve ser um caminho sem volta. Veja os principais trechos da conversa.

Quando você pensa no Brasil, o que os consumidores querem? Qual é a diferença em relação à Europa ou ao México, por exemplo?

Vemos um país vasto e diversificado. Uma das peculiaridades é que o Brasil é uma nação com diferentes regiões, cada uma com suas próprias necessidades e gostos. Do nosso ponto de vista, acreditamos que o portfólio atual da Safilo está muito bem alinhado com as demandas do consumidor brasileiro. Temos uma presença forte em produtos premium e contemporâneos, e essa é uma área onde estamos muito fortes e consolidados globalmente.

A Safilo tem parceria com várias marcas, incluindo a brasileira Havaianas. Como a empresa escolhe as marcas com as quais faz parcerias?

Temos grandes marcas próprias, mas também trabalhamos com marcas licenciadas. A seleção de marcas para parcerias é um processo criterioso. Procuramos marcas que tenham forte reconhecimento no mercado que queremos atuar. Algumas dessas escolhas têm um alcance global, como Tommy Hilfiger, que é conhecida globalmente. Outras parcerias têm mais foco regional, como é o caso das Havaianas.

Como a Safilo equilibra sua ampla gama de marcas, desde o luxo até produtos acessíveis, especialmente no contexto brasileiro?

O equilíbrio entre as diversas marcas é um desafio que depende muito do conhecimento e expertise da equipe local. Eles estão imersos no mercado brasileiro, entendendo as nuances e as preferências dos consumidores locais. Nossa estratégia envolve ouvir atentamente as necessidades do mercado brasileiro e, em seguida, combiná-las com a nossa estratégia global. Por exemplo, marcas como Carrera e Polaroid têm uma forte presença no Brasil, enquanto outras podem ser mais relevantes em outros mercados.

Existem elementos específicos inspirados pelo Brasil ou pelos consumidores brasileiros que influenciam o design dos produtos?

No Brasil, as cores têm uma importância especial, e isso é algo que observamos de perto. O país é conhecido por sua paleta vibrante de cores, que está presente em diversos aspectos da cultura. Levamos em consideração essa preferência por cores vivas ao desenvolver nossas coleções. Marcas como Havaianas, têm uma forte conexão com cores alegres que refletem a cultura local.

Como as novas tecnologias e conectividade podem moldar o futuro dos óculos e acessórios de moda?

Atualmente, na armação, você pode incorporar qualquer tipo de tecnologia, não há limitações. Acredito que levará tempo para o consumidor ver o valor em um óculos tecnológico. O ponto é que precisamos mostrar ao consumidor qual é a vantagem e estamos trabalhando nisso. Estamos trabalhando junto com big techs em acordos que serão oficializados nos próximos meses. Estamos trabalhando também com colocar tecnologia nas lentes. Meu questionamento é se o consumidor está preparado para essa mudança. Não acredito que haverá um grande impacto nos próximos dois anos.

"Estamos trabalhando junto com big techs em acordos que serão oficializados nos próximos meses. "Angelo Trocchia

Qual a principal mudança tecnológica que hoje já podemos ver no desenvolvimento de óculos?

Temos por meio da Smith, uma marca dos Estados Unidos, uma parceria com uma startup de escaneamento facial que permite criar óculos sob medida, precisamente ajustados ao rosto de um consumidor. A tecnologia envolve um escaneamento altamente preciso do rosto, com uma tolerância de apenas um milímetro. Não estamos apenas tirando uma foto, estamos realmente criando um modelo 3D preciso do rosto da pessoa. Depois de obtermos esse modelo de armação, ele é enviado para uma fábrica que coloca as lentes em sete dias. Tudo isso é feito pelo consumidor em casa, por meio do site. Esse é um dos exemplos de integrar a tecnologia na produção de óculos.

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