Tratamento do burnout não deve ser individualizado, diz especialista
Psicólogo entende que as empresas precisam tratar a cultura organizacional para ajudar os funcionários
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Síndrome de burnout (Westend61/Getty Images)

Publicado em 10 de setembro de 2023 às, 14h44.
A síndrome de burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, pode atingir todas as esferas de trabalhadores e não deve ser tratada de forma individualizada. É o que aponta especialista e uma pesquisa sobre a presença do burnout no mundo corporativo.
Um levantamento feito com 600 pessoas pela Way Minder, plataforma online de saúde mental e bem-estar emocional, atribuiu pontos para diversos ramos de atuação profissional, a fim de classificar a presença da síndrome.
Os segmentos com maiores pontuação, ou seja, onde os funcionários são mais afetados pelo problema, foram:
- recursos humanos (43)
- vendas (42,11)
- educação (42,1)
- liderança (40,43)
- administrativo (38,38)
- tecnologia da informação (36,61)
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Qual a diferença de burnout e estresse
Para que não haja uma banalização do burnout como se fosse um mero evento de estresse, é importante entender exatamente o que é a síndrome, pontua o psicólogo Antonio José de Carvalho, autor do livro Síndrome de Burnout, uma Ameaça Invisível no Trabalho, que será lançado na próxima quarta-feira, 13.
Carvalho explica que o burnout é uma síndrome relativamente moderna, dos anos 1970. Diferentemente do estresse, que se dá de forma corriqueira, porém não de forma persistente, o burnout é uma condição de estresse acumulado, crônico. O psicólogo faz a comparação com um elástico de prender dinheiro para ilustrar a diferença.
“Se você puxar o elástico, e ele ainda estica e volta, não perde essa condição, isso é estresse. Quando você puxa o elástico, e ele fica deformado e não volta mais, você pode dizer que a pessoa está com burnout”, afirma.
“O burnout não acontece de um dia para o outro, é um estresse acumulado que pode levar à depressão e que sugere um comportamento suicida”, diz.
Síndrome invisível
O especialista aponta entre um dos fatores para desencadeamento da síndrome uma jornada de trabalho que expõe o trabalhador a um alto nível de estresse por tempo prolongado. Para ele, apesar do alastramento de casos em empresas, o burnout ainda se comporta como um problema “invisível”.
“Se a pessoa quebra um braço, todos na empresa percebem o problema. Mas se o problema é psíquico, fica mais difícil de reconhecer, então é invisível e muitas vezes tratado incorretamente como um problema individual”, afimra.
Cuidar do aquário
Carvalho considera que faltam pesquisas nacionais mais aprofundadas sobre o problema, além de ausência também do desenvolvimento de estratégias eficientes para a prevenção. Um diagnóstico que o psicólogo faz está associado à ideia de que para prevenir o burnout, é preciso tratar as empresas em vez de o trabalhador individualmente.
Soma-se a isso, na visão do autor, o fato de que “por mais que os trabalhadores possam sofrer do mesmo mal ao mesmo tempo, cada um vai sentir de uma maneira diferenciada”. Daí a comparação das empresas com um aquário.
“O aquário seria a empresa; a água, a cultura organizacional; e os peixes, os funcionários. Se o peixe adoece, não adianta você tratar o peixe. Você teria que tratar a água, caso contrário, o peixe vai ser tratado, vai voltar para o aquário e vai ficar, de novo, acometido pela síndrome de burnout, esse mal silencioso”, faz a analogia. “Precisa tratar da água, do aquário, consequentemente, da cultura organizacional”, finaliza.
Créditos

Agência Brasil
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